No fluir do processo que vai concentrando, no século XX, 70% da população brasileira nas cidades grandes, várias manifestações de arte pública ocorrem com frequência crescente em âmbito urbano. Transculturam-se conhecimentos e experiências de coletividades rurais e novas informações e vivências urbanas, com uma riqueza e variedades imensa e também grande celeridade no seu aparecimento e desaparecimento.
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sábado, 2 de fevereiro de 2019
quarta-feira, 19 de setembro de 2018
Bené da Flauta de Bambú - Benedito Pereira da Silva
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Bené da Flauta de Bambu - Foto: Dimas Guedes |
Iniciou a produção de flautas de bambu e outros instrumentos de sopro de sua invenção aos 17 anos.
Vivia com a irmã, analfabeta e pobre, em uma casa de pedra, no morro da Quimada. Tocava saxofone e vendia flautas na praça Tiradentes em Ouro Preto, sua cidade natal. Guilherme Mansur, em Bené Blake (1999), primoroso livrinho que editou com fotos do artista por Dimas Guedes e versos de William Blake, descreveu-o como "um dionisíaco homme sauvage" que andava pelas ruas da cidade nos anos 60/70 e morreu no final daquela última década. Bené usava roupas espelhadas e coloridas, e se dizia possuído por Deus. Realizou muitas esculturas em pedra e madeira com vigor e poder de síntese. Consta do Dicionário de Artes Plásticas no Brasil, de Roberto Pontual (1969).
c.1922, Ouro Preto/MG - c.1978
c.1922, Ouro Preto/MG - c.1978
sexta-feira, 14 de setembro de 2018
Agnaldo Manuel dos Santos
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Agnaldo Manuel dos Santos - Pequeno Dicionário da Arte do Povo Brasileiro - Século XX -Lélia Coelho Frota |
Descendente de índios e negros, trabalhou desde os dez anos de idade. Depois de diversas ocupações, incllusive a de mineiro em uma caieira, empregou-se, em 1947, como vigia no estúdio do escultor, gravador e desenhista Mário Cravo Júnior, em Salvador. incentivado por esse artista, Agnaldo começou a esculpir em 1953. Viajou com Franco Terranova pelo rio São Francisco, resultando daí a recuperação de inúmeras antigas carrancas que haviam navegado na proa de embarcações. Conheceu, então, o principal autor de carrancas no século XX, o mestre Francisco Biquiba Dy Lafuente Guarany, de quem declarou ter aprendido novas maneiras de olhar para o processo criativo. Suas esculturas em madeira participaram de importantes mostras coletivas e individuais, como a Bienal de São Paulo em 1957. Quatro anos após sua morte recebeu o prêmio internacional de escultura no I Festival Mundial de Arte e Cultura Negra, em Dakar, Senegal, em 1966, com Rei. Sua obra foi estudada por Clarival do Prado Valladares, que viu nela "a expressão eterna da sua ancestralidade cultural". Voltado para a representação de sobrenaturais afro e também de imaginário transculturado com o do catolicismo, o trabalho de Agnaldo, ao emergir com absoluta autenticidade da sua experiência histórica individual e do seu conhecimento das grandes artes africanas, se encontra entre as mais originais realizações da escultura brasileira do século XX. Seu trabalho consta do acervo do Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro e integra importantes coleções privadas de arte.
recordando:
Agnaldo Manuel dos Santos,
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arte e cultura,
biografia,
Pequeno Dicionário da Arte do Povo Brasileiro - Século XX
quarta-feira, 3 de outubro de 2012
Impressionismo: Paris e a Modernidade
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Edouard Manet (1832-1883) O pífano 1866 Óleo sobre tela Alt. 160; Larg. 97 cm Paris, Museu de Orsay Doação do Conde Isaac de Camondo, 1911 © RMN (Musée d'Orsay) / Hervé Lewandowski |
"São Paulo, Rio de Janeiro, Madri
Enquanto a velha Paris se apaga sob a influência do barão Haussmann, os pintores Jongkind e Lépine, Manet e Degas, Monet e Renoir, Pissarro e Gauguin, apaixonam-se pela cidade e pela sua vida frenética. Novos temas surgem para os artistas, com boulevards, ruas e pontes animados por um movimento incessante, jardins públicos, vibrantes mercados cobertos e a céu aberto, retraçados sob o céu cinza, bem como grandes lojas e vitrines, iluminadas a gás ou eletricidade, estações de trem, cafés, teatros e circos, corridas, sem falar dos bailes e noitadas mundanas...
