sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

A Montanha e o Rio - Da Chen

A Montanha e o Rio - Da Chen, tradução de Paulo Andrade Lemos. - Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 2007.

Encerro a leitura com a sensação de que as 493 páginas foram insuficientes para tamanha emoção de narrativa. Uma história muito bem montada, apesar das muitas coincidências que a trama revela. Mas quem sou eu para duvidar de coincidências que o destino proporciona. O livro A Montanha e o Rio revela um turbilhão de reflexões acerca da Revolução Cultura Chinesa, da política, da vida, da saga de um povo, no final do século XX, que deseja ser livre mas ainda vive as amarras do medo como condição de estagnação ante as atrocidades e abuso de poder levando milhares de vítimas em um regime fechado onde a fala pode ser cortada, assim como a língua e cabeça de muitos que ousaram se pronunciar em busca da democracia e liberdade em meio a discreta chegada do capitalismo naquele conturbado meio social.

Poderia começar contando que o romance, histórico, ambicioso revela a saga de dois irmãos (Shento e Tan) que cresceram como estranhos, filhos do poderoso general Ding Long. Se dirigem a um ponto de colisão tendo a bela jovem camponesa Sumi como disputa onde o poder se mistura a luta pela sobrevivência. Bom observar, entretanto, o amplo espaço que o autor proporcionou as questões femininas, quando inicia sua narrativa com a tentativa de suicídio de uma grávida de um filho ilegítimo. Assim inicia Shento:

"Para contar a história de meu nascimento, não vou começar pelo início, mas pelo fim do meu começo. Para falar a verdade, nasci duas vezes. A primeira foi quando rasguei a passagem escura das entranhas de minha mãe. A segunda foi quando o velho curandeiro da aldeia me salvou.
A jovem que me deu à luz pretendia acabar com tudo, não apenas com a sua vida, mas também com a minha, no exato momento da minha chegada a este mundo. Tinha pressa em se atirar do penhasco que ficava no topo do monte Balan, mas eu fui mais rápido do que suas pernas inchadas e escapei de seu ventre bem no momento em que ela avançava para a beira daquele precipício fatídico. As pessoas da aldeia tentariam imaginar o que a teria levado a isso, transformando-se numa espécie de mito ao saltar do ponto mais alto da montanha, comigo ainda ligado a ela pelo cordão da vida, o emaranhado cordão umbilical."

Sumi, que sofreu estupro, autora do livro "A Órfã" dá continuidade a questões sociais, que por sinal tem um início maravilhoso: "Eu não tinha consciência da minha beleza até que os olhos dos homens me disseram. Não tinha pai nem mãe para pentear o meu cabelo, nem para me cantar canções de ninar, nem para me dizer para olhar minha própria imagem no riacho da montanha. A beleza não era importante, viver é que era importante. Pois eu, aos cinco anos de idade, tive que viver sozinha num orfanato localizado numa península solitária, que se estendia obstinadamente em direção ao Oceano Pacífico. Quando cheguei, penduraram uma tigela de metal enferrujado no meu pescoço e me deram uma colher de pau, grossa demais para os meus lábios e grande demais para a minha boca. Se eu as perdesse, teria que comer com as mãos, disse-me o diretor." , passando também por um momento de fraqueza perante a vida, quando cogita um suicídio mas a força do destino a faz recuar:

"Meu coração cantava a triste canção do mar. Tudo ao meu redor combinava com a melancolia do meu estado de espírito. Desde que deixei Shento, fiquei vagando sem rumo pela beira do mar, rodeada por uma escuridão apenas interrompida por postes solitários, cujas luzes fracas davam ainda mais profundidade à noite. Meu coração ansiava pelo mar, como se ele me chamasse: "Venha a mim, minha criança." Como desejava poder mergulhar dentro de seu ventre! Assim, todas as minhas dores se amenizariam.
Apaixonada por dois irmãos! Eu amaldiçoava o meu próprio destino, as três facas cravadas nele. Quem eu deveria escolher? Shento, com sua crueza da gente das montanhas e sua sede desesperada? Ou Tan, com o coração amoroso que tranquilizava minha mente, sem deixar espaço para a mágoa e a solidão, fazendo com que eu não precisasse de mais nada? Um morrerria por mim. O outro não viveria sem mim."

