segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

O Doador de Memórias


Sinopse:
Uma pequena comunidade vive em um mundo aparentemente ideal, sem doenças nem guerras, mas também sem sentimentos. Uma pessoa é encarregada a armazenar estas memórias, de forma a poupar os demais habitantes do sofrimento e também guiá-los com sua sabedoria. De tempos em tempos esta tarefa muda de mãos e agora cabe ao jovem Jonas (Brenton Thwaites), que precisa passar por um duro treinamento para provar que é digno da responsabilidade.

O doador de memórias remete a outro filme com sinopse aqui no blog: A vila.
Apesar da comparação absurda, os filmes tem tema em comum: poderia uma sociedade ditada por regras humanas estar em paz em um ambiente sem violência e sendo feliz é a proposta de questionamento.
Assim como em A Vila, O doador de memórias relata uma comunidade que tem limites em termos espaciais para viver, que tem regras ordenadas pelos mais velhos visando viverem em harmonia, sem violência e de forma igualitária.
Seria possível excluir do homem seu instinto natural, seus sentimentos, suas percepções e ainda assim construir um ambiente feliz de convívio mútuo, onde o conceito de felicidade é ditado por regras já pré definidas, interroga a narrativa do filme O doador de memórias.
As regras estipuladas pelo homem quando este está fugidio de seu instinto são regras seguras, caminhos seguros questiona o filme.
Assim como em A Vila pode ser questionado em quantas espaços "protegidos" tem o homem procurado se isolar visando a busca por segurança.
Bom filme para refletir o quão humanos somos nos erros e acertos. O quão de erros já nos guiaram a caminhos melhores mas o quão de erros ainda não temos percepção de vislumbrar pois o homem vive em comunidades diversificadas, onde o belo é a diversidade, mesmo que para isto ainda amadureça e saiba conviver em harmonia consigo e com o próximo.

domingo, 18 de janeiro de 2015

Henry Fielding - vida e obra

Henry Fielding
1707 - Nasce em 22 de abril, em Sharpham Park, condado de omerset, Henry Fielding, filho de Edmund e Sara Fielding.
1718 - Morre a mãe de Henry, Sara Fielding. Henry frequenta o colégio na cidade de Eton.
1726 - Inicia do curso de Direito em Leiden.
1728 - Muda-se para Londres. Encena sua primeira comédia, O Amor sob Diversas Máscaras.
1730 - Apresenta as comédias O Galante do Templo, A Farsa do Autor e Thomas Ressucitado ou A História Completa da Vida e das Maravilhosas Ações de Tom Thumb.
1734 - Em novembro casa-se com Charlotte Cradock.
1736 - Estréia a peça burlesca Pasquin, com grande êxito.
1737 - Estréia a peça satírica Registro Histórico para 1736. Em novembro Fielding retoma os estudos de Direito.
1740 - Fielding passa a trabalhar no fórum londrino.
1741 - Samuel Richardson publica o romance Pamela. Morre Charlotte.
1743 - Apresenta a peça O Dia do Casamento.
1746 - m novembro casa-se com Mary Donald e transfere residência para Twickenham, perto de Londres.
1749 - Em fevereiro publica Tom Jones (*), a história de um Enjeitado, em seis
partes.
1751- Edita seu último romance, Amélia.
1754 - A conselho médico, Fielding viaja para Lisboa em junho para tratar da saúde, fortemente abalada. Morre em Lisboa em 8 de outubro. É enterrado no cemitério dos Ciprestes.


(*) Tom Jones
Este romance conta a história de um enjeitado criado por uma família da nobreza rural que se torna um jovem de grande fascínio pessoal e que atrai a paixão de diversas mulheres. Mas torna-se vítima das mais variadas formas de preconceito e desperta, em muitos, a inveja e o ciúme. Sua verdadeira origem é revelada no final, após profunda análise do cotidiano inglês de meados do século XVIII.


Filho de família aristocrática, da qual não herdou títulos nem bens, Henry Fielding nasceu em 22 de abril de 1707 na cidade de Sharpham Park, Somersetshire, Inglaterra. Seus pais foram Sara Fielding, que morreu em 1718, e Edmund Fielding.

Henry recebeu uma educação esmerada. Depois de concluir os estudos intermediários em Eton, seguiu para Leiden, cidade da Bélgica, para cursar Direito.

Em 1728 Fielding mudou-se para Londres e foi tomado pela indecisão, não sabia que profissão abraçar: poderia ser escritor ou cocheiro. A primeira seria mais agradável,mais cômoda; a segunda renderia mais dinheiro e consideração social.

