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terça-feira, 1 de janeiro de 2019

terça-feira, 5 de setembro de 2017

Salgado Maranhão

Salgado Maranhão
dentro da jaula do peito
meu coração é um leão faminto

José Salgado Santos é o caçula entre seis irmãos - sendo quatro mulheres. Quando tinha 16 anos, emigrou com a família para Teresina, onde fez o curso secundário. Um dia, na biblioteca pública, descobriu Fernando Pessoa, e a poesia entrou definitivamente em sua vida. Depois, vieram as leituras de Maiakovski, João Cabral, Drummond, Joaquim Cardozo, Cecília Meireles e Murilo Mendes, "poetas inquestionáveis em qualquer idioma".

sexta-feira, 13 de março de 2015

Gabriel García Márquez - Eu não vim fazer um discurso

Gabriel García Márquez

A revista Cidade Nova, na sessão de literatura, por Fernanda Pompermayer, apresenta a obra do mestre Gabriel García Márquez, "Eu não vim fazer um discurso", editora Record, Rio de Janeiro, 2011.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Pascal Mercier - A partitura do adeus





A revista Cidade Nova (exemplar 578, Ano LVI, n. 6, Junho de 2014), na seção "na estante", por Fernanda Pompermayer (fernanda@cidadenova.org.br) apresentou uma crítica literária sobre o livro A Partitura do adeus, de Pascal Mercier.

terça-feira, 25 de junho de 2013

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Sobressalto - Kenneth Cook


Sobressalto - Kenneth Cook
"um homem sentia que tinha que ou beber ou explodir seus miolos"
(ainda não tinha passado por sua cabeça que escolher o primeiro não evitaria o segundo)


Sobressalto, Kenneth Cook, tradução Maria Alice Stock. - São Paulo : Grua Livros, 2010.
 
Simplesmente surpreendente o livro Sobressalto, de Kenneth Cook, que adquiri após a dica de um caro leitor do Blog.
Leitura de um só fôlego, de adentrar madrugada com os olhos pregados nas páginas ávidos por acompanhar o rumo que leva o personagem principal, o jovem professor John Grant, em sua trajetória pelo semi-deserto australiano, naqueles cinco dias em que estivera em um pesadelo em vida.
A narrativa envolvente, econômica em palavras e um excelente poder de visualização, acompanha a trajetória desse professor  que parte rumo a seis semanas de férias em Sidney, onde pretende encontrar Robyn, uma mulher que imunda seus sonhos, após período escolar na minúscula Tibonga, passando por Bundanyabba, uma pequena cidade mineradora onde ocorre o todo o desfecho do romance.
Como em um pesadelo, após experimentar o jogo, Grant passa dias, sem o desejar, em companhia de sujeitos que não conhece, caçando cangurus, curando uma ressaca com outra, onde a cerveja é sempre servida gelada, em detrimento de água, bem escassa, que já não se recorda existir após ultrapassar o limite do seu senso moral. Assim vê surgir um Grant rude, que vivencia um mundo rude e selvagem esmagado pelo calor e encharcado de suor, poeira e cerveja, um mundo em que as pessoas têm jeitos de viver que lhe são complemente estranhos:
 
"Traço peculiar esse das pessoas do oeste, pensou Grant, eu você pudesse dormir com suas esposas, espoliar suas filhas, aproveitar-se deles, defrauda-los, fazer quase qualquer coisa que significaria no mínimo ostracismo na sociedade normal, e eles nem pareceriam notar. Mas recuse-se a beber com eles e você de imediatamente se torna um inimigo mortal. Que diabos...".
 
O romance foi publicado pela primeira vez em 1961 quando Kenneth Cook tinha trinta e dois anos. Era seu segundo romance e um sucesso editorial, publicado na Inglaterra e nos Estados Unidos, traduzido para várias línguas, e adotado como leitura obrigatória nas escolas. Após quatro décadas de sua publicação o livro retém seu frescor, sua narrativa ainda envolve, e sua visão sombria ainda inquieta.

Kenneth Cook nasceu em Sidney, em 1929, e morreu em 1987. Escreveu 21 livros, vários roteiros e também trabalhou como diretor de cinema. De sua estada como jornalista em Broken Hill, pequena cidade no coração outback, o deserto australiano, vieram as observações que deram origem a Sobressalto, seu mais famoso livro, ou Ware in Fright. Chegou às telas em 1971, em um filme que ficou mundialmente conhecido pelo nome de Outback.
 

