quinta-feira, 12 de abril de 2018

Gabriel Garcia Márquez - Amor nos tempos do cólera

Amor nos tempos do cólera -
Gabriel Garcia Márquez

Um romance real com uma poesia densa e crua como só Gabriel Garcia Márquez é capaz de contar: Amor nos tempos do cólera (...). De maneira excepcional, Gabo (apelido carinhoso do autor) usa o realismo fantástico para falar sobre as relações humanas e o amor. Este colombiano que estaria com 91 anos se estivesse vivo (1927-2014) foi escritor, jornalista, roteirista, editor, ativista e político (sempre de esquerda). Tornou-se conhecido aos 40 anos, conquistou prêmios de grande relevância ao longo de sua vida, entre eles o Nobel de literatura de 1982 pelo conjunto de sua obra. Com mais de 50 milhões de livros vendidos em 36 idiomas, Gabo é mais que um grande autor, é um dos fundadores da literatura latino-americana, um ícone literário do século 20.

quarta-feira, 11 de abril de 2018

Mário Quintana

Mário Quintana
Jamais compreendereis a terrível simplicidade das minhas palavras porque elas não são palavras: são rios, pássaros, naves...



terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Renata Pallottini

Renata Pallottini
Renata Pallottini começou a publicar seus poemas na revista da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, na qual ingressou aos 17 anos. Fez também o curso de Filosofia, formando-se em 1951. Um ano depois, lançou seu primeiro livro, Acalanto. Desde muito cedo, a poesia foi, para Renata Pallottini, sua "maneira peculiar de colocar-se no mundo, de interpretá-lo, de comunicar-se com ele".

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Anderson Braga Horta

Anderson Braga Horta

"Pequeno verme num pomar de estrelas,
deu-me o pai infinitas vidas
para em todas ardê-las."

Anderson Braga Horta começou a conviver com a poesia ainda na infância, pois seus pais eram poetas. Entretanto, só desenvolveu o gosto pela literatura depois que se mudou para a casa dos aós, em Manhumirim, cidade próxima de Laginha, onde ficara sua família. O entusiasmo pela poesia foi despertado pelo "estonteante mergulho na poesia de Castro Alves, especialmente no Navio Negreiro". Posteriormente, a leitura das obras de Olavo Bilac, Cruz e Souza, Alphonsus de Guimaraens e Augusto dos Anjos ampliou seu horizonte literário. Outros integrantes de sua "salada de versos": Camões, Guerra Junqueiro, Pessoa e Drummond.

sábado, 23 de setembro de 2017

Jorge Luis Borges

200 años de poesía argentina -
Jorge Monteleone

Jorge Luis Borges nació en Buenos Aires en 1899. Obra poética: Fervor de Buenos Aires, 1923; Luna de enfrente, 1925; Cuaderno San Martín, 1929; El hacedor, 1960; El otro, el mismo, 1964; Para las seis cuerdas, 1965; Elogio de la sombra, 1969; El oro de los tigres, 1972; Obras completas, 1974; La rosa profunda, 1975; La moneda de hierro, 1976; Historia de la noche, 1977; La cifra, 1981; Los conjurados, 1985. Cuentista y ensyista de vasta influencia en la literatura occidental del siglo XX. Falleció em Ginebra, Suiza, en 1986.


quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Virgílio

Virgílio

70 a.C. - Em outubro, nasce Virgílio (em latim, Publis Vergilius Maro), em Andes, vilarejo próximo a Mântua, Itália.

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Joseph Conrad

Joseph Conrad

1857 - Em 3 de dezembro, em Terechowa, Polônia,nasce Teodor Joseph Conroad Korzeniowski, filho único de Apolo Nalecz Korzeniowshi e Evelina Bobrowska.

domingo, 10 de setembro de 2017

sábado, 9 de setembro de 2017

Astrid Cabral

Astrid Cabral Félix de Souza

Rio Negro
contigo arrastas ao abismo
invisível carga de risos de meninos

1936, Nasce no dia 25 de setembro, em Manaus - AM

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Antonio Carlos Secchin


Antonio Carlos Secchin

O dia. Arcos da manhã
em nuvem. Riscos de luz
como vidros arriados.

Antonio Carlos Secchin morou em Cachoeiro de Itapemirim até 1959, ano em que sua família mudou-se para o Rio de Janeiro. Os primeiros poemas foram escritos aos 13 anos de idade, inspirados pela leitura assídua de Drummond, Bandeira e Pessoa. Quatro anos depois, ganhou menção honrosa em um concurso de poesia e ingressou na Faculdade de Letras da UFRJ, onde fez mestrado e doutorado, para, em 1992, tornar-se professor titular de literatura brasileira.