Belo livro!

DA CHEN, nascido no sul da China, em 1962, emigrou para os Estados Unidos aos 23 anos. Formado pela Faculdade de Direito da Universidade de Columbia, o autor mora na região do vale do rio Hudson, no estado de Nova York.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

A criação do mundo - Miguel Torga


A criação do mundo, de Miguel Torga, Rio de Janeiro - Nova Fronteira - 1996.

 
A Criação do Mundo, de Miguel Torga, obra intuitiva e cerebral, está dividida entre a busca da individualidade e a partilha de um destino comum, almejando um universal só alcançado "após um mergulho no particular".

Sua literatura, obra multifacetada - poesia, romance, teatro, ensaio, contos - tem forte conotação ética e exemplar e constrói uma epopéia do humilde, se podemos dizer assim, com seus heróis camponeses.

"Miguel Torga faleceu sem ter recebido o prêmio Nobel, injustiça sem tamanho. Entre os que trabalharam a língua portuguesa, na criação da poesia e da narrativa, o nome de Torga se destaca pela escrita invulgar e pelo conteúdo de uma literatura feita de humanismo. Como contista, é insuperável. Sendo um escritor profundamente português, em suas raízes e perspectivas, a obra do mestre de Contos da montanha repercute igualmente no Brasil, abrindo caminhos para os nossos autores."
(Jorge Amado)

"Cada qual procura
onde se sente perdido.
Eu perdi-me em Portugal,
e procuro-me nele."
(Miguel Torga)

"Todos nós criamos o mundo à nossa medida. O mundo longo dos longevos e curto dos que partem prematuramente. O mundo simples dos simples e o complexo dos complicados. Criamo-lo na consciência, dando a cada acidente, facto ou comportamento a significação intelectual ou afectiva que a nossa mente ou a nossa sensibilidade consentem. E o certo é que há tantos mundos como criaturas. Luminosos uns, brumosos outros, e todos singulares. O meu tinha de ser como é, uma torrente de emoções, volições, paixões e intelecções a correr desde a infância à velhice no chão duro de uma realidade proteica, conulsionada por guerras, catástrofes, tiranias e abominações, e também rica de mil potencialidades, que ficará na História como paradigma do mais infausto e nefasto que a humanidade conheceu, a par do mais promissor. Mundo de contrastes, lírico e atormentado, de ascenções e quedas, onde a esperança, apesar de sucessivamente desiludida, deu sempre um ar da sua graça, e que não trocaria por nenhum outro, se tivesse de escolher. "

(Miguel Torga - 1907-1995).

Desejo este livro para me acompanhar em um local de silêncio, onde a única conexão possível seja o sentir. Ainda não adentrei nesta história a ponto de resenhá-la aqui, mas ela já se faz viva pois já advinho seu profundo conteúdo, apesar da aparente simplicidade de palavras peculiar.

Talvez sua leitura se faça lentamente, já em outros momentos, quem sabe arrebatadora. O ritmo é o que menos importa. Talvez seja um livro para ser lido varando noite. Talvez uma vida não seja suficiente para compreendê-lo. Nada disto importa. Importa que já se fez importante. Uma leitura que já se tornou eterna antes mesmo de se fazer presente.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

17 autores - [dentro de] um livro - contos

Dentro de um livro consiste em cerca de 300cm cúbicos, 14cm de largura, 21cm de altura onde 17 autores mostram extrema intimidade com a palavra escrita onde tudo é possível: segredos, obsessões, nostalgia, paranóias, crimes, traições, silêncios, confissões... todo o peso incalculável dos atos e pensamentos de personagens e autores guiados pela mesma paixão, que também é a nossa!