Se tivesse chegado a Londres alguns anos antes, teria encontrado os homens de letras em outra situação, dividindo espaço na corte com os fidalgos e manipulando a opinião pública por meio de livros e jornais. Contudo, apesar dessa liberdade, muitas vezes os escritores tinham de se curvar ás exigências de políticos poderosos, que podiam pô-los em dificuldades.

Assim, Robert Walpole, que se tornou ministro em 1721,havia estabelecido restrições á liberdade dos literatos ligados ao governo, considerando que seus pareceres, muito teóricos e apaixonados sobre os atos do Estado, eram a causa principal de instabilidade e de insatisfações. Dispensou-os e mandou-os ganhar o pão por conta própria. Empregou escrivães medíocres porém confiáveis, capazes de compilar suas idéias e as dos demais políticos sem alterações sutis. Destituída do antigo poder, a arte de escrever passou a ser vista como um mau ofício, desempenhado por gente de baixa categoria social e de escassos dotes intelectuais.

De qualquer forma, Henry tinha de se sustentar, e diante das opções que se apresentavam, decidiu-se pela literatura. Começou então a redigir para o teatro.

Sua primeira comédia, O Amor sob Diversas Máscaras, de 1728, não teve a menor repercussão. Henry só começou a ser conhecido em 1730, quando apresentou O Galante do Templo e A Farsa do Autor, com êxito suficiente para se dedicar ao teatro como meio de vida. Durante sete anos elaborou volumosa produção, da qual a obra mais famosa é a peça Thomas Ressuscitado ou A História Completa da Vida e das Maravilhosas Ações de Tom Thumb, representada pela primeira vez em 1730 e ampliada no ano seguinte sob o título Tragédia das Tragédias ou A Vida de Tom Thumb, o Grande. A peça narra as incríveis aventuras de um rapaz absurdamente pequeno que, por causa de seu tamanho, é carregado nos ares por um corvo, devorado por um gigante e envolvido em dezenas de outras peripécias semelhantes. Essas situações serviam apenas de pretexto a Fielding para atacar personalidades políticas da época, atraindo para si os olhares irados da censura oficial. Conta-se que Tom Thumb foi motivo de uma das duas únicas gargalhadas que o amargo romancista Jonathan Swift deu em toda sua vida, que demonstrou, assim, reconhecer o grande valor de Henry Fielding.

O sucesso como comediógrafo, contudo, não proporcionou a Fielding melhores meio de subsitência. O que lhe valia era a facilidade em fazer amigos. Era um rapaz alegre, excelente contador de histórias, dotado de inteligência, humor e vitalidade, e não lhe faltavam companheiros, alguns dos quais ricos e bem instalados, que se sentiam honrados em dividir a casa com ele. Nem a morte da mãe, quando Fielding tinha apenas onze anos, nem a penúria do lar paterno, nem o segundo casamento do pai - que indiretamente contribuíra para o rapaz abandonar os estudos de Direito e ir tentar a vida em Londres - haviam conseguido tirar sua alegria de viver.

Em 1734 Fielding se casa com Charlotte Cradock e passa a desfilar pelos jardins e avenidas de Londres ostentando roupas caras, carruagens e criados. Não lhe passava pela cabeça que poderia aproveitar a fortuna da esposa para se estabelecer na vida e assegurar uma velhice tranquila. Esbanjou até o último centavo, tudo que Charlotte tinha, e ao fim de dois anos viu-se obrigado a trabalhar para comer. Muitos de seus gastos não revertiam em benefício próprio, mas em favor dos amigos, não só daqueles que o haviam ajudado nos tempos de miséria mas também dos mais recentes.

O esgotamento de uma mina que esperava fosse eterna levou-o novamente para o teatro. Pasquin, de 1736, permitiu-lhe recuperar por algum tempo a euforia financeira, representava um violento ataque ao ministro Walpole. No ano seguinte repetiu a dose, com uma sátira mais ferina, Registro Histórico para 1736. O ministro então resolveu fechar-lhe a boca e promulgou o Licensing Act, decreto que autorizava o Parlamento inglês a recusar qualquer obra teatral que julgasse indecorosa ou agressiva. Com essa restrição, em 1737 Fielding decidiu retomar os estudos, interrompidos quando se transferira para Londres. Nesse mesmo ano foi nomeado magistrado de uma corte criminal e fundou um jornal, O Campeão, no qual atuou até junho de 1740.

