terça-feira, 25 de junho de 2013

Oscar Wilde

Oscar Wilde

1854 - Em 16 de outubro, em Dublin, nasce Oscar Fingal O´Flahertie Wills Wilde.

1864 - É matriculado na Portor School, de Enniskillen.
1871 - Em outubro é transferido para o Trinity College, de Dublin.
1874 - Ganha a medalha de ouro Berkeley no Trinity. Em outubro entra, como bolsista, no Magdalen College, de Oxford.
1875 - Viaja à Itália.
1876 - Em 19 de abril morre Sir William Robert Wills Wilde, seu pai.
1879 - Fixa residência em Londres. Apaixona-se por Lily Langtry.
1880 - Escreve o drama em cinco atos Vera, ou Os Niilistas.
1881 - Publica Poemas.
1882 - Realiza conferências nos Estados Unidos e no Canadá.
1883 - Visita Paris pela primeira vez. Escreve A Duqueza de Pádua.
1884 - Casa-se com Constante Lloyd e fixa residência na Tite Street, Chelsea. Atua como crítico literário em diversas revistas.
1987 - Passa a dirigir a revista feminina Womans´s Word.
1890 - Começa a sair em capítulos, no Lippincott´s Magazine, O Retrato de Dorian Gray (*).
1891 - A Duqueza de Pádua e apresentada na Alemanha e nos Estados Unidos.
1892 - Escreve O Leque de Lady Windermere. Proibida à última hora a apresentação de Salomé.
1893 - É apresentada com sucesso a peça Uma Mulher sem Importância.
1895 - Em janeiro estréia Um marido Ideal; em fevereiro, A Importância de Ser Honesto. Em abril tem início seu julgamento. No mês seguinte é condenado a dois anos de trabalhos forçados.
1896 - Conclui a obra De Profundis. Morre sua mãe, Jane  Francesca.
1897 - Em maio Wilde é posto em liberdade. Começa a escrever Balada da Prisão de Reading.
1898 - Em abril, em Gênova, morre sua esposa, Constance.
1900 - Em 30 de novembro, em Paris, Wilde morre de meningite.


(*) O Retrato de Dorian Gray
Único romance de Oscar Wilde, O Retrato de Dorian Gray foi considerado amoral, segundo os rígidos padrões da época. O jovem Dorian, dono de uma beleza inigualável, é tetratado por um amigo pintor. 
Como por encanto, apenas o retrato carrega as marcas do tempo, enquanto Dorian permanece com a aparência dos vinte anos. Torna-se dependente de sua juventude, mas se esquece de alimentar as virtudes de caráter. O retrato vai então assumindo um aspecto sombrio e assustador para Dorian.


Excelente médico, a reputação do dr. William Robert Wills Wilde levou-o a ser nomeado cirurgião-oculista da rainha Vitória. Sua mulher, Jane Francesca Elgee, tinha porte de rainha e ideais revolucionários. De sua pena saíram torrentes de retórica e um escrito bastante inflamdo - Jacta Alea Est -, firmado com o pseudônimo Speranza, que lhe deu notoriedade.

O dr. Wilde tinha 36 anos quando se casou com Jane, de 25. Dessa união nasceram três filhos: William, Oscar - em 16 de outubro de 1854 - e Isola, Jane queria que o segundo filho fosse uma menina. Recusou-se a aceitar o nascimento de mais um homem: por isso vestia-o com roupas femininas e tratava-o como a uma garota.

A casa dos Wilde, em Merrion Square, Dublin, era um centro aberto aos boêmios e literatos. Os boêmios, a convite de William. Os outros eram convidados de Jane, que estava decidida a se tornar inspiradora dos gênios literários.

Embora nunca tenha sido visto estudando com afinco, Oscar sempre obteve notas brilhantes. De 1864 a 1871 frequentou a Portora Royal School, tradicional col´gio protestante onde estabeleceu as bases de sua formação clássica. Durante os sete anos que ali passou, destacou-se não só pela inteligência mas pelos cabelos compridos, pela excentricidade das atitudes e das roupas. Não era muito querido dos colegas, mas parecia não se importar com isso. No fim do curso ganhou a medalha de ouro como melhor aluno do ano.

Em outubro de 1871 foi  para o Trinity College, em Dublin, onde continuou a trajetória iniciada em Portora. Ao sair, levava uma medalha de ouro e a amizade do professor John Pentland Mahaffy, considerado o maior helenista de seu tempo.