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Tolstói



Dada a largada para o trabalho braçal, conforme mencionado na postagem Grandes Autores - Biografias, de edição da vida e obra de grandes autores clássicos. Tenho a alegria de iniciar pelo grande Tolstói.

1828 - Em 28 de agosto nasce Leon Tolstói, em Iásnai Poliana, província de Tula.
1837 - Morre o pai de Tolstói.
1841 - Muda-se para Kazan.
1844 - Estuda letras orientais na Universidade de Kazan.
1845 - Transfere-se para a faculdade de direito.
1847 - Volta a Iásnai Poliana.
1848 - Viaja a Moscou.
1849 - Instala-se em São Petersburgo e retorna o curso de direito.
1851 - Parte para o Cáucaso.
1853 - Combate em Sebastópol.
1855 - Publica Relatos de Sebastópol. Volta a São Peterburgo.
1859 - Funda uma escola em Iásnaia Poliana.
1862 - Casa-se com Sófia Andriéievna Bers.
1863 - Fecha a escola. Publica Os Cossacos. Começa a escrever Guerra e Paz.
1865 - Inicia a publicação dos primeiros capítulos de Guerra e Paz no Mensageiro Russo.
1869 - Conclui Guerra e Paz.
1875/1877 - Publicação de Ana Karênina (*) no jornal Mensageiro Russo.
1880 - Publica Confissão.
1886 - Publica A Morte de Ivan Ilitch.
1889 - Publica Sonata a Kreutzer.
1891 - Organiza a ajuda aos flagelados da seca.
1899 - Publica Ressurreição.
1901 - É excomungado pela Igreja Ortodoxa.
1904 - Explode a guerra russo-japonesa.
1905 - Ocorrem levantes populares na Rússia.
1910 - Em 28 de outubro Tolstói foge de casa. Morre em 7 de novembro na aldeia de Astápavo. É sepultado dois dias depois no bosque de Stári Zakas, em Iásnaia Poliana.

(*) Ana Karênina
Uma das melhores obras de Tolstói, o romance Ana Karênina narra a história do amor controvertido e difícil vivido pela protagonista Ana na Rússia czarista. Ela é uma mulher casada que vai atrás de seu amante Vronski mas, arrebatada por uma paixão proibida, resvala cada vez mais para um abismo de mentiras e destruição. Tolstói questiona o significado da vida e da justiça social tendo como pano de fundo as crises familiares. É o maior romance do adultério na literatura universal.


Faz mais de meio ano que ingleses e franceses investem, sem trégua, contra Sebastópol. A cidade sitiada não se rende. Seu drama diário inspira os jornais da Rússia, penetra nos salões da nobreza, faz chorar o povo simples.

Instalada em seu palácio, Maria Alexándrovna ouve as notícias e se comove. Porém nunca lhe viera aos olhos uma lágrima pela sorte de Sebastópol. Até que um dia caem-lhe nas mãos três histórias de luta - três pequenos contos de um soldado desconhecido; pela primeira vez, desde o começo da guerra, a czarina abandona-se em um longo pranto. Leon Tostói. O nome não lhe é totalmente estranho Lembra-se de tê-lo ouvido ligado a uma família de aristocratas, mas não tem certeza. Põe, então, os secretários da corte à procura de mais dados.

Tolstói, pai, morrera em 1837. Viúvo, deixara cinco filhos: Dmítri, Sérgio, Nicolau, Maria e Leon, este nascido em agosto de 1828. Tia Alieksandra Osten-Sacken incumbira-se de cuidar das crianças.
Nesse tempo é moda entre os nobres estudar com professores estrangeiros. Não fica bem um aristocrata expressar-se em russo como qualquer camponês, e Alieksandra contrata um preceptor alemão para os sobrinhos.

