terça-feira, 1 de outubro de 2013

Lampedusa

Lampedusa
1896 - Em 23 de dezembro, em Palermo, nasce Giuseppe Maria Fabrizio Salvatore Stefane Vittorio Tomasi, filho de Giulio Maria Tomasi, duque de Parma, e de Beatrice Mastrogiovanni Tasca Filangeri di Cutò.
1908 - Com a morte do avô de Giuseppe, seu pai se torna príncipe de Lampedusa.
1914 - Irrompe, em julho, a Primeira Guerra Mundial.
1915 - Em abril Giuseppe ingressa na faculdade de direito. Em novembro é convocado pelo Exército e serve durante um ano em Messina.
1916 - É promovido a cabo e transferido para Augusta.
1917 - Frequenta o curso preparatório de oficiais em Turim. É promovido a subtenente e enviado para o front no planalto de Asiago. É capturado e preso.
1918 - Foge do campo de prisioneiros de Szombathely, na Hungria. Segue para Trieste e dali vai para Palermo.
1919 - Em Roma, presta o exame constitucional, o único de seu currículo universitário.
1920 - Em janeiro transfere-se para a Universidade de Gênova. Em fevereiro, promovido a tenente, volta para Palermo.
1920-1930 - Realiza viagens dentro da Itália e para o exterior.
1925 - Na embaixada da Itália em Londres, Giuseppe conhece Alessandra Wolff-Stomersee.
1926-1927 - Publica três artigos na revista Le Opere e i Giorni.
1927 - Visita Alessandra no castelo de Stomersee, na Letônia.
1930 - Alessandra e Giuseppe se encontra em Roma.
1932 - Na Páscoa, Alessandra visita Giuseppe em Palermo. Em agosto, casam-se em Riga e fixam residência em Palermo, no Palácio Lampedusa.
1934 - Com a morte do pai, Giuseppe herda o título de príncipe de Lampedusa.
1939 - Prenúncio da Segunda Guerra Mundial. Giuseppe é convocado pelo Exército para treinamento nos arredores de Roma.
1941 - Em 4 de julho Riga é ocupada pelas tropas alemãs. O Palácio Lampedusa é levemente danificado por uma bomba.
1942 - Em abril o palácio é novamente atingido. Giuseppe transfere-se com a mãe para Cabo d´Orlando.
1946 - Em 17 de outubro morre Beatrice Tomasi.
1954 - Acompanha o primo Lucio Piccolo a um evento literário em San Pellegrino. Inicia o manuscrito de O Leopardo.
1955 - Escreve o conto Recordações da Infância.
1956 - O original de O Leopardo é recusado pela editora Mondadori. Giuseppe adota o jovem Gioacchino Lanza. Escreve A Alegria e a Lei e dois capítulos de O Leopardo (*).
1957 - É diagnosticado um tumor em seu pulmão. Parte com a esposa para Roma e interna-se numa clínica para tratamento. Morre em 23 de julho. No dia 25 é velado na Basílica Sagrado Coração de Jesus, e no dia 28 é sepultado em Palermo.
1958 - O Leopardo é publicado pelo editor Giorgio Bassani.
1959 - O Leopardo ganha o Prêmio Strega.
1963 - Luchino Visconti transforma o romance em filme.
1982 - Morre Alessandra Wolff-Stomersee.


(*) o Leopardo
Consagrado por leitores e por críticos, O Leopardo evoca o declínio de uma família aristocrática da Sicília em meados do século XIX. Um velho príncipe, cuja casa feudal tem como símbolo uma espécie rara de leopardo, fadada ao desaparecimento, é o personagem principal.
Num contraponto à situação política da época, os personagens têm seus amores e embates retratados paralelamente às lutas que agitam a Itália, que busca a unificação e a libertação do absolutismo. O Leopardo foi traduzido para vários idiomas e adaptado para o cinema.
O filme recebeu a Palma de Ouro em Cannes em 1963.



Na Sicília de 1860, quando a Unificação da Itália se torna inevitável, o menos dos gestos parece carregado de significado e melancolia, agitação e inquietação dos sentidos: "Algum enorme desastre irracional está para acontecer".