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Alexei Bueno

Alexei Bueno
Sem ti é falso o jardim velho, e fica o frio,
E fica o mármore, o feijão, o olhar vazio,
E a melhor frase que uma boca não falou.


Alexei Bueno escreveu seus primeiros versos aos 10 anos de idade. Foi um leitor precoce, mergulhado desde cedo nos escritores brasileiros da escola romântica e na obra dos grandes poetas portugueses. Depois veio a descoberta dos clássicos da poesia universal. Ao mesmo tempo, nutria uma especial admiração pela poética épica, dramática e lírica. Tantas leituras não traduzem necessariamente influências. Todavia, ele percebe claramente uma proximidade entre seus versos e o Simbolismo e o pós-simbolismo.

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Arnaldo Antunes

Arnaldo Antunes
fecha os olhos de dentro -
Acorda, esquecimento.

Arnaldo Antunes é poeta, músico, cantor, compositor e artista plástico. Surgiu em 1982, com o grupo de rock Titãs, no qual ficou por 10 anos - período em que lançou três livros de poemas. O primeiro CD solo, Nome, veio acompanhado de livro e vídeo, revelando as múltiplas trilhas que seguiria em sua carreira.

terça-feira, 5 de setembro de 2017

Salgado Maranhão

Salgado Maranhão
dentro da jaula do peito
meu coração é um leão faminto

José Salgado Santos é o caçula entre seis irmãos - sendo quatro mulheres. Quando tinha 16 anos, emigrou com a família para Teresina, onde fez o curso secundário. Um dia, na biblioteca pública, descobriu Fernando Pessoa, e a poesia entrou definitivamente em sua vida. Depois, vieram as leituras de Maiakovski, João Cabral, Drummond, Joaquim Cardozo, Cecília Meireles e Murilo Mendes, "poetas inquestionáveis em qualquer idioma".

domingo, 4 de junho de 2017

sábado, 8 de abril de 2017

Italo Calvino - Fábulas Italianas


Italo Calvino - Fábulas Italianas

Calvino, Italo - Fábulas italianas: coletadas na tradição popular durante os últimos cem anos e transcritas a partir de diferentes dialetos - Italo Calvino; tradução Nilson Moulin. - São Paulo : Companhia das Letras, 2006.

Trabalho fenomenal de Italo Calvino, que teve como impulso inicial o desafio para produção do livro pela necessidade que surgiu de uma exigência editorial: pretendia-se, ao lado dos grandes livros de contos populares estrangeiros, uma antologia italiana. Mas que texto escolher? Existiria um "Grimm italiano"? se pergunta o autor, na introdução do livro.

O autor ao terminar o complexo trabalho, mas antes tem a real visão de que é "um salto no escuro, como pular de um trampolim e mergulhar num mar em que há um século e meio só se atreve a entrar quem é atraído não pelo prazer esportivo de nadar em ondas insólitas, mas por um apelo do sangue, como para salvar algo que se agita lá no fundo e que, caso contrário, se perderia sem voltar à tona".

Longa introdução o autor resenha todo o trabalho para conseguir catalogar e priorizar toda a narrativa encontrada desta arte popular visando resgatar, retratar a história escrita e contada do povo italiano.

"São, tomadas em conjunto, em sua sempre repetida e variada casuística de vivências humanas, uma explicação geral da vida nascida em tempos remotos e alimentada pela lenta ruminação das consciências camponesas até nossos dias; são o catálogo do destino que pode caber a um homem e a uma mulher, sobretudo pela parte de vida que juntamente é o perfazer-se de um destino: a juventude, do nascimento que tantas vezes carrega consigo um auspício ou uma condenação, ao afastamento da casa, às provas para tornar-se adulto e depois maduro, para confirmar-se como ser humano. E, neste sumário desenho, tudo: a drástica divisão dos vivos em em reis e pobres, mas sua paridade substancial; a perseguição do inocente e seu resgate como termos de uma dialética interna a cada vida; o amor encontrado antes de ser conhecido e logo depois sofrimento enquanto bem perdido; a sorte comum de sofrer encantamentos, isto é, ser determinado por forças complexas e desconhecidas, e o esforço para libertar-se e autodeterminar-se como um dever elementar, junto ao de libertar-se libertando; a fidelidade a uma promessa e a pureza de coração como virtudes basilares que conduzem à salvação e ao triunfo; a beleza como sinal de graça, mas que pode estar oculta sob aparências de humilde feiura como um corpo de rã; e sobretudo a substância unitária do todo: homens animais plantas coisas, a infinita possibilidade de metamorfose do que existe."