Quatro anos dura o encargo de tia Alieksandra, na cidade de Iásnaia Poliana. Em 1841 ela morre, e os meninos são entregues aos cuidados de outra irmã de seu pai, Pielagueia, de rígidos princípios morais. Assim que põe os olhos em Leon, decide fazer dele um militar; como alternativa, pode ser diplomata. Em 1844, aos dezesseis anos, Leion vê-se estudando línguas orientais na Universidade de Kazan. Mas revela-se uma decepção para Pielagueia: nem se porta de acordo com o manua de boas maneiras da aristocracia nem se distingue nos estudos. Transfere-se então para o curso de direito, mas é reprovado nos primeiros exames. Desiludido com a escola e cansado de ouvir as recriminações da tia, retorna a Iásnai Poliana em 1847. Porém o tempo que fica naquele lugar desolado é pouco. Meses depois vai para Moscou. Essa cidade, contudo, também parece não ter muito a lhe oferecer. Em 1849, aos 21 anos, parte para São Petersburgo, e aí retoma o curso de direito. Não se distingue como aluno, e sim como farrista de primeira e namorador incorrigível. Instável, nem as noites nem as mulheres conseguem retê-lo. Meses mais tarde volta a Iásnaia Poliana. Começa a ler a Bíblia e as obras de Jean-Jacques-Rousseau. Ao terminar as leituras, sente-se ainda mais inquieto.

Seu irmão Nicolau acaba de voltar do Cáucaso, onde estivera em combate. Os relatos de suas aventuras despertam em Leon o desejo de partir para a luta. Em 1981 está no Cáucaso, combatendo com bravura. Encorajado pelos elogios e encantado com a vida militar, presta exame em janeiro de 1852 para ingressar no Exército e é admitido. Ao mesmo tempo publica os capítulos de A História da Minha Infância, em relato autobiográfico de sua meninice, na revista O Contemporâneo, de São Petersburgo.

Dois anos depois explode a Guerra da Criméia, conflito que opôs França, Inglaterra, Turqui e o Piemonte à Rússia. Toltói é designado para lutar em Sebastópol, onde compõe os contos que tanto comoveriam a rainha Maria Alexándrovna.

Volta a São Petersburgo depois do final da guerra e é recebido como herói. O tempo que fica ali é pouco. Em 1857 parte para o exterior - Alemanha, França, Itália, Suíça. Dois anos depois, volta a Iásnaia Poliana carregado de livros e de idéias formigando na cabeça. Sente urgência em fazer algo pela Rússia, e acha que deve começar pelos que lhe estão mais próximos: os servos. Preocupa-se com o analfabetismo, e em 1859, aos 31 anos, funda em sua propriedade uma escola para crianças e adultos. Como lhe falta conhecimento de pedagogia, vai para Dresden estudar. Antes de reiniciar suas atividades de professor, detém-se em Hyères, sul da França, onde seu irmão Nicolau tenta curar-se de uma enfermidade pulmonar. Ao lado dele começa a escrever Os Cossacos (1863), reminiscência de sua estada no Cáucaso.

Apesar dos cuidados médicos, Nicolau sucumbe à doença, o que abala Leon profundamente. Em vez de voltar à Rússia, reúne-se ao amigo Alexandre Herzen em Londres, e é aí que festeja a emancipação dos servos decretada por Alexandre II. É uma grande vistória dos ocidentalistas, que combatem o isolamento da Rússia, a monarquia e a servidão e lutam por uma aproximação cada vez maior com o Ocidente.

Leon, um ocidentalista convicto, volta a Iásnaia Poliana, aos 34 anos, e póe-se à disposição do governo. Trabalha como juiz de paz da província, com o encargo de contornar possíveis problemas entre proprietários e antigos servos, quando se surpreende a contemplar Sófia Andriêievna com um novo olhar. Conhece-a desde criança, mas agora, aos dezessete anos, ela lhe parece adorável. O escritor tem o dobro da idade da jovem, mas isso não chega a ser obstáculo, e o casamento realiza-se em setembro de 1862.

A felicidade de Tolstói seria completa se ele não tivesse de fechar a escola em 1863 e suspender a publicação que havia fundado logo depois do casamento.

As dificuldades financeiras levam Tolstói a encarar a literatura como um meio de vida. Quer escrever algo grandioso, e a resistência às invasões napoleônicas do início do século dezenove são pano de fundo para o romance Guerra e Paz, que começa a ser escrito em 1863 e só é concluído em 1869. Os primeiros capítulos começam a ser impressos em 1865 no Mensageiro Russo.

À medida que a narrativa evolui, o entusiasmo dos leitores aumenta.

Guerra e Paz propicia-lhe os lucros pretendidos, e dessa forma consegue reabrir a escola de Iásnaia Poliana, tempo para ler Goethe, Cervantes e Dickens e estudar grego para conhecer Ilíada no original.