(01) "Tirei-lhe as folhas das mãos e fechei-as na gaveta. Era o que me restava, escrever. Será possível que ele também?", Verde Lagarto Amarelo, [Lygia Fagundes Telles]

(02) "Livros são animais sexuados: livros são metidos, livros são gestados, livros são paridos. Livros crescem, como meninos. Livros sangram, como meninas.", Texto para Leitura, [Fernando Bonassi]

(03) "...ele me contava a história do reverendo Jim Bishop, o pastor bibliófilo que inventou a bíblia com fundo falso, onde carregava um Colt 45." , Pequenos Danos, [Joca Reiners Terron]

(04) "Parou, puro vício, no sebo da esquina e deparou-se com sua própria biblioteca. A mesma que, podia jurar, havia trancado à chave há não menos do que 15 minutos.", Outra Arte,  [Paulo Roberto Pires]

(05) "Quero que você faça a sua literatura em mim, como um tatuador que grava seu desenho na pele de alguém." , No Hay Banda, [João Paulo Cuenca]

(06) "Só meses depois da morte do marido é que a viúva se lembrou: ele tinha dólares escondidos na biblioteca. Muitos dólares.", A Mensagem, [Luis Fernando Verissimo]

(07) "É preciso cadastrar tudo, não deixar nada de fora, o diário, as fotografias, as cartas, as listas. Sistematizada, a vida deixa de oferecer perigo." , Nomes, [Heloisa Seixas]

(08) "... não precisa pagar pensão. Só quero que saia de casa o mais rápido possível." "Eu poderia fazer dele um escritor de sucesso.", Do incrível talento que os escritores têm para se meter em becos sem saída, [Ivana Arruda Leite]

(09) "Queria as frases em mim, impressas na pele, gravadas de cor e salteado na memória do meu corpo." , Estética, [Antônia Pellegrino]

(10) "Um jeito de virar escritor. Mosca-de-Banana, é ficar atento à sua própria mentirada." Inseto,[Cecilia Giannetti]

(11) "...revisor que caiu em degraça por sabotar vários bestsellers, inimigo número 1 das casas impressoras, famigerado bibliófobo." , O homem que odiava os livros,  [Xico Sá]

(12) "Comecei a pensar no caminho daqueles livros, da biblioteca do senhor de Laranjeiras, vendida por seus filhos." , Subsolo, [Pedro Sussekind]

(13) "Eu sou um verme britânico do pós-guerra, quero uma epírafe que seja uma letra de punk rock!, Le Nom Retrouvé, [Daniela Pereira de Carvalho]

(14) "Criticam, criticam. Mas querem participar. Hã? deste nosso chá. Todo mundo já está de olho na cadeira dele.", Chá, [Marcelino Freire]

(15) "...aquele instinto que se aproximava do erótico, de abrir os livros, de procurar a todo momento frases significativas." , O Medo de George Steiner, [Gonçalo M. Tavares]

(16) "... deitamo-nos, os dois, no chão da biblioteca. Sorvi faminto o cheiro de tinta e traça MORTA que lhe escapava com FÚRIA.", Abjeto Abigeato,  [Cardoso]

(17) "...o que as pessoas diriam se soubessem que roubou um livro? Livro dentro da calça, ferindo a virilha, foi para o quarto..." TANTAS PERNAS, [Raimundo Carrero]

"APENAS UM LUGAR ONDE SE DIVERTIR: embaixo da mesa. Deitado, de joelho ou sentado no chão, testemunhava as pernas e os pés, as sandálias e os sapatos passando, movendo-se na lerdeza da casa. Sequer se preocupava com dedões e calcanhares, unhas ou calos, estrias e veias azuis, tudo de terceira ordem. Testemunhava, é verdade. Mas o que lhe assegurava eternidade era a certeza de que ali não seria incomodado - nem pelo vento nem pelas asperazas da tarde.
(...)
Mas o que lhe interessava mesmo era o estar ausente, sair do mundo, proteger-se na sua própria solidão. Amparar-se na alegria do silêncio. Defender os sonhos - a quieta humildade dos sonhos, aqueles que não precisam de esforço para existir, mostram-se matéria fina e débil, sem disputas e sem luta, estendendo-se pelo tempo que se quer.
- Este livro é muito bom.
Os ouvidos não pedira, mas escutarm. E escutaram com a força de uma lâmina que corta a tre - precioso tecido fino bordado. Precisou franzir a testa, as palavras com a convicção de faca marcando a pele. Equilibrou o corpo, sentado, para escutar melhor. Algum aviso, alguma sentença, alguma jura? Elas entravam no sangue, apressaram o pulso, sacodem os nervos. Alguma coisa que não era puro sonho se estabeleceu.
(...)
Saiu, caminhou agachado, afastou-se, sentou na poltrona no fundo da sala. Não queria se mostrar, escondido na desconfiança. Os braços cruzados, o queixo firme, fingindo. Não ia se entregar. Nunca. Ali estavam as duas moças, e quem seria a dona da voz, da frase, das palavras? A irmã e uma colega. As duas em pé, conversando. O que dizem duas moças no começo da tarde? Uma frase. Dizem frases. E frases sugerem conversas. As duas moças falavam sobre livros bons. Como é um livro bom?
Queria chegar perto do livro, ele queria. Mas por quê? O que era um livro? Folhas em branco salpicadas de palavras pretas. Nem dera importância, fazia tempos via-as sobre a mesa. Atirada, jogadas, esquecidas. Muitas, diversas, várias. Não um livro, muitos livros. Nem muitos, três ou quatro. Três ou quatro e muito ou pouco? Nem três nem quatro - um, apenas um, o livro. As meninas não saíam dali, e ele o queria. Preparou-se. A ansiedade pesando nos ombros.E nos olhos."(...)