Para quem sempre vivera na maior liberdade, era difícil ajustar-se a horários e métodos. Os amigos dividiram-se em correntes opostas. Uns confiavam no êxito do advogado Fielding; outros prognosticavam para breve sua desistência da função. Os últimos ganharam a aposta ao fim de alguns meses. O escritor abandonou o emprego, por motivo de saúde. Com uma mulher para sustentar, a quem ele não só amava como se sentia na obrigação de retribuir os anos de fartura, Fielding estava disposto a abandonar a vida de farras e a dedicar-se seriamente ao trabalho. Mas a libertinagem anterior lhe havia dilapidado a saúde. Ataques de gota o prendiam ao leito por semanas a fio, impedindo seu comparecimento ao fórum. E ele achou que era mais honesto demitir-se.

Charlotte faleceu em 1742, e Fielding foi tomado por profunda depressão. Seus amigos temiam qeu ele adotasse alguma medida desvairada, mas seu temperamento forte e alegre não lhe permitiu, porém, entregar-se por muito tempo ás lamentações. Refeito do abalo, voltou a escrever no mesmo tom satírico que o caracterizava.

Em 1743 Fieding tentou obter a aprovação de uma comédia, continuação de A Virgem Desmascarada, porém mais uma vez Walpole negou autorização por considerá-la ofensiva a uma personalidade da época. Fielding passou a escrever panfletos políticos, tratados, ensaios, e, nesse mesmo ano, retomou a carreira teatral com O Dia do Casamento. O êxito ajudou a Henry a conseguir uma certa folga financeira.

Depois do segundo casamento, em 1746, com Mary Donald, antiga cidadezinha próxima a Londres. Após dois anos regressou á capital como juiz de paz e foi morar no bairro de Westminster.
Apesar do trabalho exaustivo, Fielding encontrava tempo para escrever. Depois do ato de Walpole que lhe restringira a liberdade de comediógrafo, voltara-se para o romance. Ocupava-se de uma obra que haveria de fazer corar Samuel Richardson, seu vizinho, que jamais faltava ao culto dominical, empenhava-se em resolver problemas de consciência de consulentes afligidos por questões morais e religiosas e, nas horas vagas escrevia romances e investia furioso contra Fielding, a quem ele considerava um incurável libertino. Richardson inaugurou uma corrente moralista e austera, mais preocupada com o mundo ideal possível e com a análise psicológica das personagens.

Depois de ter lutado na vida como aprendiz de impresor e operário, e a duras penas ter conseguido fundar sua própria tipografia, Richadson recebeu um convite para escrever um livro destinado à leitura das jovens provincianas que iam trabalhar em Londres. A obra Pamela ou A Virtude Recompensada, de 1741, obteve imenso sucesso em toda a Inglaterra, transpôs o canal da Mancha, cativou o público francês e provocou entusiasmados elogios do enciclopedista Diderot. O romance relata as desventuras de Pamela Andrews, camponesa educada por uma senhora da nobreza que, antes de morrer, confia a moça aos cuidados de seu filho. O primeiro objetivo do rapaz é seduzi-la, mas, comovido por suas lágrimas, acaba se arrependendo e casando-se com a virtuosa donzela. Fielding não pôde deixar de rir do moralismo pregado por Richardson e do endeusamento de valores tão instáveis como dinheiro e posição social. Sem perda de tempo, elaborou duas paródias do romance, Defesa da Vida da Sra. Shamela Andrews, em 1741, e As Histórias das Aventuras de Joseph Andrews e Seu Amigo Abraham Adams, em 1742, que suscitou a admiração da crítica. Na primeira parte desse livro, Fielding apenas parodia Pamela, narrando ironicamente a luta do belo criado Joseph Andrews em defesa da própria virtude, ameaçada pelas artimanhas da patroa. No desenrolar da obra, contudo, o autor se afasta da intenção inicial e acaba retratando com graça e talento toda uma camada social, vergastando-lhe as hipocrisias e futilidades.

Com Pamela, Richardson pretendia criar um romance psicológico, diversificado do relato de aventuras a´te então existente na Inglaterra. Fielding, por sua vez, procurou considerar de outro modo o problema moral. Para ele, as boas ações não deveriam ser fruto de normas e de repressão, mas partir espontaneamente de um impulso generoso de amor pelo próximo e do desejo de semear o bem. Virtude, a seu ver, era mais a habilidade de resolver os próprios problemas do que promover, á força, a felicidade alheia.

