sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Marisa Lajolo - Monteiro Lobato - um brasileiro sob medida

Apaixonado, idealista, irônico, rabugento, sonhador, radical, contraditório... Monteiro Lobato é um pouco como todos nós, brasileiros. Ora assumindo posições polêmicas, ora se antecipando a seu tempo, ele é, acima disso tudo, o criador de uma das mais belas utopias brasileiras - o Sítio do Picapau Amarelo, livro que li para os filhos e pretendo que chegue a muitas e muitas outras gerações. Em estilo coloquial, com texto envolvente e bem-homorado, esta biografia é sob medida para o leitor contemporâneo mergulhar na vida e na obra de Monteiro Lobato, um brasileiro sob medida.

Cresci lendo Monteiro Lobato. Muito de minha criatividade e liberdade de pensamentos devo a seus textos que levam a reflexão, ultrapassa limite temporal. Meu primeiro livro de Monteiro Lobato foi a Chave do Tamanho, lido na escola. Lembro que o livro me impressionou muito. Levava temas como paz mundial ao universo infantil.

Para Maria Célia Paulillo, em artigo científico: "Ao longo dos anos, a história da literatura fixou uma imagem multiforme e um tanto contraditória de Monteiro Lobato. De uma lado, afirma-se o escritor inventivo, considerado o criador de nossa literatura infantil; de outro, configura-se o crítico de pintura que tripudiou sobre os quadros inovadores da pintora modernista Anita Mafalti; ora cita-se o fazendeiro que ridicularizou seus agregados na figura do Jeca Tatu, ora exalta-se o cidadão progressista defensor do petróleo nacional. O novo livro de Marisa Lajolo, Monteiro Lobato: um brasileiro sob medida, vai além dessa imagem, mostrando que a carreira poliédrica do escritor foi fruto de uma visão de mundo arrojada e moderna, sempre em perfeita sintonia com o seu momento histórico."

Segundo ainda a pesquisadora "Sempre atento a sua realidade, Lobato soube incorporar, em uma obra ficcional pautada pela fantasia e pelo humor, informações muitas vezes coincidentes com o currículo escolar. Em contraposição à escola convencional, alvo de freqüentes críticas das personagens lobatianas, o Sítio do Pica-Pau Amarelo surge como uma escola alternativa. Nela, conhecimentos de gramática, matemática, geologia e até rudimentos de uma política nacionalista de petróleo são veiculados e assimilados de forma crítica, independente e freqüentemente questionadora, especialmente quando a relação de ensino-aprendizagem se dá entre Dona Benta e a discípula Emília.



Nos anos 40, quando ainda nem se pensava em Mercosul, o autor acalentou um desdobramento latino-americano de sua obra, por meio de um projeto em que a história da América fosse contada às crianças pelo vulcão andino Aconcágua. O projeto, que não chegou a ser implementado, é inovador e ousado, tanto no plano intelectual como editorial. Primeiro, porque propõe um novo modo de contar a história da América, isto é, a partir de um ponto de vista diferente do colonizador europeu. Segundo, porque procura ampliar o mercado de leitores, atingindo um público além de nossas fronteiras."

Como já dizia Monteiro Lobato: "um país se faz com homens e livros"! Vida longa a literatura Lobatiana!


Sobre a autora: Marisa Lajolo nasceu e vive em São Paulo e cursou Letras na Universidade de São Paulo, onde também concluiu Mestrado e Doutorado. É Professora Titular do Departamento de Teoria Literária da Unicamp, onde - com apoio do CNPq e da Fapesp - coordena o projeto Memória de Leitura (http://unicamp.br/iel/memoria) em cujo bojo foi realizada parte da pesquisa da qual resultou este livro. Publicou A formação da leitura no Brasil, Do mundo da leitura para a leitura do mundo, A leitura rarefeita, Literatura infantil brasileira: história e histórias, além de ter organizado inúmeras antologias e publicado artigos em revistas especializadas no Brasil e no exterior.

Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil 2000: Livro altamente recomendável.

Monteiro Lobato : um brasileiro sob medida / Marisa Lajolo. - São Paulo : Moderna, 2000. Projeot Gráfico Moema Cavalcanti.