Através destes lugares, os artistas pintam igualmente todas as camadas da sociedade: austeras famílias burguesas na obra de Fantin-Latour, burguesia mais elegante e frequentadora dos lugares da moda, moças da fina sociedade tocando piano em Renoir, prostitutas que rodam a bolsinha e sobre as quais artistas como Degas, Toulouse-Lautrec ou Steinlen lançam um olhar livre de qualquer
julgamento moral e até empático, como em Toulouse-Lautrec.
Entretanto, a atração pela natureza e o desejo de fugir da cidade também se manifestam de modo imperativo... São os mesmos artistas que se voltam para os temas mais “naturais” das cercanias de Paris (Monet, Bazile, Renoir, Sisley para Fontainebleau, Monet para Argenteuil, Pissarro para Pontoise…). A busca por novas aventuras picturais conduz ao refúgio na região do Midi (Van Gogh,
Gauguin e Cézanne) ou na Bretanha (Gauguin, Bernard), ao passo que os artistas do movimento Nabi privilegiam a intimidade de universos interiores."
Comissária
sábado, 23 de junho de 2012
Vik Muniz - Lixo extraordinário
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Vix Muniz - Lixo extraordinário |
Lixo Extraordinário, Vik Muniz, textos Alexei Bueno e Vik Muniz, G. Ermakoff casa editorial, 2010
Livro fenomenal que não pode ser desacompanhado do dvd documentário de nome similar é um projeto repleto de beleza e de significados. Narra, em numerosas imagens e textos de Alexei Bueno e Vik Muniz, essa epopeia de inesperadas metamorfoses, do soerguimento de vidas que muitos julgariam à margem de qualquer esperança.
Brava narrativa o forte documentário mostra o dia a dia no maior aterro sanitário do mundo (extinto em 2012), apresentando personagens inesquecíveis, que transformam um ambiente hostil em um meio digno de ganhar a vida.
O documentário mostra toda a tansformação que a arte de Vik Muniz ocasiona quando se propõe a ir além onde o humano faz parte desta arte recriada gerando forte emoção em quem tem a oportunidade de conhecer o desfecho dado a matéria prima inicial que teoricamente, como bem pontuou Sebastião Carlos dos antos (Tião), representante dos trabalhadores de reciclagem: lixo não porque lixo é tudo o que não tem aproveitamento, material reciclável sim.
Imperdível!
No momento Vik Muniz está expondo na Galeria Coleção de Arte, no Flamengo, Rio de Janeiro: Aterro no flamengo, o resto é arte.
domingo, 6 de novembro de 2011
Van Gogh - Obra completa de pintura
I Volume - Etten, Abril de 1881 - Paris, Fevereiro de 1888.
Leio o título desta postagem clandestina basicamente para medir o nível de visitação familiar a este espaço porque fiz uma rápida visita aos estimados livros que vão além de minhas poucas prateleiras e ops, Vicent van Gogh!
