segunda-feira, 11 de outubro de 2010

100 Anos de Poesia - um panorama da poesia brasileira no século XX


100 Anos de Poesia -
 Um panorama da poesia brasileira no século XX,
 organização Claufe Rodrigues e Alexandra Maia, uma obra prima!


"Alta noite, quando escreveis um poema qualquer
sem sentirdes que o escreveis,
olhai vossa mão - que vossa mão não vos pertence mais;
olhai como parece uma asa que viesse de longe."
Jorge de Lima

"Jorge, nunca o vi intranquilo ou nervoso; o mesmo sempre, inalterável, o ar generoso e discreto,  paciente com todos, às vezes dando até a impressão de deslingado ou aéreo. Ao lado da clientela do médico, a clientela do poeta. Enquanto numa sala, às vezes, Jorge tratava dos doentes, na outra ia aceso o debate de temas de cultura. E a impressão que ele dava era a de um mágico, pela maneira como fazia as coisas, pelo jeito de ir e vir, pelas surpresas que causava, como uma espécie de prestidigitador."
Valdemar Cavalcanti

Sempre que se desejar a leveza de uma leitura que somente a poesia pode proporcionar, 100 Anos de Poesia, vol I dará acesso a autores consagrados como
Ivan Junqueira, Augusto dos Anjos, Alphonsus de Guimaraens, Da Costa e Silva, Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, Vicente de Carvalho, B. Lopes, Francisca Júlia da Silva,
José Albano, Gilka Machado, Olegário Mariano, Raul de Leoni, Jorge de Lima, Ronald de Carvalho, Ribeiro Couto, Manuel Bandeira, Ruy Espinheira Filho, Mário de Andrade, Dante Milano,
Guilherme de Almeida, Henriqueta Lisboa, Augusto Frederico Schmidt, Oswald de Andrade, Carlos Drummond de Andrade, Cassiano Ricardo, Menotti de Picchia, Raul Bopp, Ascenso Ferreira, Maria Lucia de Barros Camargo, Abgar Renault, Emílio Moura, Alphonsus de Guimaraens Filho,
Bueno de Rivera, Joaquim Cardozo, Cecília Meireles, Vasco Mariz, Catulo da Paixão Cearense, Leandro Gomes de Barros, Zé Limeira da Paraíba, Carlos Pena Filho, Vinicius de Moraes,
Gilberto Mendonça Teles, Paulo Mendes Campos, Péricles Eugênio da Silva Ramos, Domingos  Carvalho da Silva, Lêdo Ivo, Afonso Felix de Souza, Francisco Carvalho, João Cabral de Melo Neto, Mário Quintana.

O Acendedor de Lampiões

Lá vem o acendedor de lampiões da rua!
Este mesmo que vem infatigavelmente,
Parodiar o sol e associar-se à lua
Quando a sombra da noite enegrece o poente!

Um, dois, três lampiões, acende e continua
Outros mais a acender imperturbavelmente,
À medida que a noite aos poucos se acentua
E a palidez da lua apenas se pressente.

Triste ironia atroz que o senso humano irrita:
Ele que doira a noite e ilumina a cidade,
Talvez não tenha luz na choupana em que habita.

Tanta gente também nos outros insinua
Crenças, religiões, amor, felicidade,
Como este acendedor de lampiões da rua!

Jorge de Lima

Estou molhado dos limos primitivos
e ao mesmo tempo ressôo as trombetas finais

Jorge de Lima

Curiosidade:
Curiosidade: Para desenvolver todas as suas atividades, Jorge de Lima mantinha uma rotina espartana. Maria Teresa de Lima, sua filha, conta que ele acordava às quatro da manhã, e, enquanto fazia a barba, ia pintando seus quadros. Das seis às oito, atendia os pobres. Daí em diante, recebia os clientes e amigos no consultório. Quando chegava em casa, já de noite, escrevia até o início da madrugada. Às quatro, já estava novamente de pé.