É 1875. Numa pequena aldeia perto de Iásnaia Poliana nada acontece que consiga sacudir o marasmo daquela gente. Todo o divertimento é reunir-se na estação, uma vez ou outra, e ver passar o trem, que raramente deixa algum passageiro. Um dia corre sangue sobre os trilhos. A aldeia se agita. Uma mulher, sobrinha e amente de um homem poderoso da aldeia de Iássienki, desesperada com sua vida amorosa, joga-se  à linha do trem. Tolstói parte imediatamente para a vila, quer ver o cadáver. Decide investigar as razões que teriam levado a mulher ao suicídio. Há tempo pretende escrever a história de uma dama da alta sociedade russa envolvida numa trama de paixões e decadência. O suicídio da mulher fornece-lhe o desfecho para seu romance e o perfil para a protagonista. E Ana Karênina ganha vida.

Publicado de 185 a 1877 no jornal Mensageiro Russo, Ana Karênina agrada intensamente ao público e provoca variadas reações entre os críticos. Dentre os grandes romancistas russos, o único a aplaudir irrestritamente o livro é Dostoiévski.

Críticas e elogios deixam o autor indiferente. Suas preocupações haviam ultrapassado os limites da arte para concentrarem-se em problemas morais e religiosos. A pergunta sobre o sentido da vida repete-se em seu cérebro com insistência cada vez maior. Não pode continuar adiando a procura da resposta. Busca-a na religião ortodoxa, convive em mosteiros com monge, estuda os evangelhos: nenhuma explicação o satisfaz.

Em 1886, aos 58 anos, por insistência da mulher e dos admiradores, temerosos de que ele abandone a literatura, Tolstói abre um parênteses em suas investigações religiosas para escrever A Morte de Ivan Ilitch. O herói é um funcionário bem-sucedido, casado com uma boa moça e que vive como todos esperam que viva. Um dia sofre um acidente, os médicos não conseguem curá-lo, o homem definha lentamente. Todos se afastam dele, exceto um pobre servo que o assiste na agonia. Ivan Ilitch, em meio ao sofrimento, percebe a falsidade de sua vida e deseja libertar-se dos seus enganos antes de morrer. confusamente, descobre na caridade a verdadeira chave da salvação.

A conclusão à qual chega o personagem é aplicada na prática pelo autor, em 1891. O verão fora rigoroso, os campos russos estavam secos, os lavradores, desesperados. O governo veta qualquer iniciativa particular de ajuda aos flagelados. Tolstói, ignorando a proibição, organiza postos de serviço, recolhe fundos, faz campanhas por meio de artigos veementes. Contudo, nem sempre o romancista vive de acordo com as idéias que professa. Em Sonara a Kreutzer, publicado em 1889, por exemplo, prega a abstinência sexual entre os casais. No mesmo ano da publlicação nasce-lhe o décimo terceiro filho; aconselha o desapego dos bens materiais, mas a mulher e os filhos não lhe permitem vender as propriedades; deseja viver como mendigo e tenta uma experiência desse tipo, mas logo o reconhecem e o excluem do convívio com os pobres.

A atitude de Nicolau II fornece-lhe a oportunidade de praticar seus ideais. O povo anda insatisfeito com o czar; alguns desejam partir para a América, mas nem todos têm recursos suficientes para isso. Tolstói, então, volta à literatura com o objetivo de angariar fundos para a emigração dos insatisfeitos. Publica, em 1899, aos 71 anos de idade, Ressurreição, a história de uma camponesa que, seduzida e, depois, abandonada pelo filho da patroa, torna-se prostituta.

A Igreja Ortodoxa russa vem seguindo atentamente a evolução do tolstoísmo e não vê com bons olhos as pregações do mestre. Ressurreição parece ter sido a gota decisiva que provoca o rompimento com o escritor. Em 1901 Tolstói é excomungado. O país inteiro protesta. Mas o romancista limita-se a reafirmar seu próprio credo. Achara, enfim, respostas para suas dúvidas. Agora só o preocupa a saúde debilitada. No verão desse mesmo ano parte para a Criméia, a conselho médico. Acompanha a declaração de guerra entre Rússia e Japão a distância. Com a derrota, a Rússia perde a ilha de Sacalina, milhares de soldados e qualquer pretensão sobre a posse da Coréia. O descontentamento popular explode no ano seguinte, nos episódios do "Domingo Sangrento", de Moscou, quando mil operários são mortos pela guarda czarista, e na revolta do couraçado Potemkin.