Auto-Retrato Paris, Primavera de 1887 Óleo sobre cartolina, 42 x 33 ,7cm Chicago, The Art Institute of Chicago |
"Os Retratos"
"O trabalho é o que mais me distrai e se conseguisse lançar mão a ele com todas as minhas forças, talvez me curasse de vez. o facto de não terr modelos, e várias outras razões é que impedem que isso aconteça." Quando van Gogh escreveu estas palavras (retirada da carta 602), acabara de recuperar de um acesso loucura, o primeiro que tivera em Saint-Rémy. Uma paranóia repentina apoderara-se dele quando estava em frente ao cavalete, a começar a pintar a ominosa "Entrada para uma Pedreira", de que os críticos, desde então, se têm servido como prova documental da instabilidade psíquica do artista. Durante cinco semanas de Julho e Agosto, van Gogh esteve mergulhado numa escuridão mental. Tetntara engolir tinta da que usava para pintar. Esse incidente tem sido frequentemente visto como uma tentativa de suicidio. No entanto, parece-nos antes um processo regressivo de apropriação, uma ânsia infantil de absorver o material que dominava tanto o seu trabalho como a sua vida. Como é obvio, os administradores do hospício tiraram-lhe todos os materiais com que pintav. Assim que recuperou as faculdades mentais, van Gogh decidiu começar tudo de novo.
Receoso, evitava toda e qualquer excitação, tendo o cuidado de não sair do hospício. Limitado aos motivos selecionados no interior do edifício e sentindo a necessidade de se justificar não só diante dos administradores, mas também diante de si próprio, va Gogh optou pelo óbvio: começou a pintar uma série de retratos. Ao todos, pintou seis, os únicos do período de Saint-Rémy. Distinguem-se não só por serem casos isolados, mas também por constituírem manifestações bem conseguidas da arte de pintar retratos. Van Gogh buscava os olhos do retrato, o espelho da alma onde encontraria refletida uma imagem de si próprio. O olhar fixo dos retratos passou a ter mais importância do que anteriormente. Van Gogh foi o modelo de três dos retratos, evitando assim o problema que lamentara na Carta 602 (a falta de modelos) e fazendo da necessidade uma virtude.
O auto-retrato da página 534 (acima), a cabeça muito magra de van Gogh manifesta ainda sinais evidentes dos últimos conflitos. Não é só o contraste de cores que faz com que o seu rosto pareça mais pálido do que o habitual; o verde amarelado descorado, ao que parece, retrata fielmente o seu aspecto naquela altura. "Comecei-o no dia em que me levantei pela primeira vez", escreveu ele na Carta 604, "quando estava magro e pálido", um pobre diabo." Ao contrário do que normalmente acontece nos seus auto-retratos, van Gogh faz-se aqui acompanhar dos atributos do artista não só para nos revela qual a sua profissão, mas també pela capacidade que a paleta e a bata tê de disfarçar a realidade e encorajar o pintor. O seu olhar fixo e circunspecto revela alguma relutância em se cruzar com o nosso, sugerindo que o mundo da tela é um local mais clamo do que o do exterior. Ao registrar este olhar, van Gogh recorreu a um dos truques mais antigos em pintura: os seus olhos não afocam as coisas de uma forma paralela, conferindo esta divergência palpável uma certa ambiguidade ao objecto observado. Ficamos com a sensação de que aqueles olhos observam antes, introsectivamente, mundos imaginários, onde a visão literal não é necessária, e não tanto coisas reais. Simultaneamente cautelosos e visionários, são olhos que reflectem a alma de um homem que recebera o rótulo de louco.
"Vicent van Gogh era filho de um pastor protestante holandês, Theodorus van Gogh, e de sua mulher, Anna Cornelia. O seu primeiro filho morera à nascença; exatamente um ano depois dessa data, a 30 de Março de 1853, um outro rapaz via a luz do dia. A este filho saudável foram dados os nomes do primeiro nado-morto, Vicent Wilem, em homenagem aos dois avós. Por isso o primeiro dia de vida de Vicent van Gogh já trazia um agoiro. Este facto curioso não deve ter perturbado muito os pais, mas desde então um verdadeiro exército de psicanalistas tem tentado responder ao fascínio permanente de uma criança que nasceu no aniversário da sua morte, por assim dizer. E também poderá acontecer que o gasto de Vicent pelo paradoxal tenha surgido desta notável coincidência."