Explica ainda que o trabalho de natureza híbrida é também "científico" pela metade ou, em três quartos, sendo a quarta parte fruto de arbítrio individual.

Surpreendente é sua conclusão após o minucioso trabalho de que "as fábulas são verdadeiras."

Quem é capaz de duvidar?

São elas:
Joãozinho Sem Medo;
Corpo Sem Alma;
O Pastor que não crescia nunca;
Nariz de Prata;
A barba do conde;
A menina vendida com as peras;
O príncipe canário;
Os Biellenses, gente dura;
A linguagem dos animais;
As três casinhas;
A terra que não se morre nunca;
As três velhas;
O príncipe-Caranguejo;
O menino no saco;
A camisa do homem feliz;
Uma noite no paraíso;
Jesus e são Pedro no Friul;
O anel mágico;
O braço de morto;
A ciência da preguiça;
Bela Testa;
Luna;
O corcunda Sapatim;
O Ogro com penas;
Belinda e o Monstro;
A rainha Marmota;
O filho do mercador de Milão;
O palácio dos macacos;
O palácio encantado;
Cabeça de búfula;
A filha do sol;
O florentino;
O presente do vento do norte;
A moça-maça;
Salsinha;
O Pássaro Bem Verde;
Grãozinho e o boi;
A água na cestinha;
Catorze;
João Bem Forte que a quinhentos deu a morte;
Galo-cristal;
O soldado napolitano;
Belmel e Belsol;
Chico Pedroso;
O amor das três romãs;
José Peralta que, quando não arava, tocava flauta;
Corcunda, manca e de pescoço torto;
A falsa avó;
O ofício de Francisquinho;
Crie, Croc e Mão de Gancho;
A primeira espada e a última vassoura;
Os cinco desembestados;
Eiro-eiro, burro meu, faça dinheiro;
Leombruno;
Os três órfãos;
O reizinho feito à mão;
O rei-serpente;
Cola-peixe;
Grátula-Bedátula;
Desventura;
A cobra Pepina;
Dono de grãos-de-bico e favas;
O sultão com sarna;
Alecrina;
Diabocoxo;
A moça-pomba;
Jesus e são Pedro na Sicília;
O relógio do barbeiro;
A irmão do conde;
O casamento de uma rainha com um bandido;
Pelo mundo afora;
Um navio carregado de...;
O filho do rei no galinheiro;
A linguagem dos animais e a mulher curiosa;
O bezerrinho com chifres de ouro;
A velha da horta;
A rainhazinha com chifres;
Yufá;
O homem que roubou os bandidos;
Santo Antônio dá o fogo aos homens;
Março e o pastor;
Pule no saco!