Cansado e enfermo, aos oitenta anos Tolstói redige um artigo vibrante de indignação, que a censura imperial veta. Não Posso Calar, contudo, sai impresso em jornais estrangeiros, despertando a consciência da Europa para os problemas russos.

Apesar da severa vigilância, o artigo circula na Rússia de maneira clandestina. A polícia nada pode fazer contra Tolstói - velho e amado -, mas sai à caça dos que participam da veiculação do escrito e prende quantos pode.

Rebeliões, matanças, enfermidades, disputas - os últimos anos de Tolstói transcorrem dolorosos. Sófia começa a atormentá-lo para morar na corte. Pressiona-o de tal modo que em outubro de 1910 o escritor foge de casa. Conforme declara, deseja "viver em solidão e recolhimento os últimos dias da minha existência". Pressentindo que não seriam muitos esses dias, leva consigo Alieksandra, a filha mais querida, e o médico Pietróvitch, um velho amigo. Pretende tomar o rumo do sul, mas o corpo cansado não consegue ultrapassar a aldeia de Astápovo.

A notícia da fuga espalha-se rapidamente. A pequena vila inunda-se de discípulos, admiradores, fotógrafos, cinegrafistas. O escritor permanece encerrado em seu quarto, esperando mansamente a morte.Na manhã de 7 de novembro a espera acaba. Dois dias depois Tolstói é enterrado no bosque onde brincara na infância, em Iásnaia Poliana.

Ninguém lhe constrói monumentos nem lhe grava lápides. Seu túmulo é uma elevação de terra, coberta de grama. Leon Tolstói não desejara mais que isso.

Mais sobre o autor em cinema falado, com o filme "A última Estação".


segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Entrevista: Janaína de Souza Roberto


O objetivo desta postagem entitulada 'entrevista' é mostrar o perfil do leitor brasileiro, tão diversificado. Assim, em poucas letras, ou seria em suas letras, Nina responde:

Nome: Janaína de Souza Roberto.

Idade: 23 anos.

Formação Acadêmica: Graduação em Letras.

Livro que esteja lendo: Quando me conheci, de Jorge Bucay.

Livro que indica: Os Sofrimentos do Jovem Werther, de Johann Wolfgang von Goethe.

Autor preferido: Caio Fernando Abreu.

Janaína possui um blog: Nina e Suas Letras

Obrigada Janaína!

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Poemário


Drumundiana


E agora maria?

o amor acabou
a filha casou
o filho mudou
teu nome foi pra vida
que tudo cria
a fantasia
que você sonhou
apagou
à luz do dia

e agora maria?
vai com as outras
vai viver
com a hipocondria

se por acaso
a gente se cruzasse
ia ser um caso sério
você ia rir até amanhecer
eu ia ir até acontecer
de dia um improviso
de noite uma farra
a gente ia viver
com garra

eu ia tirar de ouvido
todos os sentidos
ia ser tão divertido
tocar um solo em dueto

ia ser um riso
ia ser um gozo
ia ser todo dia
a mesma folia
até deixa de ser poesia
e virar tédio
e nem o meu melhor vestido
era remédio

daí vá ficando por aí
eu vou ficando por aqui
evitando
desviando
sempre pensando
se por acaso
a gente se encontrasse...

(Alice Ruiz - Poemário)

Nota: Paródia do poema "José", 
de Carlos Drummond de Andrade

A PONTA DO ICEBERG: vitalidade e expansão, assim define Antônio Miranda, um amante das boas letras, em especial poesia, quando se refere as expectativas da poesia tendo em vista a atual proliferação dos Blogs gerando a multiplicação dos estilos, no livro Poemário, compêndio de poesia da I Bienal Internacional de Poesia de Brasília, edição 2008, gentilmente presenteado.

