terça-feira, 20 de julho de 2010

Poemas completos de Alberto Caeiro-Fernando Pessoa /2h entre Cinema e Nobel



"O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo comigo
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do mundo...

Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...
O mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo.

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem o que é amar...

Amar é a eterna inocência,
E a única inocência é não pensar...


CAEIRO, Alberto, pág.11 - poemas completos / Fernando Pessoa - São Paulo : Nobel, 2008.

A carona mal humorada determinou: em duas horas retorno, estejam prontos. Neste momento traváramos um plano enquanto caminhávamos apressados naquele dia de chuva fina. Priorizar e cumprir, sem apelo emocional. Exatos 00:20 minutos faltantes para o início do filme de 01:30h. Literalmente agarrei a mão do menino e em 30 segundos descemos escadas, desviamos de passeantes despreocupados, lanchonetes e suas tentações e adentramos a Nobel. Em 00:10minutos já tinha uma pilha de livros escolhidos antes mesmo da vendedora localizar os títulos solicitados. Sempre fui firme em minhas escolhas, sem dúvidas, palavra certa (bom, regra não vale para tudo na vida, somente escolhas materiais). Reduzimos a metade ante o preço total da pilha e literalmente voamos para o cinema (Shrek) com a promessa de voltar para buscar. O príncipe, abandonado, retornou a prateleira nem tão empoeirada assim, menos mal. Caeiro, completo, exibido, ou seria pragmático, queria mesmo adentrar minha bolsa antes do tempo mas teve que se comportar, afinal, pela Pessoa que o é. Virgínia se esbaldou de rir Noite e dia só de imaginar A viagem que faria, enfim. Não contava, entretanto, que teria companhia do elefante (José) na viagem. José apenas por autor, não em viagem, que diferença. Beethoven louco para entonar A música e a vida onde Helena em bela capa aguardava solução, de Tróia.
Todos acomodados, faltando 00:05 minutos para adentrar a carruagem mágica de encontro a novos olhares em férias. Ufa! Tivéssemos mais duas horas.

Nobel - email: livrarianobelmacae@gmail.com

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