sábado, 22 de setembro de 2018

Afonso Felix de Sousa



Afonso Félix de Souza

Palavras e palavras, esta a herança
que tive e vou deixando.

1925
Nasce no dia 5 de julho, em Jaraguá - GO.

Desde a idade escolar, os versos despertaram em Afonso Felix de Sousa uma espécie de fascínio, especialmente pelos românticos e parnasiano. Logo, começou a escrever sonetos, acrósticos e quadras metrificadas. Na adolescência, descobriu os simbolistas e, logo a seguir, os modernistas. Mudou-se com a família ara Goiânia, em 1943, e passou a publicar seus versos nos jornais locais, como O Popular, Folha de Goiás e Oeste. No final da década, começou a trabalhar no Banco do Brasil e participou da fundação da Associação Brasileira de Escritores de Goiás. Foi transferido para o Rio de Janeiro, onde vive até hoje. Em 1959, Afonso Felix de Sousa se casou com a diplomata e também poetisa Astrid Cabral, com quem tem cinco filho.



Publicou, em 1948, O túnel, seu primeiro livro de poesia, que teve boa acolhida da crítica. Dos poetas que surgiram ao término da Segunda Guerra e da ditadura do Estado Novo, conhecidos como a Geração de 45, Afonso Felix de Souza é um dos nomes mais representativos. Darcy Damasceno aponta em sua obra dois grupos temáticos principais: "O primeiro grupo se forma, inicialmente, em torno da idéia de nostalgia da infância, acentuando-se depois na de frustração amorosa (O túnel, Do sonho e da esfinge e Íntima parábola); o segundo centra-se na idéia de errância (O amoroso e a terra, Memorial do errante e Álbum do Rio)."
No plano formal, podemos observar a gradual transformação de sua obra, evoluindo da rígida convenção da métrica até o verso livre: "A minha poesia começou com a fase em que eu só a concebia dentro dos preceitos da versificação convencional (métrica, rima). Com a leitura dos nossos modernistas, fui alargando as suas fronteiras, desenvolvendo-a."
Afonso Felix de Sousa é também tradutor, tendo trazido para a língua portuguesa grandes nomes da poesia universal, como John Donne, François Villon e Federico García Lorca.


"A poesia de Afonso Felix ajudou a formar e desenvolver o pensamento estético da Geração de 45."
Gilberto Mendonça Teles



"A poesia é... e mais de centenas de definições que não a definem em todos os aspectos. Limitando-me ao verso, diria, como Drummond, que o verso é minha consolação, minha cachaça."

"Na criação literária existe um processo mecânico de apresentação dos textos, ao lado de um aspecto misterioso (inspiração ou coisa que o valha) que se incorpora às vezes independentemente da nossa vontade, surpreendendo a nós mesmos."
Afonso Felix de Sousa





Destino

Porque nasceste obscuras raízes se espalharam
traçando esses caminhos. Agora vais em frente.
Ainda que desejes parar debaixo de uma árvore,
comer de um fruto que não seja teu, deitar à sombra
que não cai do céu para todos, ou desviar-te
por outros caminhos que sonhaste e só por isso
julgas teus, irrevogáveis e mecânicos são os passos
que te vão levando, inerme, sobre a corda bamba
até a outra margem - de onde voltar não podes.
Voltar atrás não podes, é tarde, é sempre tarde,
que a cada momento a corda arrebenta atrás de ti
e arma-se de novo à tua frente para que de novo
a pises, vás em frente, chegues lá. Mas a que eira
ou beira? A que destino? Mãos invisíveis traçam
o destino; e os fios com o que o traçam, tramam,
são igualmente invisíveis. E vais. Por onde vais,
sejam ou não os caminhos que sonhas teus e pisas,
em toda água sobre que te debruces, vês, encontras
a imagem de que foges e á a imagem que buscas.


Obras do autor
POESIA: O túnel, 1948; Do sonho e da esfinge, 1950; O amoroso e a terra, 1953; Memorial do errante, 1956; Íntima parábola, 1960; Álbum do Rio, 1965; Chão básico & itinerário leste, 1978; As engrenagens do belo, 1981; Quinquagésima hora & horas anteriores, 1987; Á beira de teu corpo, 1990. Soneto aos pés de Deus e outros poemas, 1996.

POEMAS DRAMÁTICOS: Caminho de Belém, 1962; Vida e morte de alferes, 1965; Rio das almas, 1984.

ANTOLOGIAS: Antologia poética, 1966; Pretérito imperfeito, 1976; Antologia poética, 1979; Nova antologia poética, 1991.

PROSA: Do ouro ao urânio (crônicas), 1969.



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