Alice Ruiz (Brasil) entre outros autores compõem este maravilhoso livro onde os homenageados são Affonso Romano de Sant´anna, Reynaldo Jardim, Thiago de Mello e Wladimir Diaz-Pino:

Alice Spíndola (Brasil)
Amparo Osório (Colômbia)
Antônio Carlos Secchin (Brasil)
Antônio Cisneros (Peru)
Antônio Vicente Petroforte (Brasil)
Aricy Curvello (Brasil)
Aristóteles Espanã (Chile)
Betty Chiz (Uruguai)
Carlos Ortega Guerreiro (México)
Daniel Chirom (Argentina)
Diego Mendes Sousa (Brasil)
Eduardo García (Espanha)
Eduardo Mora-Anda (Equador)
Elena Medel (Espanha)
Emilia Currás (Espanha)
Enrique Hernández d´Jesús (Venezuela)
Fábio Morabito (México)
Fabrício Carpinejar (Brasil)
Fernando Pinto do Amaral (Portugal)
Frederico Barbosa (Brasil)
Gilberto Mendonça Teles (Brasil)
Hector Collado (Panamá)
Henryk Siewierski (Polônia)
Jorge Tufic (Brasil)
José Carlos Capinan (Brasil)
José Carlos Irigoyen (Peru)
José Geraldo Neres (Brasil)
Juan Carlos Pajares (Espanha)
Juan Carlos Reche (Espanha)
Katia Chiari (Panamá)
Lourdes Sarmento (Brasil)
Luiz Otavio Oliani (Brasil)
Manoel Orestes Nieto (Panamá)
Manuel Pantigoso (Peru)
Márcia Theóphilo (Itália)
Márcio Almeida (Brasil)
Marcos Caiado (Brasil)
Margot Ayala de Michelagnoli (Paraguai)
Maria Romeu (México)
Mathias Lockart (Argentina)
Miguel Ángel Zapata (EUA)
Miguel Márquez (Venezuela)
Moacir Amâncio (Brasil)
Ricardo Corona (Brasil)
Roberto Bianchi (Uruguai)
Ronaldo Werneck (Brasil)
Rubenio Marcelo (Brasil)
Rui Mascarenhas (Brasil)
Susana Cabuchi (Argentina)
Susy Morales (Peru)
Silvio Beck (Brasil)
Testa Garibaldo (Panamá)
Trina Quiñomes (Venezuela)
Vadinho Velhinho (Cabo Verde)
Veronica Volkow (México)
Viviane Mosé (Brasil)
Wilfredo Machado (Venezuela)
William Ospina (Colômbia)
Zélia Bora (Brasil)

I Bienal Internacional de Poesia : Poemário / Biblioteca Nacional de Brasília, 2008


terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Livro - objeto de desejo



História da Literatura Ocidental - Otto Maria Carpeaux (1900 - 1978) Editora Leya / Livraria Cultura - 04 Volumes - 3.040 páginas - Lançamento original de 1947.


Livro, eterno objeto de desejo. Pensando nos motivos que me levaram a aquisição no término do ano passado, da coleção de Otto Maria Carpeaux - História da literatura Ocidental lembrei de que talvez não seja apenas o conhecimento simplesmente da capacidade narrativa do autor Otto (conhecer  "O Livro de Ouro da História da Música, do referido autor, já é um bom motivo), como também talvez não apenas o gosto que tenho por temas que envolvam história. Procurando ainda justificativas para minha aquisição lembrei de um artigo de um jornal da UFRJ,  que faz referência a que as vendas de livros são feitas por influência da internet, ou do que nela absorvemos (veja artigo que publiquei aqui - Literatura - arte sem limite):

"Mercado a crescer que tem dependido e muito das redes sociais que tem feito este papel de escoar a produção literária, através da internet, como informa a Câmara Brasileira do Livro (CBL), que apenas 0,87% dos livros do Brasil são vendidos desta forma (também boca a boca dos autores e leitores)."


Talvez minha decisão tenha sido baseada em um conjunto de fatores e  me deixei influenciar definitivamente por um blog que divulga literatura, o Mundo de K e antecipei esta aquisição que terá utilização a médio prazo mas que é um eterno investimento para quem é amante das letras e pretende um dia ter uma biblioteca.

 
Otto Maria Carpeaux, um autor que vale a pena investir!

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

O palhaço ->Selton Mello


Hoje resolvi me presentear duplamente (um livro, em breve conto) ...fui assistir o palhaço!

Sinopse:

Benjamim (Selton Mello) e Valdemar (Paulo José) formam a dupla de palhaços Pangaré e Puro Sangue. Benjamim é um palhaço sem identidade, CPF e comprovante de residência. Ele vive pelas estradas na companhia da divertida trupe do Circo Esperança. Benjamim acha que perdeu a graça... parte em busca de sua identidade, literalmente.