É nessa atmosfera que se desenvolve a história de O Leopardo: o príncipe Don Fabrizio testemunha, à sua volta, a decadência de uma aristocracia e de uma herança que já não o agradam. O príncipe de alma proletária entende que sua classe terá de se suicidar ou será eliminada pelo movimento da história, substituída por uma burguesia ávida de poder. É dessa aristocracia em decadência que descende Giuseppe Tomasi di Lampedusa, nascido em Palermo em 23 de dezembro de 1896, filho de Giulio Maria Tomasi, duque de Parma, e de Beatrice Mastrogiovanni Tasca Filangeri di Cutò. Neto do príncipe de Lampedusa, sua família era das mais tradicionais da Sicília, e, embora já houvesse sido muito rica, perdera a maior parte de suas poses e propriedades.

Giuseppe é um jovem rebelde, e a mãe é a única pessoa que consegue exercer sobre ele alguma autoridade. A família não aprova seu entusiasmo diletante pela literatura - Giuseppe tem o hábito de vasculhar a biblioteca da família e ler livros de todos os gêneros, em vários idiomas. É admirador da literatura francesa, de Stendhal especialmente.

Em abril de 1915 Giuseppe ingressa na Faculdade de Direito da Universidade de Roma, porém é obrigado a interromper os estudos alguns meses depois, ao ser convocado pelo Exército. A Primeira Guerra Mundial começara havia alguns meses, e durante um ano ele serve na cidade de Messina como oficial de artilharia. Em 1916 e promovido a cabo e transferido para Augusta.

Em 1917 vai a Turim para frequentar o curso preparatório de oficiais. É promovido a subtenente e enviado para o front no planalto de Asiago, onde é capturado, preso e levado para o campo do prisioneiros de guerra de Szombathely, na Hungria. Depois de uma primeira tentativa frustada de fuga, Giuseppe finamente consegue escapar do campo de prisioneiros em novembro de 1918. Disfarçado, atravessa a Europa a pé e volta para a Itália.

Terminada a guerra, continua ainda no Exército como oficial efetivo por um período de seis anos, Em 1919, em Roma, presta o exame constitucional, o único de seu currículo universitário. Mas a experiência da guerra e da prisão lhe havia causado profundas mudanças no comportamento e acarretado um esgotamento nervoso. Dessa forma, seus planos de seguir a carreira diplomática ficam prejudicados.

Em janeiro de 1920, aos 23 anos, transfere-se para a Universidade de Gênova. No mês seguinte é promovido a tenente e volta para Palermo.

Entre 1920 e 1930, Giuseppe realiza inúmeras viagens, tanto na Itália como para o exterior (Inglaterra, França, Alemanha, Áustria), a maioria em companhia da mãe, Beatrice, cuja influência é um empecilho para as aspirações literárias de Giuseppe.

Apenas depois da morte da mãe ele enfim consegue se dedicar inteiramente à cultura e ao prazer de escrever.

Em 1925, em Londres, Giuseppe conhece Alessandra Wolff-Stomersee, com quem teria um namoro de sete anos. A mãe de Alessandra, viúva, casara-se com o tio de Giuseppe, Pietro Tomasi della Torretta, embaixador da Itália.Entre os anos 1926 e 1927, Giuseppe publica alguns artigos na revista genovesa Le Opere e i Giorni. O namoro com Alessandra vai de vento em popa: em 1927 visita-a pela primeira vez em sua residência, o castelo de Stomersee, na Letônia. Em 1930 o casal encontra-se em Roma, e no verão de 1931 Giuseppe volta ao castelo de Stomersee.

Na Páscoa de 1932 Alessandra visita Giuseppe em Palermo. Em agosto desse ano, finalmente, casam-se numa igreja ortodoxa de Riga e fixam residência em  Palermo, no Palácio Lampedusa.

Em 1933 Alessandra retorna a Stomersse, e de 1933 a 1939 Giuseppe reveza-se entre Riga e Stomersee, ficando apenas curtos períodos de tempo em Palermo. Passa então a visitar a esposa na Letônia, geralmente no verão. Com a divisão da herança do avô, fica com o palácio do centro de Palermo. O rendimento do aluguel permite-lhe levar uma vida discretamente agitada.

Com a morte do pai em 1934, Giuseppe herda o título de príncipe de Lampedusa. Em 1939 é convocado pelo Exército para treinamento em Nettuno, nos arredores de Roma. Está prestes a eclodir a Segunda Guerra Mundial.