JOÃOZINHO SEM MEDO

"Era uma vez um menino chamado Joãozinho Sem Medo, pois não tinha medo de nada. Andava pelo mundo e foi parar em uma hospedaria, onde pediu abrigo.
- Aqui não tem lugar - disse o dono -, mas, se você não tem medo posso mandá-lo para um palácio.
- Por que eu sentiria medo?
- Porque ali a gente sente e ninguém saiu de lá a não ser morto. De manhã, a Companhia leva o caixão para carregar quem teve a coragem de passar a noite lá.
Imaginem Joãozinho! Levou um candeeiro, uma garrafa, uma linguiça, e lá se foi.
À meia-noite, comia sentado à mesa quando ouviu uma voz saindo da chaminé:
-Jogo?
E Joãozinho respondeu:
- Jogue logo!
Da chaminé desceu uma perna de homem. Joãozinho bebeu um copo de vinho.
Depois a voz tornou a perguntar:
- Jogo?
E Joãozinho:
- Jogue logo!
E desceu outra perna de homem. Joãozinho mordeu a linguiça.
- Jogo?
- Jogue logo!
E desceu um braço. Joãozinho começou a assoviar.
- Jogo?
- Jogue logo!
Outro braço.
- Jogo?
- Jogue!
E caiu um corpo que se colou nas pernas e nos braços, ficando de pé um homem sem cabeça.
- Jogo?
- Jogue!
Caiu a cabeça e pulou em cima do corpo. Era um  homenzarrão gigantesco e Joãozinho levantou o copo dizendo:
- À saúde!
O homenzarrão disse:
- Pegue o candeeiro e venha.
Joãozinho pegou o candeeiro mas não se mexeu.
- Passe na frente! - disse Joãozinho.
- Você! disse o homem.
- Você! disse Joãozinho.
Então o homem se adiantou e de sala em sala atravessou o palácio, com Joãozinho atrás, iluminando. Debaixo de uma escadaria havia uma portinhola.
- Abra! Disse o homem a Joãozinho.
- Você! - disse Joãozinho.
Então o homem se adiantou e de sala em sala atravessou o palácio, com Joãozinho atrás, iluminando. Debaixo de uma escadaria havia uma portinhola.
- Abra! - disse o homem a Joãozinho.
E Joãozinho:
- Abra você!
E o homem abriu com um empurrão. Havia uma escada em caracol.
- Desça - disse o homem.
- Primeiro você - disse Joãozinho.
Desceram a um subterrâneo, e o homem indicou uma laje no chão.
- Levante!
- Levante você! - disse Joãozinho, e o homem a ergueu como se fosse  uma pedrinha.
Embaixo havia três tijelas cheias de moedas de ouro.
- Leve para cima! - disse o homem.
- Leve para cima você! - disse Joãozinho. E o homem levou uma de cada vez para cima.
Quando foram de novo para a sala da chaminé, o homem disse:
- Joãozinho, quebrou-se o encanto! - Arrancou-se uma perna, que saiu esperneando pela chaminé. - Destas tigelas uma é sua. - Arrancou-se um braço, que trepou pela chaminé.
- Outra é para a Companhia que virá buscá-lo pensando que você está morto. - Arrancou-se também o outro braço, que acompanhou o primeiro. - A terceira é para o primeiro pobre que passar. - Arrancou-se outra perna e ele ficou sentado no chão. - Pode ficar com o palácio também. - Arrancou-se o corpo e ficou só a cabeça no chão. - Porque se perdeu para sempre a estirpe dos proprietários deste palácio, - E a cabeça se ergueu e subiu pelo buraco da chaminé.
Assim que o céu clareou, ouviu-se um canto: Miserere mei, miserere mei, e era a Companhia com o caixão que vinha recolher Joãozinho morto. E o veem na janela, fumando cachimbo.
Joãozinho Sem Medo ficou rico com aquelas moedas de ouro e morou feliz no palácio. Até um dia aconteceu que, virando-se, viu sua sombra e levou um susto tão grande que morreu.

Italo Calvino (1923-85) nasceu em Santiago de Las Vegas, Cuba, e foi para a Itália logo após o nascimento. Participou da resistência ao fascismo durante a guerra e foi membro do Partido Comunista até 1956. Publicou sua primeira obra, A trilha dos ninhos de aranha, em 1947.

quarta-feira, 29 de março de 2017

Mario Vargas Llosa - O herói discreto



Mario Vargas Llosa - O herói discreto
Na estante, Revista Cidade Nova - Março 2017 - n. 3 - pág. 47, Andrea Russo Vilela

"Neste mês de março (dia 28), o escritor peruano Mario Vargas Llosa completa 81 anos. Devo admitir que é um de meus autores favoritos. Ou melhor, favorito ainda é pouco para descrevê-lo e, em homenagem ao seu aniversário, gostaria de apresentá-lo a partir de como ele próprio definiu seu ofício em texto publicado no Correio Braziliense: "Escrever é um trabalho que requer perseverança, horários, impor-se uma disciplina e respeitá-la, e creio que isso é fundamental. A razão pela qual me submeto com tanta facilidade a essa disciplina em meu trabalho é porque não tenho a sensação de que seja um trabalho, e sim um prazer".
Nascido em 28 de março de 1936, em Arequipa, Vargas Llosa é um intelectual de grande vulto e um dos mais importantes nomes da literatura latino-americana e mundial na atualidade. Jornalista, acadêmico (doutor em Filosofia e Letras), dramaturgo e cidadão engajado em questões políticas peruanas, já escreveu mais de 40 romances publicados (traduzidos para 30 idiomas), além de peças para teatro e ensaios. Vencedor de prêmios como Príncipe de Astúrias (1993) e Miguel de Cervantes 2006), ele foi agraciado com o Nobel de Literatura em 2010 pelo conjunto de sua obra e "por sua cartografia de estruturas de poder e suas imagens vigorosas sobre a resistência, revolta e derrota individual".
Confesso a dificuldade de escolher apenas uma de suas obras para indicar. Vargas Llosa tem estilo enraizado. Não é escritor com foco só na ficção, vai além disso. Transforma realidade e fatos históricos, que marcam um determinado espaço e tempo em ficção, sem distorcê-los. Tudo está ligado: literatura, realidade, história e ficção são indissolúveis. Ele os costura de forma a dar impressão de que nasceram juntos.
Como, ao apresentá-lo, detive-me em seus livros mais antigos, indico um romance mais atual: O herói discreto (2013), que aborda questões bastante pertinentes ao atual cenário brasileiro: honestidade - ou melhor, a falta dela -, ganância, egocentrismo e impunidade. Duas histórias seguem paralelas. A primeira é a do empresário do ramo dos transportes Felícito Yanaqué, pai de dois filhos e casado com Gertrudes. Correto e austero, é vítima de extorsão feita por meio de uma carta anônima com ameaças à sua empresa e sua família.
O empresário se recusa a ceder à chantagem, procura a polícia e o caso se torna assunto da pacata cidade de Piura, ao norte do Peru. A segunda história se passa na capital, Lima, onde Ismael Carrera, 80 anos, viúvo, empresário bem-sucedido e proprietário de uma seguradora sofre um infarto, fica à beira da morte e escuta seus dois filhos discutirem sobre sua suposta morte ao lado de seu leito no hospital.
Recuperado, resolve se vingar e escandaliza a família casando-se com Arminda, antiga empregada doméstica da família.
Duas histórias aparentemente sem ligação se entrelaçam no final - e surpreendem o leitor. O livro é um melodrama carregado de humor, suspense e mistério. As questões sociais, o amor, o ódio na relação entre pai e filhos, as fraquezas humanas, a traição, a vingança e o perdão permeiam as duas histórias e nos questionam sobre o que é certo e errado. A leitura é fácil e flui prazerosamente. Desarme-se e dispa-se de preconceitos e julgamentos para desfrutar o enredo. Mas, ao concluir a  leitura da última página, reflita e tire as suas conclusões sobre as complexas relações humanas e como você vem lidando com elas.
Vargas Llosa mais uma vez aponta temas polêmicos e nos conta com maestria a história real de uma vida fictícia. Boa leitura!"