18 comentários:

  1. Senão me engano, foi um dos apoiadores da campanha "petroleo é nosso", na qual acabou por iniciativa popular, acabou criando a Petrobras.

    Fique com Deus, senhorita Lígia.
    Um abraço.

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  2. O que postei por aí, e a carta que mandei para o Ministério da Educação e para a Academia Brasileira de Letras:

    PERIGO! PERIGO!...
    Já tinha visto a matéria http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2910201001.htm
    ('Conselho - CNE - Min Educ - quer vetar livro de Monteiro Lobato em escolas.:Parecer sugere que obra não seja distribuída sob a alegação de que é racista'),
    e - por conta - não resisti a mandar esse e-mail/carta para o Min da Educação e para a Academia Brasileira de Letras:

    Boa tarde:
    Acabei de ler notícia sobre o CNE e a obra de Monteiro Lobato (supostamente 'racista' segundo o CNE), no jornal a'F de SP'.
    Fiquei estarrecida, e rogo aos responsáveis por isso que leiam urgentemente "A Violeta Orgulhosa", do livro "Histórias Diversas" de Lobato, pois duvido que mantenham esse parecer diante dessa obra - ao que parece - menos 'famosa', mas ainda assim capítulo fundamental da mesma obra infanto-juvenil do autor.
    A CRÍTICA AO PENSAMENTO PREDOMINANTE DA/NA ÉPOCA não pode/não deve ser interpretada como racismo DO AUTOR!
    O pensamento DO AUTOR está em "A Violeta Orgulhosa"; se não a divulgam como deveriam não é nem nunca foi responsabilidade de Lobato!
    Fico indignada com esse tipo de equívoco, que encaminha muuito mal o olhar que poderíamos ter e passar adiante sobre o autor (também) de "O Presidente Negro"!
    Que perigo esse encaminhamento assim deturpado!Mando esse e-mail para os endereços eletrônicos acima pois não encontrei no 'site' os e-mails adequados.
    Gostaria MUITO de ter uma resposta.
    OBRIGADA,
    CHRISTINA MONTENEGRO

    Que tal todos 'amolarem' um pouquinho o Min da Educação e os Acadêmicos?
    (Mandei para os seguintes e-mails: aeci@mec.gov.br, acsgabinete@mec.gov.br, ai@mec.gov.br, aspargm@mec.gov.br, academia@academia.org.br e para mais algumas pessoas, claro, espalhando por aí).

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  3. Parabéns pelo post sobre Monteiro Lobato. Queria deixar minha humilde contribuição sobre este intelectual marcante de nosso país: Embora tenha sido um crítico intenso da arte moderna como o post bem destacou, entretanto, se mudarmos nosso foco de análise para questão da denúncia da realidade social brasileira, veremos que Monteiro Lobato, através de sua personagem Jeca Tatu, acabou se tornando, mesmo sem querer, um autêntico pré-moderno, não pela postura literária e artística, mas pela característica de relatar os problemas sociais existentes no Brasil. Jeca Tatu é uma inteligente crítica ao abandono que o homem do campo se encontrava naquele período histórico.
    Parabéns pelo blog e já estou seguindo!!!

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  4. O próximo passo é censurar a Bíblia, livro grosso e cheio de referências politicamente incorretas.

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  5. MUITO BACANA O SEU BLOG , PRA QUEM GOSTA DE LER COMO EU , É UM PRATO CHEIO...

    ESTAREI SEMPRE POR AQUI !

    UM BEIJO !

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  6. Abaixo a censura. não emburreçam nossas crianças.

    http://twitter.com/EmiliadeRabico

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  7. Lígiamiga

    Todos lemos e fazemos muito bem. Para mim, ler é fundamental, é imprescindíval. Desde «crianço» que leio, tenho aprendido muito e, sobretudo, tomei o gosto pela escrita. Porque, não haja dúvidas para escrever sem erros de «hortugrafia», para além do corrector do computas, é preciso ler todos os dias.