"Quando penso no passado - quando penso no futuro, em todas as dificuldades quase insuperáveis, na vasta e árdua labuta pela qual não sinto qualquer gosto e que eu, gostaria de evitar, quando penso nos olhos de tanta gente a olhar espantado para mim - pessoas que saberão qual a razão por que não tive êxito, pessoas que não farão as censuras costumeiras porque, experimentadas e habituadas em todas as coisas boas e decentes em tudo o que é ouro requintado, dirão através das suas expressões: nós ajudámos-te, fomos uma luz no teu caminho - fizemos o que podíamos por ti; queria-lo sinceramente? Qual é a nossa recompensa? Onde está o fruto do nosso trabalho?"
(Vicent Van Gogh)
Jarra com Papoilas, Lóios, Peónias e Crisântemos Paris, Verão de 1886 Óleo sobre tela, 99 x 79 cm Otterlo, Rijksmuseum Kroller-Muller |
A Formação de um artista (1853-1883)
Os Anos em Nuenen (1883-1885)
A Vida na Cidade (1885-1888)
Pintura e Utopia (Arles, Fevereiro de 1888 a Maio de 1889)
Quase um Grito de Medo (Saint-Rémy, Maio de 1889 a Maio de 1890)
O Fim (Auvers-sur-Oise, Maio a Julho de 1890
Vicent van Gogh (1853-1890) Uma Cronologia
Em tempo: andei cochilando na postagem. A capa do livro que consultei em rede (imagem inicial - pra inglês ver) não é o que tenho aqui (idioma nacional). Bem, vou corrigir e volto logo logo.
Vicent van Gogh - Obra Completa de Pintura - Ingo F. Walther - Rainer Metzger - I Volume - Etten, Abril de 1881 - Paris, Fevereiro de 1888, 733 págs. Editora Taschen
quarta-feira, 6 de julho de 2011
Um cemitério de pássaros
(para Lígia Guedes) - Bento Moura
"...por toda a minha vida..." Técnica mista o 40 cm - SP, 2011 por Bento Moura |
Ninho_Niño por Bento Moura |
da valia dos escombros
Senão em risos opacos, vozes disjuntas
Interessa qualquer coisa transmutada
Dito nomes, feito símbolos
Interessa qualquer coisa assim
Feito aceno breve, sorrateiro
Reluzente de esgar
De bruma partida nos olhos contritos -
debruados numa valsa, numa dúvida
vago esgar de peito caindo, caindo
Noite ida, noite ida
Dei prá acalentar a escuridão
como se fosse um pedaço de beijo
Ou um tombo de mariposa no abismo
Na vidraça
Na vidraça um pardal
Enxague
retalhada voz sentida
aquietada, estática
era para ser uma janela
No degrau do quintal
quando amanhece e o dia
se faz claro sobre as asas deixadas
vazias
perdidas
como os acenos perdidos - e onde as asas eram quase asas de voar.
(Bento Moura)
Receber este belo poema é como receber uma delicada flor e passar um período a admirar, a exalar seu perfume e tão somente depois chegar a tocar suas delicadas pétalas.
Assim foi. Estou meses a apreciar, a compreender cada palavra, sentir a emoção com que foi escrita, enfim, somente agora venho postá-la, visto já estar familiarizada com cada letra que se fez frase, que formou idéia e especialmente emoção. E olha que vindo de um artista como Bento...
Tem momentos que a emoção substitui as palavras. Este poema é um belo presente que já se fez inseparável e somente agora compartilho aos amigos.
domingo, 13 de junho de 2010
Cinderela: homens e feras

Suave brisa libertava os cabelos ao ritmo da sinfonia e solto vestido. Não fosse a risadaria do civilizado ambiente: "a noiva chegou", "a noiva chegou",as doze badaladas e a pesada fantasia poderia não prosseguir rumo as escadarias que as pernas teimavam em querer alcançar. Fáceis sorrisos igualavam a noite a tantas outras histórias: sem carruagens, sem fadas. Realidade somente os dois dedinhos disputando a liberdade daqueles apertados sapatos que não seriam perdidos ante os grossos pingos de chuva na poeirenta estrada de retorno.
(Josefa)
Imagem arte paint: Davi Guedes
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