Três anos depois Wilde partiu para Oxford. Ganhou uma bolsa de estudos no Magdalen College e repetiu c om a mesma facilidade seu brilhante desempenho. Em 1875 realizou uma peregrinação de arte pela Itália: visitou Milão, Pádua, Veneza e Verona. Em novembro desse mesmo ano fez sua estréia como autor na revista da Universidade de Dublin, com a peça Chorus of Cloud Maidens (Coro das Donzelas de Nuvens), uma adaptação de As Nuvens, de Aristófanes.

O período de Oxford terminou com uma grande vitória:  o Prêmio Newdigate de Poesia, em 1878, por seu poema Ravena. Na verdade, mais do que a obra em si, o que impressionou os membros da universidade foi a apresentação segura e a declamação dos versos, num estilo muito aplaudido.

Quando saiu de Oxford, Wilde estabeleceu-se em Londres e atirou-se à luta pela glória. Apresentava-se em público com seus longos cachos, casaco de veludo, camisa larga de colarinho baixo, gravata de cores extravagantes. Na mão ou na lapela, sempre um lírio ou um girassol. Graças a algumas importantes amizades, Wilde penetrou na alta sociedade, apesar de não possuir dinheiro suficiente que lhe permitisse manter um ritmo de elegância e brilho social. Foi nesse ambiente que conheceu a deslumbrante Lily Langtry, famosa em Londres pela beleza. Por seu intermédio viveu sua primeira aventura em busca do belo e do amor. Sob a pressão da necessidade financeira, em 1880 escreveu uma peça - Vera - , que não obteve o  menor sucesso, e no ano seguinte uma coletânea de versos - Poemas -, que recebeu a consagração do público; em quatro semanas passou por quatro edições. Deixando o fracasso e êxito, Wilde partiu para Nova York na véspera do Natal de 1881, a fim de realizar uma série de conferências na América do Norte. Atravessou os Estados Unidos em todas as direções; falou aos mais variados auditórios; esteve preso por quebra de contrato e foi roubado por jogadores de pôquer.

Do Estados Unidos dirigiu-se para o Canadá, onde visitou Quebec, Montreal e Toronto. Antes de terminar sua aventura norte-americana, conheceu Marie Prescott e seu marido, que no ano seguinte montaram a peça Vera. Em janeiro de 1883 voltou à Inglaterra. Em seguida viajou para Paris, onde passou três meses e conheceu muita gente importante. Sarah Bernhardt, por exemplo, demonstrou simpatia e admiração pelo visitante. Mas a pessoa mais importante que ele conheceu em Paris foi Robert Sherad, que se tornaria seu maior amigo. Apesar da intensa vida social, Wilde conseguiu terminar duas obras em Paris: o poema A Esfinge e a peça A Duquesa de Pádua, recusada pelo teatro.
Em agosot de 1883 foi pela segunda vez aos Estados Unidos, para assistir à estréia de Vera. No entanto, o melodrama não foi bem-recebido pelo público e saiu de cartaz na primeira semana de exibição. De volta à Grã-Bretanha Wilde recomeçou seu trabalho de conferencista. Numa dessas conferênicas, em Dublin, conheceu Constance, única herdeira de uma grande fortuna. Além de bela e rica, a moça era amável, tranquila, de natureza suave e submissa. No dia 29 de maio de 1884 Wilde e Constance casaram-se na Igreja de St. James, Paddington. Do casamento nasceram dois filhos: Cyril em 1885, que morreria em ação durante a Primeira Guerra Mundial, e Vyvyan em 1886, que sessenta anos mais tarde iria dirigir a publicação do texto integral de De Profundis.

Em 1886 Wilde conheceu o jovem Robert Ross, em Oxford, e logo em seguida, levado por ele, iniciou as "experiências" homossexuais que se tornariam um hábito a partir de 1889.

Até aí o casamento ia bem. Wilde era um marido apaixonado e um pai dedicado. Pela primeira vez consentiu em ser assalariado, com a função de dirigir a revista feminina Woman´S World.

De 1887 a 1889 ocupou-se dessa tarefa, além de ter colaborado em vários periódicos de projeção nos meios literários. Como um chefe de família suburbano, viajava de trem, obedecia aos horários e deixou de fumar por exigência da revista. Era eficiente e consciencioso, sentia-se feliz. Entretanto, a monotonia desse tipo de vida começava a pesar sobre ele. Dessa forma, passou a chegar mais tarde ao emprego e a sair mais cedo. Em 1889 terminou o contrato, e ninguém falou em renová-lo. Seu orçamento ficou abalado, e ele viu-se obrigado-o a fazer inúmeras visitas às casas de penhor.