Seis anos após a sátira de Fielding, Richardson procurou penitenciar-se por Pamela, publicando a história da virtude perseguida e arrasada: Clarisse Harlowe. Essa obra, que se celebrizou como a melhor de Richardson, agradou ao público da época pela agudeza da análise psicológica. Fielding, entretanto, não permaneceu silencioso diante da nova aventura melodramática do rival e escreveu, em 1749, um romance que ficou marcado na história da literatura inglesa como uma produção genial: Tom Jones, a História de um Enjeitado, biografia de um jovem exuberante de energia, ingênuo e violento que retratava o próprio Fielding em oposição ao austero Richardson. Recém-nascido, Tom Jones é deixado na casa do sr. Allworthy, que o cria como a um filho. Depois de adulto, por intriga de Blifil, sobrinho de seu protetor, Tom é obrigado a abandonar o lar e entregar-se a uma vida errante e dissipada. Enfrenta problemas sem conta, envolve-se em muitas tramas amorosas, despedaça corações, ajuda as pessoas em dificuldades e, por fim, é acusado de um crime. A obra muito se aproxima das novelas cavaleirescas e dos romances à maneira do Dom Quixote. Tom Jones levou alguns críticos a considerarem Fielding  como o criador do romance inglês, o que de certa forma é exagero.

O romance se divide em dezoito "livros", ou partes, cada uma delas precedida por um prólogo, no qual o autor expõe sus idéias, comenta a ação, dialoga com o leitor e vangloria-se de ter sido o primeiro escritor a estabelecer esses capítulos iniciais.

Os críticos da época atacaram Tom Jones por considerá-lo um estímulo à licenciosidade. Ao apresentar um personagem simático  dissoluto, que, apesar de seus erros, conquista a felicidade impunemente, o autor estaria desencorajando o exercício da virtude e, de certa forma, aconselhando o vício. Na França o livro chegou a ser proibido. Na verdade, o conceito de moral de Fielding não poderia ser compreendido em seu tempo. Tom Jones é apenas um apaixonado pela vida, corajoso e bom, mas fraco e indisciplinado - um pequeno selvagem. Suas boas ações brotam naturalmente, e por isso o escritor se inclina a lhes dar um valor maior do que se fossem fruto de educação e tende a perdoar os erros do personagem.

Não só a personalidade do protagonista provocou a ira dos críticos e moralistas. Nos prólogos iniciais de cada parte Fielding alude muitas vezes a seu inimigo Richardson, que o considera devasso. Combate os costumes patriarcalistas, como o de se forçar uma jovem a casar contra a vontade, e defende  a rebelião familiar. Zomba dos moralistas, escarnece dos clérigos, taca os críticos com violência, demonstrando por eles profundo desprezo.

Exausto pelo combate ao crime, aborrecido com a má vontade da crítica, enfraquecido pelas doenças, Fielding via apagar-se rapidamente a alegria de viver. Num estado lastimável, ainda encontrou forças, em 1751, para escrever um último romance, Amélia, no qual presta homenagem a sua segunda mulher, a quem involuntariamente causara grandes desgostos. Falta em Amélia o brilhantismo de Joseph Andrews ou de Tom Jones, mas a obra é dotada de um etilo mais apurado e de uma análise mais profunda dos personagens. Embora ainda se volte abertamente contra certas leis inglesas que considerava injustas, como a prisão por dívidas, e denuncie graves males sociais, Fielding atenua, em Amélia, o tom impiedoso de sua sátira.

Foi aconselhado pelos médicos a deixar a Inglaterra e a procurar em Lisboa um clima propício a sua saúde debilitada. Ao abandonar a pátria, trêmulo de emoção e de tristeza, escreveu: "Hoje, quarta-feira, 24 de junho de 1754, o sol mais triste que já vi levantou-se e encontrou-me acordado. No brilho desse sol eu ia ver, pensava, pela última vez, dizendo-lhes um último adeus, os objetos queridos, pelos quais eu sentia a ternura de uma mãe: não estava de forma alguma endurecido pela doutrina da escola filosófica que me ensinou a suportar a dor e a desprezar a morte. Ao meio-dia em ponto fui advertido de que o carro me esperava. Abracei meus filhos um após o outro e subi no carro, um pouco resolutamente; minha mulher, que se conduziu como uma verdadeira heroína e como um filósofo, embora seja, ao mesmo tempo, a mais terna das mães, seguiu-me juntamente com a filha mais velha; alguns amigos me acompanharam, outros se despediram de mim, e ouvi fazerem de minha coragem um conceito de elogios, os quais sabia muito bem não merecer por nenhum direito". Se o homem Henry Fielding - que três meses depois, em 8 de outubro, morreria sozinho e amargurado num quarto de Lisboa - pensava não merecer os elogios naquela hora da partida, os escritor os ganhou para sempre por sua obra magistral, ainda hoje entre a vida breve de um homem e a imortalidade de um grande artista.

sábado, 10 de janeiro de 2015

Lis & Afins


Escrever é mesmo purificar a alma.
E assim surge mais um blog: Lis & Afins.
Minha amada filha, Lis Guedes, estudante de Serviço Social.
Que venham belas reflexões sobre a condição humana, sobre o estar no mundo.
Que venham belas letras.
É só conferir!

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