[dentro de] um livro - contos. - Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2005

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

200 años de poesía argentina / Jorge Monteleone

200 años de poesía argentina / Jorge Monteleone.


200 años de poesía argentina / edición literaria a cargo de Jorge Monteleone. - 1a ed. - Buenos Aires: Aguilar, Altea, Taurus, Alfaguara, 2010. 1008 p. ; 24 x 15cm, antologia poética argentina, pura poesia; pássaro a cantar o amor revelado através da diversidade cultural de seus autores na argentina.

Júlio Cortázar

Nació en Bruselas, Bélgica, en 1914. Obra poética: Los reyes, 1949 (poema dramático); Pameos y meopas, 1971; Salvo el crepúsculo, 1984. Fue cuentista y novelista de vasta trayectoria y enorme influencia, ensayist y traductor. Falleció en Paris, Francia, en 1984.

VEREDAS DE BUENOS AIRES

De este texto nació un tango
con música de Edgardo Cantón.


De pibes la llamamos la vedera
y a ella le gustó que la quisiéramos.
En su lomo sufrido dibujamos
tantas rayuelas.

Después, ua más compadres, taconeando,
dimos vueltas mazana con la barra,
silbando fuerte para que la rubia
del almacén saliera a la ventana.

A mí me tocó un día irme lejos
pero no me olvidé de las vederas.
Aquí o allá las siento en los tamangos
como la fiel caricia de mi tierra.

Nota do editor:
"...De todas esas facetas posibles que ofrece nuestro patrimonio común, elegimos reconocernos en la palabra poética, entendida como la quintaesencia de la creación de sentido, de belleza y de verdad. Ese es el espejo donde en esta fecha elegimos mirarnos: el de la reunión de las obras de cientos de poetas argentinos, de diferentes épocas y estéticas y cosmovisiones, que esta antología pone otra vez al alcance de todos a modo de celebración. Este conjunto quiere se también un homenaje agradecido a nuestros poetas del pasado así como un legado para los poetas de hoy y aquellos que vendrán."

Lista de outros Autores na Antologia:

(01) Vicente López y Planes, Nació en Buenos Aires en 1785. Fue el autor, entre outros poemas, de la "Marcha Patriótica" (Hino Nacional Argentino) y de "El Triunfo argentino", ambos reunidos en La Lira Argentina o colección de piezas poéticas dadas a luz en Buenos Aires durante la guerra de su independencia, 1824. Fue funcionario en diversos cargos a lo largo de su vida. Falleció en Buenos Aires en 1856. La "Marcha Patriótica" fue publicada en hoja suelta el 14 de mayo de 1813, Buenos Aires, Imprenta de Niños Expósitos, con encabezamiento que dice: "Por decreto oberano del once del corriente se ha ordenado que la siguiente canción sea en las Provincias Unidas la única Marcha Patriótica". Na antologia 200 años de poesía argentina : Marcha Patriótica (Himno Nacional Argentino).

(02) Bartolomé Hidalgo, Nació en Montevideo, Uruguay, en 1788. Obra poética recopilada en Obras varias (En: Martiniano Leguizamón, El primer poeta criollo del Río de la Plata. Noticias sobre su vida u su obra, 1917); Cielitos y diálogos patrióticos, 1963 (edición de Horacio Jorge Becco). Fue funcionario y participó del levantamiento uruguayo y del sitio de Montevideo. Falleció en Morón, província de Buenos Aires, en 1822.

