quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

A criação do mundo - Miguel Torga


A criação do mundo, de Miguel Torga, Rio de Janeiro - Nova Fronteira - 1996.

 
A Criação do Mundo, de Miguel Torga, obra intuitiva e cerebral, está dividida entre a busca da individualidade e a partilha de um destino comum, almejando um universal só alcançado "após um mergulho no particular".

Sua literatura, obra multifacetada - poesia, romance, teatro, ensaio, contos - tem forte conotação ética e exemplar e constrói uma epopéia do humilde, se podemos dizer assim, com seus heróis camponeses.

"Miguel Torga faleceu sem ter recebido o prêmio Nobel, injustiça sem tamanho. Entre os que trabalharam a língua portuguesa, na criação da poesia e da narrativa, o nome de Torga se destaca pela escrita invulgar e pelo conteúdo de uma literatura feita de humanismo. Como contista, é insuperável. Sendo um escritor profundamente português, em suas raízes e perspectivas, a obra do mestre de Contos da montanha repercute igualmente no Brasil, abrindo caminhos para os nossos autores."
(Jorge Amado)

"Cada qual procura
onde se sente perdido.
Eu perdi-me em Portugal,
e procuro-me nele."
(Miguel Torga)

"Todos nós criamos o mundo à nossa medida. O mundo longo dos longevos e curto dos que partem prematuramente. O mundo simples dos simples e o complexo dos complicados. Criamo-lo na consciência, dando a cada acidente, facto ou comportamento a significação intelectual ou afectiva que a nossa mente ou a nossa sensibilidade consentem. E o certo é que há tantos mundos como criaturas. Luminosos uns, brumosos outros, e todos singulares. O meu tinha de ser como é, uma torrente de emoções, volições, paixões e intelecções a correr desde a infância à velhice no chão duro de uma realidade proteica, conulsionada por guerras, catástrofes, tiranias e abominações, e também rica de mil potencialidades, que ficará na História como paradigma do mais infausto e nefasto que a humanidade conheceu, a par do mais promissor. Mundo de contrastes, lírico e atormentado, de ascenções e quedas, onde a esperança, apesar de sucessivamente desiludida, deu sempre um ar da sua graça, e que não trocaria por nenhum outro, se tivesse de escolher. "

(Miguel Torga - 1907-1995).

Desejo este livro para me acompanhar em um local de silêncio, onde a única conexão possível seja o sentir. Ainda não adentrei nesta história a ponto de resenhá-la aqui, mas ela já se faz viva pois já advinho seu profundo conteúdo, apesar da aparente simplicidade de palavras peculiar.

Talvez sua leitura se faça lentamente, já em outros momentos, quem sabe arrebatadora. O ritmo é o que menos importa. Talvez seja um livro para ser lido varando noite. Talvez uma vida não seja suficiente para compreendê-lo. Nada disto importa. Importa que já se fez importante. Uma leitura que já se tornou eterna antes mesmo de se fazer presente.

3 comentários:

  1. Oi.. muito bom o seu texto..
    Se puder.. dá uma passadinha no meu .. www.programaestressadas.blogspot.com
    Estou te seguindo.. se puder me seguir..
    bjs

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  2. Miguel Torga é um dos meus autores preferidos, companheiro de muitas leituras.
    Transportou para a sua obra a dignidade com que sempre enfrentou a vida.

    Beijo :)

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  3. Interessante, sendo que parece ser um autor de grande taleto pelas amostras que Deus...

    Mas o mundo que criamos é único que acaba importando, tristemente é assim.

    Fique com Deus, senhorita Lígia.
    Um abraço.

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