![]() |
Cassiano Ricardo |
Não fui quem sou, quando nasci.
Nem sei quem sou, quando amo.
1895
Nasce no dia 26 de julho, em São José dos Campos - SP
1974
Morre em 14 de janeiro, no Rio de Janeiro - RJ
Aos 10 anos, Cassiano Ricardo publicou seus primeiros versos no jornalzinho manuscrito O Ideal, que ele próprio editava na escola. E com 16 anos, lançou o primeiro livro, Dentro da noite.
Em 1923, trabalhava no jornal Correio Paulistano, quando conheceu Plínio Salgado, Menotti del Picchia e Raul Bopp, aderindo ao movimento modernista. Em 1926, lanço o livro Vamos caçar papagaios, que o incluiu entre os artífices das tendências nacionalista do Modernismo. Mas ganhou celebridade com Martim Cererê, de 1928, que, baseado em lendas indígenas, conta a origem do Brasil. Neste mesmo ano, foi nomeado para o serviço público como censor teatral e cinematográfico.
Sempre ligado à vida política do país, Cassiano Ricardo acabou sendo preso por envolvimento com a Revolução Constitucionalista, em 1932, quando era secretário do governador Pedro de Toledo. O poeta foi militante da Bandeira, grupo que lutava por "uma democracia social brasileira, contra as ideologias dissolventes e exóticas". No ensaio "Marcha para Oeste", refere-se a Getúlio Vargas como "o homem bom governando os homens bons". Foi convidado para dirigir no Rio de Janeiro o jornal A Manhã, porta-voz do Estado Novo.
Em 1937, Cassiano Ricardo sucedeu a Paulo Setúbal na cadeira n. 31 da Academia Brasileira de Letras. A partir da publicação de Um dia depois do outro, sua poesia adquire um lirismo introspectivo, filosófico, enaltecendo a solidão e o silêncio. Manuel Bandeira viu uma renovação do poeta, "como que este, debruçando-se sobre si mesmo, tivesse descoberto as fontes mais profundas de sua inspiração". Para Péricles Eugênio da Silva Ramos, a poesia de Cassiano Ricardo chega à maturidade com A face perdida: "Reflete o estado de espírito de alguém que, já vivido, monologa na fronteira entre a vida e a morte." Homem aberto às novas idéias, o poeta acompanhou os movimentos de vanguarda dos anos 50 e 60: participou da revista Invenção e publicou dois livros na linha de pesquisas do concretismo e da poesia-práxis.
A intimidade com o poder e o fato de ter sido censor e colaborador do Estado Novo estigmatizou o poeta, criando, como observa Luíza Franco Moreira, "bons pretextos para não ler sua obra". Mas, segundo a professora, "há motivos ainda melhores para começar a leitura e fazer justiça à qualidade de sua poesia e sua prosa".
Cassiano Ricardo
José Guilherme Merquior
Obras do autor
POESIA: Dentro da noite, 1915; A flauta de Pã, 1917; Jardim das Hespérides, 1920; A mentirosa de olhos verdes, 1924; Vamos caçar papagaios, 1926; Borrões de verde e amarelo, 1927; Martim Cererê, 1928; Canções da minha ternura, 1930; Deixa estar, jacaré, 1931; O sangue das horas, 1943; Um dia depois do outro, 1947; Poemas murais, 1950; A face perdida, 1950; O arranha-céu de vidro, 1956; João Torto e a fábula, 1956; Poesias completas, 1957; Montanha-russa, 1960; A difícil manhã, 1960; Jeremias sem-chorar, 1964; Poemas escolhidos, 1965; Os sobreviventes, 1971.
ENSAIO: o Brasil no original, 1936; O negro da bandeira, 1938; A Academia e a poesia moderna, 1939; Marcha para Oeste, 1940; A poesia na técnica do romance, 1953; O tratado de Petrópolis, 1954; Pequeno ensaio de bandeirologia, 1959; 22 e a poesia de hoje, 1962; Algumas reflexões sobre a poética de vanguarda, 1964; O indianismo de Gonçalves Dias, 1964; Poesia-práxis e 22, 1966.
MEMÓRIAS: Viagem no tempo e no espaço, 1970.