(03) Esteban Echeverría, Nació en Buenos Aires en 1805. Obra poética: Elvira o la novia del Plata, 1832; Los consuelos, 1834; Rimas, 1837; La guitarra, 1842; El ángel caído, 1846; Obras Completas de D. Esteban Echeverría. Con notas explicativas de D. Juan Mariá Gutiérrez, vol. I-V, 1870-1874. Narrador y ensayista, uno de los miembros más sobresalientes de la generación de 1837, autor del Dogma Socialista y de la Ojeada retrospectiva. Falleció en el exilio, en Montevide, Uruguay, en 1851. Na antologia 200 años de poesía argentina :La cautiva (fragmento) El Desierto.

(04) Hilário Ascasubi, Nació en Fraile Muerto (actualmente Bell Ville), provincia de Córdoba, en 1807. Obra poética: Poésías. Trovos de Paulino Lucero o colección de poesías campestres desde 1833 hasta el presente, 1853; Santos Vega o Los mellizos de La Flor. Rasgos dramáticos de la vida del aucho en las campanãs y praderas de la República Argentina (1778-1808), 1872; Paulino Lucero o Los guchos del Río de la Plata cantando  combatiendo contra los tiranos de las Repúblicas Argentina y Oriental delUruguay (1839-1851), 1872; Aniceto el Gallo, gcetero prosista y gauchi-poeta argentino. Extracto del peridódico de este títlo publicado en Buenos Aires en el año 1854 y otras poesías inéditas 1872; Relaciones de un gaucho argentino (folleto), 1875. Participó en acciones militares, primero junto a Guemes y luego como opositor a Rosas, lo que le valió el exilio en Montevideo. Realizó tareas diplomáticas en París durante el gobierno de Mitre. Falleció en Buenos Aires en 1875. Na antologia 200 años de poesía argentina: La Refalosa, Contestación de Jacinto Cielo.

(05) José Mármol, Nacío en Buenos Aires en 1818. Obra poética: A Rosas el 25 de mayo (folleto), 1843; El puñal, 1844: El Peregrino: Canto duodécimo, 1846; Cantos del Peregrino: Cantos primero y segundo, 1847; Armonías, 1851; Poesías de José Mármol, vol. I-III, 1854; Obras de José Mármol: Cantos del Peregrino. Poesías diversas, 1889 (edición de Juan Mármol). Fue novelista, autor de la célebre novela Amalia, se desempeñó como periodista y en diversos puestos políticos y diplomáticos. Falleció en Buenos Aires en 1871. Na antologia 200 años de poesía argentina: Cantos del Peregrino (fragmento) - A Buenos Aires, A Rosas, el 25 de Mayo (fragmentos).

(06) Carlos Guido y Spano, Nació en Buenos Aires en 1827. Obra poe´tica: Hojas al viento, 1871; Ecos lejanos, 1895; Poesías completas, 1911. Se desempeñó como periodista y político. Falleciió en Buenos Aires en 1918. Na antologia 200 años de poesía argentina: Nenia (Llora, Llora Urutaú), Amira, Bajo Relieve.

(07) Estanislao del Campo, Nació en Buenos Aires en 1834. Obra poética: Fausto. Impressiones del gaucho Anastasio el Pollo en la representación de esta ópera, 1866; Poesías, 1870. Se desempeñó como funcionario y periodista. Falleció en Buenos Aires en 1880.

(08) José Hernández, Nació en la chacra de Pueyrredón en San Martín, provincia de Buenos Aires, en 1834. Obra poética: El gaucho Martín Fierro, 1872; La vuelta de Martín Fierro, 1879; El gaucho Martín Fierro. Obra completa (Ida y Vuelta), 1910. Fue periodista, militar, diputado y senador nacional. Falleció en su quinta en Belgrano en 1886.

(09) Ricardo Gutiérrez, Nació en Arrecifes, provincia de Buenos Aires, en 1836. Obra poética: La fibra salvaje, 1860; Lázaro, 1869; Poesías escogidas (La fibra salvaje. Lázaro. El libro de las lágrimas. El libro de los cantos), 1878. Fue un reconocido médico. Falleció en Buenos Aires en 1896.