Em junho de 1940 o regimento é transferido para Poggioreale, onde Giuseppe recebe com frequência a visita de Alessandra. Em julho do ano seguinte Riga é ocupada pelas tropas alemãs. Em agosto o Palácio Lampedusa é ligeiramente danificado por uma bomba, e é outra vez atingido em abril de 1942.

No final desse ano os bombardeios em Palermo se intensificam, e Giuseppe muda-se com a mãe para Cabo d'Orlando, onde moram seus primos.

No dia 7 de janeiro de 1943 as janelas do Palácio Lampedusa são estilhaçadas por um bombardeio aéreo, e em 5 de abril uma bomba atinge diretamente o palácio, fazendo desabar a escadaria principal e arrancando o portão.

Após o desembarque dos Aliados na Sicília, Alessandra encontra-se com Giuseppe e sua mãe em Cabo d'Orlando, e os três seguem juntos para Ficarra. Em outubro de 1943 o casal retorna a Palermo, onde aluga um apartamento mobiliado na praça Castelnuovo. Beatrice Tomasi volta a residir no palácio semidestruído, onde morre em 17 de outubro.

m 1954 acompanha o primo Lucio Piccolo a uma reunião literária em San Pellegrino, norte da Itália, onde Piccolo recebe um prêmio por suas poesias. No final desse ano Giuseppe começa a escrever o livro cujo esboço se formara em sua mente ao longo de vinte e cinco anos: a obra-prima O Leopardo, uma crônica sobre o efeito da Unificação da Itália após o domínio de Garibaldi em 1860, Estava com 58 anos de idade.

Atravessa o ano de 1955 ocupado com seu romance. Depois de datilografados os quatro primeiros capítulos, o primo de Giuseppe, Lucio Piccolo, envia-os à editora Mondadori, e continua enviando-os à medida que Giuseppe vai escrevendo. Contudo, decepcionado, em 1956 Piccolo recebe de volta os capítulos datilografados, rejeitados pela editora.

Sem se deixar abater pela recusa da editora, escreve ainda dois capítulos de O Leopardo e também seu segundo conto, A Alegria e a Lei. Já havia escrito antes Recordações de Infância.

Em dezembro de 1956 Giuseppe obtém na Corte autorização para adotar o jovem Gioacchino Lanza, frequentador da casa do barão Sgadari, de Mônaco, e que conhecera três anos antes. Em seguida escreve seu testamento e duas cartas de acompanhamento, uma para a esposa e uma para o filho adotivo.

Entre 1956 e 1957 escreve mais dois contos, A Sereia e Os Gatinhos Cegos; este , na verdade, é o primeiro capítulo de um romance inacabado.

Em fevereiro de 1957 os manuscrito de O Leopardo são enviados a Elio Vittorini, compilador de uma coleção de narrativas de escritores desconhecidos publicada pela editora Einaudi. Nessa mesma época um conhecido de Alessandra, Giorgio Giargia, se oferece para enviar uma cópia à editora Elena Croce.

No final de abril, em Cabo d'Orlando, durante um acesso de tosse, Giuseppe detecta vestígios de sangue no lenço. Volta a Palermo e consulta um médico, que diagnostica um tumor maligno em seu pulmão direito.

Em maio parte com a esposa para Roma e interna-se numa clínica para tratamento. Em 2 de julho recebe uma carta de Vittorini, rejeitando o livro.

Em 23 de julho, na primeira hora da manhã, Giuseppe di Lampedusa morre, aos 60 anos, sem ter a chance de ver sua obra publicada e aclamada pelo público e pela crítica. Em 25 de julho é velado na Basílica Sagrado Coração de Jesus, e três dias depois é sepultado no mausoléu da família, no cemitério dos Capuchinhos, em Palermo.

Em maio de 1958 Giorgio Bassani, a cujas mãos chegara a cópia enviada a Elena Croce, vai a Palermo para reconstruir as origens do romance. O filho adotivo, Gioacchino Lanza Tomasi, confia-lhe o manuscrito, e O Leopardo é publicado em 11 de novembro. Em 7 de julho de 1959 a obra ganha o Prêmio Strega.

Com sua vasta cultura, seu extraordinário talento para a prosa e sua obra fascinante, Lampedusa consegue, postumamente, conquistar o mundo e assegurar um lugar definitivo entre os maiores autores da literatura contemporânea.

Adaptado para o cinema por Luchino Visconti, o filme obtém a Palma de Ouro no Festival de Canes em 1963.


Fonte: coleção obras-primas - grandes autores - vida e obra

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