"Enquanto os teus olhos ainda estão cerrados sobre os
[mistérios noturnos da alma
E o dia ainda não abriu as suas pálpebras,
Nasce a canção dentro de ti como um rumor de águas,
Nasce a canção como um vento despertando as
[folhagens...
Não vem de súbito, vem de longe e de muito tempo.
Mas - agora - estás desperto na cidade e não sabes,
Entre tantos rumores e motores,
Como é que tens de súbito esta serenidade
De quem recebesse uma hóstia em pleno inferno.
Deve ser de versos que leste e nem te lembras,
De telas, de estátuas que viste,
De um sorriso esquecido...
E destas sementes de beleza
E que
- às vezes -
No chão do rumoroso deserto em que pisas,
Brota o milagre da canção!"
(Mário Quintana - A cor do invisível - pág.22)
A cor do invisível - Mário Quintana
Quintana, Mário, 1906-1994
A cor do invisível / Mário Quintana. - São Paulo : Globo, 2005. - (coleção Mario Quintana / organização, plano de edição, fixação de texto, cronologia e bibliografia Tania Franco Carvalhal)
"Centenário Mário Quintana, 1906-2006"
Bibliografia
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