Esse período marcou o início de sua pordução literária mais intensa. Colaborou em várias revistas de projeção e escreveu O Retrato de Dorian Gray, para o Lippincott´s Magazine. O primeiro capítulo apareceu em junho de 1890. Em março de 1891 a obra saiu em volume.

É a história de um jovem belíssimo, Dorian Gray, que apaixonadamente cultua a beleza e o prazer. Basílio Hallward, um pintor seu amigo, presenteia-o com um retrato que o reproduz no auge da juventude. Em virtude de certo voto mágico, as vicissitudes não deformam o rosto vivo e perfeito de Dorina Gray; apenas o retrato sofre a passagem do tempo.

O romance não foi bem-recebido pelos críticos, principalmente pelos moralistas, que o consideraram uma obra "envenenadora dos costumes".

O escritor, no entanto, afirmava que sua obra era moralmente perfeita. Os críticos, porém, parecem não se ter dado ao trabalho de analisar profundamente as idéias do escritor. Wilde, por sua vez, tinha outras preocupações. Além de pregar a "arte pela arte" e de afirmar a superioridade do artista, ele estava começando a se interessar seriamente pelo teatro.

Foi George Alexander, do St. James Theatre, quem reavivou em Wilde a idéia de se tornar famoso como teatrólogo, apesar das infelizes experiências anteriores. Com cem libras adiantadas por Alexander, o escritor partiu para a região dos Lagos, na Escócia, de onde retornou com o texto de O Leque de Lady Windermere, em 1892. Animado com o sucesso, começou a escrever Salomé, única obra de um dramaturgo inglês escrita em francês. Sarah Bernhardt ia representá-la, em Paris. Entretanto, às vésperas da estréia, a censura proibiu o espetáculo. Em 1894 Salomé foi publicada em língua inglesa, e dois anos depois Sarah Bernhardt finalmente pôde representar nos palcos franceses essa peça, considerada um estudo sobre a maldade, uma obra-prima de sadismo.

O sucesso de uma peça constituiu estímulo suficiente para Wilde continuar escrevendo. Seu tempo e mais o dinheiro ganho com os direitos autorais eram dedicados a divertir Alfred Douglas, conhecido como Bosie, um belo jovem de vinte anos que ele conhecera em 1891. Naquela época o culto do homossexualismo estava em moda entre os rapazes, sobretudo entre os mais dotados de qualidades artísticas. Desse grupo, Bosie era líder absoluto. A segunda comédia de Wilde, Uma Mulher sem Importância, foi apresentada pela Companhia de Berbohm Tree no verão de 1893, com enorme sucesso. Durante os ensaios Tree recebeu uma cópia de uma carta de Wilde em que elogiava os lábios róseos de Alfred Douglas. Considerando-a perigosa, mostrou-a ao escritor, que, sem dar importância ao fato, atirou-a para um lado. Era o início de seus aborrecimentos. Pouco depois começou  a ser ameaçado por chantagistas.

Enquanto toda Londres comentava sobre Oscar Wilde e o "menino" com quem andava, o escritor concluía a peça Um Marido Ideal, que estrearia no início de 1895. Mal saíra de cartaz quando Wilde passou a trabalhar em The Importance of Being Earnest. Essa é a última e a melhor de suas comédias. Na noite de estréia, 14 de fevereiro de 1895, um grande público atravessou ruas cobertas de neve para chegar até o teatro.

Nesse mesmo mês, sentindo-se ofendido pelo pai de Bosie, John Sholto Douglas - o marquês de Queensberry -, que o acusara de sodomia, Wilde resolveu levá-lo ao tribunal por crime de difamação. O marquês foi intimado a apresentar-se a julgamento em Old Bailey. E, enquanto procurava provas para preparar sua defesa, Wilde irresponsavelmente partiu com Bosie para o sul da França.

No julgamento, o aristocrata foi declarado inocente, e o escritor, sob a acusação de praticar delitos contra pessoas do sexo masculino, foi detido. Seu advogado pediu permissão para prestar fiança, mas o magistrado a negou, baseando sua recusa na gravidade do caso. Entretanto, o julgamento foi adiado e Wilde ganhou liberdade por três semanas. Os amigos aconselharam-no a fugir para o continente. Aturdido e exausto, ele deixou-se ficar. Não tinha dinheiro nem para pagar o advogado. Seus livros foram retirados do mercado, e suas peças, dos teatros. Sua casa foi vendida e, durante o leilão dos bens, pilhada pelas pessoas presentes.