(10) Olegario Víctor Andrade, Nació en Alegrete, Brasil, en 1839. Obra poética: fue publicado póstumamente, por orden del Gobierno Nacional, el volumen de sus Obras poéticas en 1887. Fue periodista, político, legislador provincial y funcionario público. Falleció en Buenos Aires en 1882.

(11) Rafael Obligado, Nació en Buenos Aires en 1851. Obra poética: Poesias, 1885; Santos Vega (folleto), 1885; Poesías, 1906 (edición ampliada); Poesías, 1923 (edición definitiva de Carlos Obligado). Fue uno de los fundadores de la Facultad de Filosofia y Letras. Falleció en Mendoza en 1920.

(12) Almafuerte, Seudónimo de Pedro Bonifácio Palacios. Nació en San Justo, provincia de Buenos Aires, en 1854. Obra poética: Lamentaciones, 1906; Evangélicas, 1915; Poesías, 1916;Poesías completas, 1917; Obras completas (edicíon de Alfredo J. Torcelli), 1928;Poesías, 1933; Obras completas de Almsfuerte: Evangélicas-Poesías-Discursos, 1951; Obras de Almafuerte, 1954 (edición de Romualdo Brughetti). Fue maestro y periodista autodidacta. Falleció en La Plata en 1917.

(13) Leopoldo Lugones, Nació en Villa María, provincia de Córdoba, en 1874. Obra poética: Los mundos, 1893; Las montañas del oro, 1897; Los crepúsculos del jardín, 1905; Las fuerzas extrañas, 1906; Lunario sentimental, 1909; Odas seculares, 1910; El libro fiel, 1912; El libro de los paisajes, 1917; Las horas doradas, 1922; Romancero, 1924;  Poemas solariegos, 1927; La copa de jade, 1935; Romances del Río Seco, 1938; Obras poéticas completas, 1952. Fue ensayista, narrador y se desempeñó como periodista Se suicidó en el Tigre, provincia de Buenos Aires, en 1938.

(14) Macedonio Fernández, Nació en Buenos Aires en 1874. Obra poética: Elena Bellamuerre, 1940; Muerte es beldad, 1942; Poemas, 1953 (edición póstuma); Obras completas. Relatos, cuentos, poemas y misceláneas, 1987. Fue narrador y ensayista. Fallecio en Buenos Aires en 1952.

(15) Evaristo Carriego, Nació en Paraná, Entre Ríos, en 1883. Obra poética: Misas herejes, 1908; Poesías, 1913 (edición póstuma que incluye Misas herejes, La canción del barrio y Poemas póstumos); Poesías completas, 1917. Falleció en Buenos Aires en 1912.

(16) Baldomero Fernández Moreno, Nació en Buenos Aires en 1886. Obra poética: Las iniciales del misal, 1915; Intermedio provinciano, 1916; Ciudad, 1917; Por el amor y por ella, 1918; Campo argentino, 1919; Versos de Negrita, 1920; Nuevos poemas, 1921; Mil novecientos veintidós, 1922; Canto de amor, de luz, de agua, 1922; El hogar en el campo, 1923; Aldea española, 1925; El hijo, 1916; Décimas, 1928;Poesía, 1928; Sonetos, 1929; Último cofre de Negrita, 1929; Cuadernillo de verano, 1931; Seguidillas, 1936; Romances, 1936; Dos poemas, 1936; Antología poética 1915-1940, 1941; San José de Flores, 1943;Parva, 1949; Ciudad 1915-1949; Penumbra. Libro de Marcela, 1951. Fue médico y profesor de literatura. Falleció en Buenos Aires en 1950.

(17) Ricardo Guiraldes, Nació en Buenos Aires en 1886. Obra poética: El cencerro de cristal, 1915; Poemas solitarios, 1928. Narrador, autor de la célebre novela Don Segundo Sombra, 1926. Falleció en París en 1927.

(18) Antonio Porchia, Nació en Calabria, Italia, en 1885. Obra poética: Voces, 1943 (hubo sucesivas ediciones en 1948, 1956, 1964 y 1965); Voces abandonadas, 1992;Voces reunidas (edición mexicana, 1999);Voces reunidas, 2006. Falleció e Buenos Aires en 1968.