Na construção desta trupe, as facetas sociais apresentadas em forma de personagens como Justo, o delegado, os vários prefeitos, gente simples do povo e as possibilidades da busca de se viver andarilhamente, 'enterrando o morto', como chamam, quando 'batem a estaca' do circo em um terreno abandonado. As relações de poder são expostas nos bastidores dos fazedores de alegria e até mesmo aquele que leva a arte do riso pode se perguntar: e quem me faz sorrir?



Bem, falar em palhaço é falar as palavras do elogio da Bobagemafinal o amor é contagioso!

Confira com a palhaçada: site O palhaço , Blog O palhaço , Circonteúdo ,  Family Circus .

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

A arte de escrever - Schopenhauer

"A pena está para o pensamento como a bengala está para o andar. Da mesma maneira que se caminha com mais leveza sem bengala, o pensamente mais pleno se dá sem a pena. Apenas quando uma pessoa começa a ficar velha ela gosta de usar bengala e pena."(Arthur Shopenhauer)

O livro A arte de escrever apresenta abordanges sobre a literatura e seus vários aspectos distribuídos nos temas: 'sobre a erudição e os eruditos', 'pensar por si mesmo', 'sobre a escrita e o estilo', 'sobre a leitura e os livros' e 'sobre a linguagem e as palavras', sob a visão de Arthur Shopenhauer  nas contudentes, atuais e até engraçadas críticas.

Shopenhauer ataca a literatura de consumo, procura estabelecer distinções entre os bons autores e os que escrevem por dinheiro, condena o hábito de ler apenas novidades deixando de lado os clássicos e faz considerações sobre a degradação da língua pela literatura decadente.

Reler Shopenhauer é antes que analisar suas duras críticas ao ato de ler desmensuradamente, refletir nas sábias colocações do filósofo: "Para ler o que é bom uma condição é não ler o que é ruim, pois a vida é curta, o tempo e a energia são limitados."


Shopenhauer valoriza a reflexão intercalada com uma boa leitura (afinal não compramos tempo junto com um bom livro) quanto a arte de 'não ler'.

 "Seria bom comprar livros se fosse possível comprar, junto com eles, o tempo para lê-los, mas é comum confundir a compra dos livros com a assimilação de seu conteúdo.

Diminuí meu ritmo de leitura recentemente e lógico que me agarrei a Shopenhauer para me sentir bem pois nem é preciso dizer que sou viciada em ler. Tem um momento em que o autor chega a dizer: "Ah, essa pessoa deve ter pensado muito pouco para ter lido tanto". Tornando minha fala contraditória, como bem lembra o autor, pois logo que falo já entro em erro, digamos que me opornunizei ao ato de pensar melhor.

"Assim como as atividades de ler e aprender, quando em excesso, são prejudiciais ao pensamento  próprio, as de escrever e ensinar em demasia também desacostumam os homens da clareza e profundidade do saber e da compreensão, uma vez que não lhes sobra tempo para obtê-lo."

Schopenhauer, Arthur, 1788-1860
A arte de escrever / Arthur Schopenhauer; tradução, organização, prefácio e notas de Pedro Sussekind. - Porto Alegre : L&PM, 2008. 176 p.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Gosto muito do pôr-do-sol. Vamos ver um...



(Pág. 26, SAINT-EXUPÉRY, Antoine de - O Pequeno Príncipe)

Imagem: Inverno - Praia Campista - Macaé (RJ) - Brasil

sábado, 26 de dezembro de 2009

Patch Adams/ O amor é contagioso



Parece piada mas não é! Tentar ser palhaço e acabar como Médico-Palhaço ou seria um Palhaço-Médico (que diferença... se o objetivo maior é a cura) por pura opção, não é para qualquer um. Aquele sorriso envolvente, aquele nariz de palhaço... conseguir abrir o livro já é vencer o primeiro desafio. Fechar o livro sem terminar a leitura, o maior deles. Também, com tantas dicas, um verdadeiro guia prático para a vida (especialmente para aqueles que detestam livros de auto-ajuda). O livro diz o que já sabemos: que cada dia é especial...nem que seja presenteando minhocas aos amigos. Se soubesse antes... Tenho um amigo que ganhou um CD gravado caseiramente, talvez por isto tenha ficado curado logo... antes que retornassem mais visitas. Relaxa! Até entender como executar esta façanha (das minhocas presenteadas)... já estará curado. O importante é pensar diferente. Garantia do livro: ser extravagante é ser saudável! Use e abuse da extravagância. Hum... não foi tão traumatizante assim...