No dia 25 de maio de 1895 Oscar Wilde foi condenado a dois anos de trabalhos forçados. Suas obras não podiam sequer ser mencionadas em sociedade. Nada ficou de seus dias de glória, luxo e elegância.

A única coisa que lhe amenizava o sofrimento na prisão eram as eventuais visitas do amigo Robert Sherard, da esposa, Constance, e do advogado R.S.Haldane, que se havia interessado pro ele. Haldane conseguiu-lhe pena, tinta e alguns livros. Wilde havia cumprido quase metade da pena quando soube da morte de sua mãe.

Nos últimos dias de cárcere Wilde escreveu a obra que encerra sua produção em prosa, publicada anos mais tarde sob o título De Profundis. Era uma longa carta de reprovação endereçada a Alfred Douglas, a quem acusava de ter contribuído para sua queda e ruína. Apesar de não demonstrar nenhum arrependimento pela conduta que provocara sua condenação, o autor descreve a si mesmo como um homem de caráter fraco, de natureza benevolente e comodista. Em outros trechos, discute assuntos de arte e filosofia e fala de suas crenças e descrenças.

Uma vez em liberdade, era certo que não poderia continuar na Inglaterra. Os poucos amigos que lhe restavam cuidavam de preparar sua instalação na França. Wilde não tinha mais lar. A esposa e os filhos estavam distantes, com as identidades disfarçadas.

Foi vive sozinho em Berneval, vila pesqueira na costa da França, com o nome de Sebastian Melmoth. Para distrair-se, voltou a trabalhar. Escreveu duas cartas sobre a vida no cárcere e começou a Balada da Prisão de Reading. Depois de muitas cartas e telegramas, acabou concordando em encontrar-se com Bosie: tomou um trem para Nápoles e, após uma curta permanência no Hotel Royal, alugou uma casa em Posillipo, a Villa Giudice, onde viveu com Alfred durante três meses.

Seu tempo em Posillipo foi gasto também na complementação e na revisão da Balada da Prisão de Reading, se melhor poema. Escrita numa linguagem simples, com frases curtas e imagens puras, a Balada impressiona por um realismo vivo, no qual é descrito o horror dos condenados em suas celas.
Como nenhuma firma respeitável quisesse editá-lo, o poema foi entregue a Smithers - que trabalhava com livros e pornografia e "publicava tudo aquilo de que os outros tinham medo". A obra foi impressa sem o nome do autor. As duas primeiras edições, de oitocentos exemplares, esgotaram-se rapidamente.

Wilde estava em Paris quando, na primavera de 1898, já separado de Bosie, soube da morte de Constance. Em março do não seguinte faleceu seu pai, com quem não mantinha relações de amizade havia muito tempo. Meses depois encontrou-se com Robert Sherard; às vezes avistava-se com Douglas, que nessa época vivia e Paris. O círculo de amigos diminuía cada vez mais. As pessoas respeitáveis sentiam-se ofendidas por sua embriaguez e outros hábitos. No outono de 1900 o escritor começou a queixar-se de dores de cabeça, que, com o passar dos dias, pioraram até se tornar insuportáveis.

Mesmo após uma pequena operação no ouvido, que serviu para amenizar as dores, sua situação continuava delicada. Alguns dias depois o abscesso do ouvido provocou uma inflamação no cérebro.
No dia 30 de novembro de 1900 Wilde entrou em coma e perdeu a consciêcica. Seu último desejo havia sido atendido: ser recebido na Igreja Católica Romana. Eram quase duas horas da tarde quando faleceu.

O serviço fúnebre realizou-se na Igreja de Saint-Germain-des-Prés. O cortejo entrou na igreja por uma obscura porta lateral. Os sinos não repicaram. Foi rezada uma missa simples. Os restos mortais foram levados para o Cemitério de Bagneux, nos arredores de Paris. Por nove anos apenas uma inscrição com o nome e as datas indicava seu túmulo. Somente em 1909, quando todas suas dívidas foram pagas, é que o trasladaram para um lugar de honra no Pére Lachaise. Sobre o túmulo foi erguido um monumento. Wilde seria lembrado para sempre.

Fonte: coleção obras-primas - grandes autores - vida e obra.

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