O vol. II de 100 Anos de Poesia apresenta um emaranhado de vozes dissonantes, os principais poetas contemporâneos onde cada poeta cria seu próprio universo, desenvolvendo meios, nem sempre convencionais, para exibir e divulgar seu trabalho, através de exposições, recitais, performances, agitos, intervenções. No despertar do terceiro milênio onde a internet é prática da cotidiana vida, a palavra - escrita, dita, musicada, coisificada - está viva como na aurora dos primeiros dias. O amante da poesia poderá sentir falta deste ou aquele autor, mas certamente outras obras surgirão para encantar com a diversidade e a qualidade dos poetas como desta espetacular obra que horam a tradição da melhor poesia brasileira de todos os tempos. E tenham dito os coordenadores editoriais. Quem sou eu para discordar. Apenas apreciar esta magnífica obra.

"Houve grandes momentos. Por exemplo, os assinalados pelos grandes poemas, que vieram desmoralizar a idéia de que a poesia morreu ou que não tem o que oferecer à cultura em tempos de "comunicação de massa". Neste sentido há uns 10 grandes poemas na literatura brasileira realmente notáveis neste século."
Affonso Romano de Sant´Anna

Vamos a eles:

Manoel de Barros, Gilberto Mendonça Teles, Max Martins, Sebastião Uchôa Leite,
 Augusto de Campos, Haroldo de Campos, Iumna Maria Simon, Mário Chamie, Wlademir Dias-Pino, Mário Faustino, Walmir Ayala, Ivo Barroso, Ruy Espinheirta Filho, Alberto da Costa e Silva,
Mauro Mota, César Leal, H. Dobal, Nauro Machado, Alberto da Cunha Melo, Reynaldo Valinho Alvarez, Ivo Barroso, Carlos Lima, Thiago de Mello, Moacyr Félix, Ferreira Gullar, Geir Campos, Marly de Oliveira, Affonso Romano de Sant´Anna, Claudio Willer, Roberto Piva, Claudio Willer, Neide Archanjo, Paulo Bonfim, Renata Pallottini, Gerardo Melo Mourão, Armindo Trevisan, Carlos Nejar, Ivan Junqueira, Hilda Hilst, César Leal, Patativa do Assaré, Cora Coralina, José Chagas, José Carlos Capinan, Torquato Neto, Heloísa Buarque de Hollanda, Ana Cristina César, Cacaso,
Geraldo Carneiro, Chacal, Paulo Leminski, Waly Salomão, Olga Savary, Anderson Braga Horta, Antônio Fantinato, Astrid Cabral, Antonio Carlos Secchin, Alexei Bueno, Mano Melo,
  Arnaldo Antunes, Salgado Maranhão, Adriano Espínola, Adélia Prado.

As obras apresentam ainda Cronologia anual de Arte e Cultura e Ciência e Política de 1901 a 1950 e de 1951 a 2000

Carrego meus primórdios num andor.
Minha voz tem um vício de fontes.
Eu queria avançar para o começo.
Chegar ao criançamento das palavras.
Lá onde mesmo que sejam modeladas pelas mãos.
Quando criança garatuja o verbo para falar o que
não tem.
Pegar no estame do som.
Ser a voz de um lagarto escurecido.
Abrir um descortínio para o arcano.

"Não conto nada na reta, escrevo sempre nas linhas tortas, como digo aliás num poema. Na minha poesia parece que tem muita coisa de fora, mas é tudo de dentro. Sou muito preparado de conflitos."
Manoel de Barros

"Em poucas épocas teve nossa literatura um grupo homogêneo e poderoso com o que se afirmou desde a implantação do Modernismo. Seria longo e difícil mencionar todos os nomes daqueles que realizaram grandes obras marcantes a partir da segunda década do século XX, na poesia como na ficção."
Alphonsus de Guimarães Filho

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