Patch Adams : o amor é contagioso / ilustração de Jerry Van Amerongen; tradução Fabiana Colasanti. - Rio de Janeiro : Sextante,1999.

Foto digital: Lígia Guedes

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Malba Tahan/O Homem que Calculava


Contar rebanhos por necessidade, criar habilidade e para distrair-se na passagem do tempo, contemplar a natureza e quem sabe 'contar estrelas', pássaros, em bando, voando, pelo céu afora... Pura diversão! Quem já não o fez? Quando tal talento é observado com admiração, entretanto, por tantos que não poderiam no tempo histórico ter a noção do que seria uma máquina de calcular um dia, pode gerar um bom meio de ganhar a vida. Se tal tarefa fosse realizada pelo mais hábil contador de histórias... Unir a ciência à arte de contar histórias não é tarefa fácil. O nobre escritor Júlio César de Melo e Souza, ou melhor, 'Malba Tahan' o fez com encanto elevado.

"Não se preocupe em entender. Viver ultrapassa todo entendimento".

Esta frase de "Clarice Lispector" parece mesmo uma homenagem ao grande escritor brasileiro que tinha no simples personagem-heterônimo Ali Iezid Izz-Edim Ibn Salim Hank MALBA TAHAN a vivacidade e a leveza do viver, tão necessária ao mundo, de cá, de lá, ou de que ponto se observe.




O Homem que Calculava/Malba Tahan - 65a. ed. - Rio de Janeiro: Record, 2004.
Foto digital: Carla Guedes

sábado, 12 de dezembro de 2009

Sidarta/Hermann Hesse

"Olhou o mundo a seu redor, como se o enxergasse pela primeira vez. Belo era o mundo! Era variado, era surpreendente e enigmático! Lá, o azul; acolá, o amarelo! O céu a flutuar e o rio a correr, o mato a eriçar-se e a serra também! Tudo lindo, tudo misterioso e mágico! E no centro de tudo isso achava-se ele, Sidarta, a caminho de si próprio. Todas essas coisas, esses azuis, amarelos, rios, matos, penetravam nele pela primeira vez, através de seus olhos."


"A cada passo da sua jornada, Sidarta aprendia coisas que antes desconhecera. O mundo parecia-lhe diferente. Seu coração batia como que enfeitiçado. E ele mirava o sol, sempre que este se levantava acima das montanhas cobertas de florestas ou se punha atrás da longínqua praia orlada de palmeiras. Contemplava a ordem dos astros no firmamento noturno e o crescente da lua, a singrar, feito barco, pelo espaço azul. Olhava árvores, estrelas, animais, nuvens, arco-íris, rochedos, ervas, flores, arroios e rios. Percebia o orvalho da madrugada, a cintilar nos galhos dos arbustos, e também o gris esmaecido de serras distantes. Cantavam os pássaros, zumbiam as abelhas. Nos arrozais ressoava o argentino zunir da aragem. Tudo aquilo, esse sem-número de formas e cores, existiam sempre. Em todos os tempos houvera o murmúrio de regatos e o zumbir de abelhas, mas outrora esses fenômenos tinham-se aligurado a Sidarta como um véu falaz, passageiro, estendido diante de seus olhos e que apenas merecesse desconfiança; um véu cujo destino fosse ser penetrado e destruído pelo pensamento, já que nada disso era essencial e a realidade se encontrava além dos objetos visíveis. Agora, porém, seu olhar libertado atinha-se a este lado das coisas, acolhendo e identificando o que se lhe deparava. Procurava radicar-se neste mundo. Já não ia em busca do essencial. Já não visava o além. Como era belo o mundo, para quem o olhasse assim, ingenuamente, simplesmente, sem nada procurar nele!"



"Sidarta caminhava pela floresta, já muito longe da cidade. Tinha certeza de uma única coisa: que nunca mais poderia voltar atrás, que essa vida que levara por longos anos pertencia ao passado, definitivamente, que a saboreara, chupando até a última gota, até enjoar."





Sidarta / Hermann Hesse; tradução Herbert Caro, prefácio de Luiz Carlos Maciel. - 51a. ed. - Rio de Janeiro: Record, 2009.
Imagem: RJ - Brasil (Lígia)

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