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Elena Ferrante - A filha perdida

Elena Ferrante - A filha perdida

Na Estante, por Andrea Russo VilelaRevista Cidade Nova - Fevereiro 2017n. 2pág. 47.

"Dediquei alguns dias de minhas férias para conhecer um pouco da obra e da trajetória literária de uma nova escritora que vem dando o que falar. Se nome, ou melhor, pseudônimo, é Elena Ferrante, uma italiana que optou por manter sua identidade em segredo.

Elena concede poucas entrevistas, sempre por escrito e intermediada por seus editores italianos. Como ela mesma afirma, optou pelo anonimato para preservar sua liberdade de escrita e, de certa forma, não deixar sua imagem influenciar na recepção de seus livros pelo público. As obras dela abordam o universo feminino a partir de uma narrativa realista, seca, dura, sem amarras ou meias palavras. Elena retrata mulheres comuns, mães, filhas, amigas, mas de forma nada romanceada. O feminino de Ferrante não tem nada de cor de rosa. Escreve desde 1991, data do primeiro romance, L´amore molesto (Um estranho amor), sucesso de crítica e vendas. A obra inspirou uma adaptação para o cinema.

No Brasil a produção literária de Elena desembarcou em 2015 com a série Napolitana, que publicou as obras A amiga genial, História do novo sobrenome e Dias de abandono.

Qual o motivo de seu sucesso?

Elena consegue seduzir, envolver, transportar, provocar, encantar, causar angústia e raiva à medida que o leitor avança página a página.

Escolhi como indicação para este mês o livro A filha perdida, que aborda a temática da maternidade sob o ponto de vista um tanto quanto peculiar: o amor, a felicidade e a realidade que envolvem as agruras de ser mãe. O dilema de ser o que a sociedade espera de toda mulher: boa mãe - e o preço do julgamento quando não se segue ou se enquadra nos padrões tidos como "corretos".
Como mãe de uma garota de 18 anos, à medida que fui avançando na leitura, duas questões mexeram muito comigo: todas as mulheres realmente nasceram para ser mães?
O amor pelos filhos é fato, nada se assemelha, e ele é pulsante, forte e vigoroso, mas não pode subjugar a essência da mãe.
A leitura é simples, fluida e potente.
Cenas e falas aparentemente banais são complexas e significativas.
A honestidade de sentimentos da protagonista pode despertar em você ideias que já passaram pela sua cabeça - mas não se sinta mal, a história vale a pena.

Em A filha perdidaElena Ferrante narra a história de Leda, uma professora universitária, carente e carregada de vaidade intelectual, chegando na faixa dos 50 anos, mãe de duas jovens já adultas que resolvem morar com o pai no Canadá.
Após a partida das filhas, Leda resolve tirar férias e segue para uma praia.