Sempre ligado à vida política do país, Cassiano Ricardo acabou sendo preso por envolvimento com a Revolução Constitucionalista, em 1932, quando era secretário do governador Pedro de Toledo. O poeta foi militante da Bandeira, grupo que lutava por "uma democracia social brasileira, contra as ideologias dissolventes e exóticas". No ensaio "Marcha para Oeste", refere-se a Getúlio Vargas como "o homem bom governando os homens bons". Foi convidado para dirigir no Rio de Janeiro o jornal A Manhã, porta-voz do Estado Novo.
Em 1937, Cassiano Ricardo sucedeu a Paulo Setúbal na cadeira n. 31 da Academia Brasileira de Letras. A partir da publicação de Um dia depois do outro, sua poesia adquire um lirismo introspectivo, filosófico, enaltecendo a solidão e o silêncio. Manuel Bandeira viu uma renovação do poeta, "como que este, debruçando-se sobre si mesmo, tivesse descoberto as fontes mais profundas de sua inspiração". Para Péricles Eugênio da Silva Ramos, a poesia de Cassiano Ricardo chega à maturidade com A face perdida: "Reflete o estado de espírito de alguém que, já vivido, monologa na fronteira entre a vida e a morte." Homem aberto às novas idéias, o poeta acompanhou os movimentos de vanguarda dos anos 50 e 60: participou da revista Invenção e publicou dois livros na linha de pesquisas do concretismo e da poesia-práxis.
A intimidade com o poder e o fato de ter sido censor e colaborador do Estado Novo estigmatizou o poeta, criando, como observa Luíza Franco Moreira, "bons pretextos para não ler sua obra". Mas, segundo a professora, "há motivos ainda melhores para começar a leitura e fazer justiça à qualidade de sua poesia e sua prosa".
"O poema pertence a uma certa língua; a poesia, a todas as línguas."
"A palavra primitiva - não há quem o ignore - era poética por excelência, dada a origem metafórica da linguagem. Depois, já em outro estágio, passou ela a servir apenas de veículo para transmitir o conceito poético. Tornou-se descolorida, gastaa; e o que a salvava era o que o poeta tinha a dizer."
Cassiano Ricardo
"Cassiano Ricardo é um poeta intranquilo. Tem exercido a poesia como um atormentado ofício. Tem se imposto uma permanente superação de si mesmo (...). Um poeta que vestiu, com a maior humildade, todas as roupas que a emoção da vida lhe exigiu; e escolhendo um novo estilo, quase limitada a obedecer ao curso dos acontecimentos e dos ambientes, sem querer fingir de isolado ou evadido."
José Guilherme Merquior
"(Cassiano Ricardo) encontrou o seu espaço e não precisa mais refletir porque a sua própria poesia reflete para ele, reflete o mundo."
Paulo Mendes Campos
RELÓGIO
Diante de coisa tão doída
conservemo-nos serenos.
Cada minuto de vida
nunca é mais, é sempre menos.
Ser é apenas uma face
do não ser, e não do ser.
Desde o instante em que se nasce
já se começa a morrer.
Obras do autor
POESIA: Dentro da noite, 1915; A flauta de Pã, 1917; Jardim das Hespérides, 1920; A mentirosa de olhos verdes, 1924; Vamos caçar papagaios, 1926; Borrões de verde e amarelo, 1927; Martim Cererê, 1928; Canções da minha ternura, 1930; Deixa estar, jacaré, 1931; O sangue das horas, 1943; Um dia depois do outro, 1947; Poemas murais, 1950; A face perdida, 1950; O arranha-céu de vidro, 1956; João Torto e a fábula, 1956; Poesias completas, 1957; Montanha-russa, 1960; A difícil manhã, 1960; Jeremias sem-chorar, 1964; Poemas escolhidos, 1965; Os sobreviventes, 1971.
ENSAIO: o Brasil no original, 1936; O negro da bandeira, 1938; A Academia e a poesia moderna, 1939; Marcha para Oeste, 1940; A poesia na técnica do romance, 1953; O tratado de Petrópolis, 1954; Pequeno ensaio de bandeirologia, 1959; 22 e a poesia de hoje, 1962; Algumas reflexões sobre a poética de vanguarda, 1964; O indianismo de Gonçalves Dias, 1964; Poesia-práxis e 22, 1966.
MEMÓRIAS: Viagem no tempo e no espaço, 1970.
Fonte: 100 Anos de Poesia - Um panorama da poesia brasileira do século XX - Volume I; Organização Claufe Rodrigues e Alexandra Maia
Nenhum comentário:
Postar um comentário