(19) Enrique Banchs, Nació en Buenos Aires en 1888. Obra poética: Las barcas, 1907; El libro de los elogios, 1908; El cascabel del halcón, 1909; La urna, 1911; Obra poética, 1973 (edición de la Academia Argentina de Letras). Se desempeñó como periodista. Falleció en Buenos Aires en 1968.

(20) Pascual Contursi, Nació e Chivilcoy, provincia de Buenos Aires, en 1888. Poeta del tango, escribió las letras de canciones como "De vuelta al bulin", "Mi noche triste" y "Bandoneón arrabalero", entre otras. Falleció en Buenos Aires en 1932.

(21) Rafael Alberto Arrieta, Nació en Rauch, provincia de Buenos Aires, en 1889. Obra poética: Alma y momento, 1910; El espejo de la fuente, 1912; Las noches de oro, 1917; Fungacidad, 1921; Las hermanas tutelares..., 1923; El encantamiento de las sombras, 1926. Fue un reconocido crítico literrio y director de una Historia de la literatura argentina. Falleció en Buenos Aires en 1968.

(22) Héctor Pedro Blomberg, Nació en Buenos Aires en 1890. Obra poética: La canción lejana, 1912; A la deriva, 1920;Gaivotas perdidas, 1921; Bajo la Cruz del Sur, 1923; Las islas de la inquietud, 1924; El pastor de estrellas, 1928; A la deriva. Cantos navales argentinos, 1942. Fue novelista, periodista y letrista de tangos. Falleció en Buenos Aires en 1955.

(23) Oliverio Girondo, Nació en Buenos Aires en 1891. Obra poética: Veinte poemas para ser leidos en el tranvía, 1922; Calcomanías, 1925; Espantapájaros (al alcance de todos), 1932; Interlunio, 1937; Persuasión de los días, 1942; Campo nuestro, 1946; En la Masmédula, 1956; Obras, 1968; Obras completa, 1999. Fue traductor de poesía. Falleció en Buenos Aires en 1967.

(24) Alfonsina Storni, Nació en Sala Capriasca, Suiz, en 1892. Obra poética: La inquietud del rosal, 1916; El dulce daño, 1918; Irremediablemente, 1919; Languidez, 1920; Ocre, 1925; Poemas de amor, 1926; Mundo de siete pozos, 1934; Mascarilla y trébol, 1938; Antología poética, 1938; Obra poética, 1946; Poesías, 1961 (recopolación de Alejandro Storni); Obras, 1999 (edición de Delfina Muschietti). Fue maestra, profesora de declamación y periodista. Con sus notas defendió tempranamente los derechos de la mujer. Escribió narraciones y obras de teatro. Se suicidó en Mar del Plata provinvia de Buenos Aires, en 1938. El poema "Voy a dormir" fue enviado por la autora al diario La Nación pocas horas antes de su muerte.

(25) Ezequiel Martínez Estrada Celedonio Flores, Nació en San José de la Esquina, provincia de Santa Fe, en 1895. Obra oética: Oro y piedra, 1918; Nefelibal, 1922; Motivos del cielo, 1924; Argentina, 1927; Humoresca, 1929; Títeres de pies ligeros, 1929 (obra de títeres en verso);Poesía, 1947 (antología); Coplas de ciego, 1959; Tres poemas del anochecer, 1964; Poesía de Ezequiel Martínez Estrada (antología), 1966; Obra poética, 1988. Fue ensayista, narrador y dramaturgo. Falleció en Bahía Blanca, provincia de Buenos Aires, en 1964.

(26) Juan L. Ortiz, Nació en Puerto Ruiz, provincia de Entre Ríos, en 1896. Obra poética: El agua y la noche, 1933; El alba sube..., 1937; El ángel inclinado, 1938; La rama hacia el este, 1940; El álamo y el viento, 1947; El aire conmovido, 1949; La mano infinita, 1951; La brisa profunda, 1954; El alma y las colinas, 1956; De las raíces y del cielo, 1958; El junco y la corriente, 1971; El Gualeguay, 1971; La orilla que se abisma, 1971; En el aura del sauce (obra completa), 1971;Obra completa, 1996 (edicíon de la Universidad Nacional del Litoral). Falleció en Paraná en 1978. 