Você pode se perguntar se ela vive a síndrome do ninho vazio ou se sente-se livre da responsabilidade materna. Porém nada é tão simples na ótica de Ferrante. A história seria fácil se esse fosse o tema, mas o ponto central vai muito além de saber o que fazer com a liberdade de não estar mãe. Na praia, Leda observa uma família italiana grande e muito barulhenta que a faz lembrar da própria família. Dois membros dessa família destacam-se por estarem sempre juntas: Nina, uma jovem mãe, e Eleba, sua filhinha que não se separa da boneca (atenção a esta boneca no contexto da história).

A partir daí a protagonista não consegue mais parar de observá-las, enquanto tece pré-julgamentos ao comportamento delas que a incomoda a ponto de causar inveja. 

Leda revive memórias relacionadas às suas filhas, ao seu casamento, ao relacionamento com a própria mãe e a ela mesma enquanto filha. Ela nos mostra todos os seus questionamentos, entre eles o que é na verdade ser mãe. A filha perdida é um romance curto, mas carregado de significado que fará você reavaliar escolhas e questionar julgamentos."


domingo, 19 de fevereiro de 2017

Ransom Riggs - Contos Peculiares


Ransom Riggs - Contos Peculiares

Contos Peculiares, de Ransom Riggs, belíssima ilustração por Andrew Davidson, Millard Nullings (org.), edições Syndrigast.


Surpreendente! 

O livro tem como conto inicial  o primoroso "Os esplêndidos canibais" que já faz valer a aquisição da obra.

Os esplêndidos canibais aborda temas como educação financeira, convivência social, entre outros temas, como valores morais, que são fortemente apontados na história que se passa na aldeia de Swampmuck onde viviam de forma bastante humilde os peculiares que deixaram vender seus membros para um grupo de canibais em troca de melhores condições financeiras para suas vidas apresentando novo status social, com casas cada vez maiores e melhores em detrimento cada vez maior de seus corpos físicos e sua liberdade cada vez mais comprometida em detrimento da mutilação a que estavam expostos. Final surpreendente por esboçar claramente a alma humana e suas fraquezas.

O leitor fica preso à narrativa que utiliza a técnica de suspense crescente quanto ao destino dos personagens.

Li somente os contos: Os esplêndidos canibais,  A princesa da língua bifurcada e A primeira ymbryne, excelente história, o que já foi suficiente para qualificar como um dos melhores livros de contos já lidos.

Por certo um belo livro de cabeceira com a capa e o material gráfico impecáveis. 

O tom do livro remonta a nostalgia das histórias do livro "As Mil e Uma Noites", por ser uma coletânea de folclore passado de geração a geração desde tempos imemoriais, portadores de um conhecimento secreto, onde há informações importantes para a sobrevivência de um peculiar neste mundo hostil, conforme aponta na apresentação sob clima de suspense ao leitor.

Demais histórias:
A mulher que era amiga de fantasmas;
Cocobolo;
As pombas (da Catedral) de St. Paul; 
A menina que domava pesadelos;
O gafanhoto;
O garoto que podia controlar o mar;
A história de Cuthbert.

sábado, 14 de janeiro de 2017

Marie Kondo - A mágica da arrumação


Marie Kondo - A mágica da arrumação

Sempre gostei do tema organização. Foi algo que desenvolvi de forma natural pelo hábito de querer ver os objetos nos lugares devidos e de encontrá-los quando necessito deles.

Certa vez, no meu trabalho na indústria, crescíamos a passos largos. Eram recordes após recordes e o espaço físico de trabalho continuava o mesmo apesar do crescimento de recursos humanos e materiais.
Era época de implantar a qualidade total no ambiente de trabalho. O tema 5S surgiu como uma luva às nossas necessidades de melhoria e otimização do espaço físico.
Desenvolvi o trabalho com mérito "5S - Uma forma de conviver melhor" que me rendeu uma viagem a Bahia para apresentação em um Seminário de Qualidade e uma ida à Caixa Econômica Federal sede no Rio de Janeiro para também apresentá-lo.

Gosto de ler temas de organização em blog pela rede social, mais por pura curiosidade.

Surpresa fiquei quando encontrei o livro "A mágica da arrumação" no quarto de minha filha.
Ela comprou pois necessita muito controlar toda a bagunça a que vive rodeada.
É uma pessoa um pouco compulsiva e vive enchendo os armários e gavetas de itens de que gosta e em seguida acredita que doar quase todos, esvaziar tudo dá uma sensação de organização. O problema é até quando novos itens retornarão em sua vida, em sua rotina de vida.
Já havíamos conversado sobre como um ser humano não tendo a habilidade nata de classificar e organizar seus pertences, ainda assim, pode se esmerar e usar técnicas que o ajudarão a se organizar.

Obvio que li o livro em dois tempos. A linguagem é leve e aborda detalhes do dia-a-dia com muita habilidade.