    Como já deves ter percebido, gosto de estar bem disposto, de ironizar, de brincar, de gargalhar. Sem isso, o vale de lágrimas em nos deitaram ao Mundo é uma, ia a dizer, mas... digo, merda.

    Monteiro Lobato - aprendi a lê-lo e tentei ensinar os meus netos a fazê-lo também. O Sítio do Pica Pau Amarelo que também aqui passou na TV, ajudou um pouco. Oxalá tivesse eu tido sucesso...

    Amiga

    Chego aqui por intermédio do nosso Amigo AC do INTERIORIDADES e estou muito satisfeito por te ter encontrado. O teu blogue é muito interessante, e bem escrito. O que, para mim, que sempre ganhei a vida a produzir prosa tão honesta quanto possível, (sou jornalista e dizem que também escritor, dizem…, e aos 69 anos não me sinto velho) é motivo acrescido de satisfação.

    Espero que me retribuas a visita e deixes comentários na Minha Travessa. E, já agora, que te tornes minha (per)seguidora. Não é pedir muito… Obrigado

    Qjs = queijinhos = beijinhos

    NB – Peço-te desculpa por este comentário ser tão longo; mas tenho de referir que é um texto base, ainda que com algumas apreciações individuais e específicas. Infelizmente não sou dono do tempo, e a sê-lo seria uma chatice… Para que não haja dúvidas. Mas, é sincero.

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  8. Oi amiga!!Passei pra te deixar um beijo... amei a postagem, como sempre brilhante! Um beijo, Keli

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  9. Daniel Savio,

    Monteiro Lobato foi um brasileiro excepcional. Todas as homenagens ao legado que deixou ao país serão poucas.

    Um abraço.

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  10. Christina Montenegro,

    Cresi admirando Monteiro Lobato e quanto mais consciência tenho sobre a grandiosidade de sua literatura mais fico impressionada com questões como esta que coloca em questão totalmente errônea a intencionalidade da obra deste grande escrito.

    Beijos.

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  11. Leonardo Oliveira,

    Agradeço a visita e comentário interessante. Concordo plenamente contigo pois Monteiro Lobato foi o grande escritor das causas sociais, seja através do imortal Jeca Tatu, de fama internacional onde foram levadas as questões de nosso país quanto nos demais personagens do Sítio do Picapau Amarelo onde havia forte presença das diferenças sociais nas histórias que contavam como também na história dentro da história que o grande contador de histórias proporcionava.
    É história e inegavelmente histórico!
    Tenha uma excelente semana!

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  12. José Antônio,
    Agradeço a visita e comentário. Certamente que as grandes discussões não ocorreram entorno de censuras. Quanto maior o diálogo, maior a democracia.
    Abraços e volte sempre!

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  13. Moisés Poeta,

    Mas a leitura é mesmo viciante.
    Já visitei teu espaço de poesia que tanto vicia também, rsrs.
    Agradeço a visita e comentário.
    Boa semana!

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  14. Anônimo,
    Obrigada pela presença e comentário.
    Estarei visitando teu endereço Lobatiano.
    Um abraço.

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  15. Caro Antunes Ferreira,

    Fique sabendo que já havia encontrado teu nobre endereço antes de aqui chegar, rsrsrs. Bom que tenha feito as apresentações.
    Agradeço a visita e o sincero comentário aqui neste humilde espaço que estará sempre feliz em recebê-lo.
    Boa semana!
    Beijinhos.

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  16. Keli,
    Obrigada por aceitar o convite aqui estando. Somos colegas de trabalho, e naquele vasto mundo talvez não tenhamos nos 'esbarrados muito',rsrsrs.
    Parabéns pela garra de vida e especialmente pelas lutas vencidas. Hum... e por gostar de trabalhos manuais que neste ponto também somos parecidas (só ainda não tive coragem de aqui deixar meus trabalhinhos, rsrs).
    Um beijo na família.

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  17. Dos escritores brasileiros, tenho Monteiro Lobato como o primeiro, seguido, com uma margem muito pequena, em segundo lugar por Nelson Rodrigues... me contento com esses dois.

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  18. Gilrikardo,
    Obrigada pela visita e excelente escolha de autores como prioridade. Não precisamos de muitos não é mesmo?

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