A autora Marie Kondo, palestrante e consultora, aos 30 anos conta como gosta do tema desde os 5 anos de idade e que na juventude teve oportunidade de pesquisar sobre organização o que a tornou especialista no tema.
Seu método é simples, porém transformador. Em vez de basear-se em critérios vagos, como "jogue fora tudo o que você não usa a um ano", ele é fundamentado no sentimento da pessoa por cada objeto que possui.
O ponto principal da técnica é o descarte. O objeto a ser dispensado passa pelo crivo da análise do tema alegria. O objeto te proporciona alegria? Permaneça com ele. Se a resposta for negativa, se desfaça. Doa ou jogue fora.
A partir do que te trás felicidade, a segunda etapa é partir para a classificação e organização.
Rodeado pelo que você ama, você se tornará mais feliz e motivado a criar o estilo de vida com que sempre sonhou.
E isto passa pelo quesito livros, inclusive ela dá a dica para após a leitura do livro dela, fazer a mesma pergunta e seguir adiante organizando não somente a estante, mas a própria vida.

A mágica da arrumação / Marie Kondo; tradução de Marcia Oliveira; Rio de Janiero: Sextante, 2015

- Por que não consigo manter minha casa organizada?;
- Em primeiro lugar, descarte;
- Como organizar por categoria;
- Arrumando suas coisas para ter uma vida sensacional;
- A mágica da organização transforma sua vida.

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

David Gilmour - O clube do filme


David Gilmour - O clube do filme

Livro autobiográfico, em que o crítico cinematográfico Canadense David Gilmour discorre sobre como utilizou de sua paixão, a arte, especificamente, o cinema, para aproximar-se do filho adolescente, onde o rapaz poderia deixar de estudar desde que juntos assistissem a três filmes semanais.

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Varlam Chalámov - Contos de Kolimá





Varlam Chalámov - Contos de Kolimá


NA ESTANTE, por Fernanda Pompermayer, Cidade Nova, Outubro 2016 - n.10

"Se você já leu Recordações da casa dos mortos, de Dostoiévski, ou Arquipélago Gulag, de Alexander Sljenítsin, não pense que Contos de Kolimá é só mais um relato da vida nos campos de trabalhos forçados da Sibéria.

terça-feira, 27 de setembro de 2016

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Anthony Doeer - Toda luz que não podemos ver


Toda luz que não podemos ver - Anthony Doerr
NA ESTANTE, por Fernanda Pompermayer, Cidade Nova, Junho 2016 - n. 6

A história de uma garota cega, filha do chaveiro do Museu Nacional de História Natural de Paris, em meio à Segunda Guerra, esconde e revela uma trama: Toda luz que não podemos ver. Assim como em A menina que roubava livros, de Markus Zusak (também da Editora Intrínseca), o livro enxerga o grande conflito mundial a partir do olhar da população comum, que viveu os seus dramas na França ocupada pelas tropas de Hitler e na própria Alemanha. Marie-Laure ficou cega aos seis anos de idade. Para que ela tivesse um mínimo de mobilidade e de orientação espacial, o pai constrói uma maquete do bairro onde moram. 

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Festival Varilux de Cinema Francês 2016


http://affortaleza.com/wp-content/uploads/2016/05/varilux2016.jpg
Festival Varilux de Cinema Francês 2016


O Festival Varilux de Cinema Francês ocorrerá em 50 cidades brasileiras, no período de 08 a 22 de junho de 2016, com duração de uma semana a mais.



A programação contará com 15 filmes inéditos e um grande clássico do cinema francês.

Imperdível!


sábado, 14 de maio de 2016

Allison Hoover Bartlett - O homem que amava muito os livros.

O homem que Amava muito os Livros -
Allison Hoover Bartlett

NA ESTANTE, Revista Cidade Nova, Maio 2016 - n. 5, por Fernanda Pompermayer.

Este é um livro para amantes de livros. É a história real - ocorrida nos Estados Unidos, na virada do milênio - de uma escritora em contato com um famoso ladrão de livros raros (John Gilkey) e um livreiro-detetive (Ken Sanders) cuja meta é capturar o ladrão.

O que leva uma pessoa a roubar?

A roubar não por necessidade, mas por um capricho intelectual? Por aspirar ao status que uma biblioteca repleta de obras valiosas e incomuns confere? Será apenas a ambição pelo poder? "Eu não podia conceber o poder que os livros exerciam para motivá-lo a arriscar-se continuamente a passar um tempo na prisão por sua causa", declara Bartlett.

Há uma enorme quantidade de livros "que custam mais do que Gilkey pode ou deseja pagar por eles; por isso, ele os rouba", admite a autora. "Isto, segundo a sua lógica, é apenas uma correção aplicada ao sistema."

Para o crítico cultural Walter Benjamin, "a posse é a relação mais íntima que alguém pode manter com os objetos. Não que (por meio da posse) estes se tornem vivos para seu possuidor; mas este torna-se vivo através deles."

Além de analisar os meandros da psicologia humana, essa obra de Bartlett é uma verdadeira excursão guiada pelo universo dos livros, livrarias, bibliotecas, com todos os tesouros que encerram.

Encontrar-se em meio a tantos livros tão cativantes é uma experiência inebriante, mesmo para o amante de livros moderado; mas para Gilkey, tratava-se de um acontecimento tão importante quanto inesquecível e vertiginoso (p. 56).

Gilkey deu vasão à sua compulsão em grandes feiras de livros,na visita a bibliotecas e, principalmente, com a "aquisição" em livrarias especializadas em raridades. O ladrão costumava aplicar calotes milionários, com cheques sem fundos ou débito em contas falsas. Essas manobras Mas o levaram à cadeia diversas vezes. Mas era só voltar à liberdade que os roubos tornavam a acontecer. A pergunta que não queria calar na mente de Bartlett era: seria Gilkey um homem normal ou mentalmente doente? 

Através de sua coleção, Gilkey poderia ocupar uma posição reverenciada, em um mundo idealizado. Talvez ele fosse apenas um pouquinho mais louco do que as outras pessoas (p. 161).

Não pretendia perder o contato nem com Gilkey, nem com Sanders. Nós três éramos buscadores muito persistentes: Gilkey, por livros; Sanders, pelos ladrões de livros; e eu, pelas histórias de ambos.
O que eu não poderia ter adivinhado era que o meu papel na história se tornaria mais complexo. Deixaria o papel de observadora objetiva, para entrar diretamente no enredo (p. 153).

Os livros podem nos enraizar em algo  maior do que nós mesmos, algo real. Por este motivo, creio que os livros encadernados, feitos de papel, sobreviverão, até mesmo muito tempo depois de os livros eletrônicos se tornarem populares. Quando caminho por uma rua e vejo pessoas passarem poor mim, absortas no universo dos seus i-Pods ou telefones celulares, não posso evitar pensar que a nossa conexão com os livros ainda é, após todos esses séculos, tão importante quanto intangível. É essa conexão que torna os velhos livros que pertenceram aos meus pais e aos meus avós tão especiais para mim... (p.166)

Antes mesmo que O Homem que amava muito os livros fosse impresso o "bibliodetetive" Sanders alertou seus colegas livreiros sobre o mais recente golpe de Gilkey, no Canadá. E o personagem principal deste livro ainda não tinha sido preso.

domingo, 27 de março de 2016

Leonard Mlodinow - De Primatas a Astronautas


Leonard Mlodinow -
De Primatas a Astronautas

De Primatas a Astronautas - A jornada do homem em busca do conhecimento, de Leonard Mlodinow, Editora Zahar, Rio de Janeiro, 2015.

terça-feira, 1 de março de 2016

Lígia Guedes Joaquim - Cartas e Pássaros - Macaé - RJ - Brasil

Cartas e Pássaros -
Lígia Guedes Joaquim

29.01.2016































































































Cartas e pássaros - Lígia Guedes Joaquim, Rio de Janeiro : MDM Editora, 2015, Contos Brasileiros.

Lígia Guedes Joaquim nasceu na cidade de Macaé (Princesinha do Atlântico), no estado do Rio de Janeiro, Brasil.
Formada em Letras, Pós-Graduada em Psicopedagogia e Orientação Educacional.
Trabalha na indústria.

Sinopse:
A autora, desde tenra idade, descobriu o prazer de brincar com as letras e apreciar o azul profundo do mar na Princesinha do Atlântico, Macaé, litoral do estado do Rio de Janeiro.

Gosta de observar o olhar dos homens do mar, sejam eles pescadores ou trabalhadores da indústria, onde a diversidade de rostos e cultura é uma constante. Assim transparecem os contos "A pescaria", "O acidente", "Homenagem" e "Cartas e pássaros".

Retrata ainda a exclusão em um mundo farto de recursos nos contos "Cara da avó", "Galinho", "Pai Nosso", "Papagaios" e "Porta de igreja".

Espelhos sociais são apresentados nos contos "202", "Fluxo de consciência", "Verão" e "Alça de caixão", onde a frágil vida pode esvair-se como o sopro de uma leve brisa alçando novos rumos, como o voo de um pássaro.

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