(27)  Carlos de la Púa,

(28) Jacobo Fijman,

(29) Luis Franco,

(30) Ricardo E. Molinari,

(31) Conrado Nalé Roxlo,

(32) Jorge Luis Borges nació en Buenos Aires en 1899. Obra poética: Fervor de Buenos Aires, 1923; Luna de enfrente, 1925; Cuaderno San Martín, 1929; El hacedor, 1960; El otro, el mismo, 1964; Para las seis cuerdas, 1965; Elogio de la sombra, 1969; El oro de los tigres, 1972; Obras completas, 1974; La rosa profunda, 1975; La moneda de hierro, 1976; Historia de la noche, 1977; La cifra, 1981; Los conjurados, 1985. Cuentista y ensyista de vasta influencia en la literatura occidental del siglo XX. Falleció em Ginebra, Suiza, en 1986.


(33) José Pedroni,

(34) Horacio Rega Molina,

(35) Leopoldo Marechal,

(36) Francisco Luis Bernárdez,

(37) Nicolás Olivari,

(38) Enrique Cadícamo,

(39) Alfredo Le Pera,

(40) Enrique Santos Discépolo,

(41) Carlos Mastonardi,

(42) Vicente Berbieri,

(43) Silvina OCampo,

(44) Aldo Pellegrini,

(45) Francisco López Merino,

(46) José Portogalo,

(47) Raúl González Tunón,

(48) Cátulo Castillo,

(49) César Tiempo,

(50) Homero Manzi,

(51) Jorge Enrique Ramponi,

(52) Atahualpa Yupanqui,

(53)  Juan José Ceselli,

(54) Enrique Molina,

(55) Raúl Galán,

(56) Emma Barrandéguy

(57) Julio Cortázar,

(58) Amelia Biagioni,

(59) Jorge Calvetti,

(60) Carlos Latorre,

(61) Irma Peirano,

(62)  Alfonso Sola González,

(63) Manuel J. Castilla,

(64) Homero Expósito,

(65) Edgar Bayley,

(66) César Fernández Moreno,

(67) Alberto Girri, 

(68) Juan Rodolfo Wilcock,

(69) Jorge Leonidas Escudero,

(70) Olga Orozco,

(71) Perla Rotzait,

(72) Jaime Dávalos,

(73) Francisco Gandolfo,

(74) Ana Emilia Lahitte,

(75) Luis Luchi,

(76) María Meleck Vivanco

(77) Beatriz Vallejos,

(78) Raúl Aráoz Anzoátegui,

(79) Héctor A. Murena,

(80) Joaquín Giannuzzi,

(81) Horacio Armani,

(82) Roberto Juarroz,

(83) Mario Trejo,

(84) Raúl Gustavo Aguirre,

(85) Hugo Gola,

(86) David Lagmanovich,

(87) Leónidas Lamborghini,

(88) Francisco Madariaga,

(89) Aldo Oliva,

(90) Darío Canton,

(91) Oscar Del Barco,

(92) Manrique Fernández Moreno,

(93) Néstor Groppa,

(94) Noé Jitrik,

(95) Hugo Padeletti,

(96) Alfredo Veiravé,

(97) Rubén Vela,

(98) Edgardo Antonio Vigo,

(99) Juan Carlos Bustriazo Ortiz,

(100) Arnaldo Calveyra,

(101) Julio Llinás,

(102) Juan Gelman,

(103) Esteban Peicovich,

(104) Roberto Raschella,

(105) Antonio Requeni,

(106) Francisco Urondo,

(107) María Elena Walsh,

(108) Walter Adet,

(109) Juan José Hernández,

(110) Alejandro Nicotra,

(111) Miguel Ángel Bustos,

(112) Irma Cuña,

(113) Rubén Sevlever,

(114) Osías Stutman,

(115) Héctor Viel Temperley,

(116) Rodolfo Alonso,

(117) Horacio Castillo,

(118) Federico Gorbea,

(119) Marcos Silber,

(120) Arturo Álvarez Sosa,

(121) Jacobo Regen,

(122) Susana Thénon,

(123) Alejandra Pizarnik,

(124) Marilyn Contardi,

(125) Rodolfo Godino,

(126) Juan E.González,

(127) Mario Morales,

(128) Oscar Steimberg,

(129) Juana Bignozzi,

(130) Leonardo Martínez,

(131) Juan José Saer,

(132) Teresa Leonardi,

(133) Eduardo Romano,

(134) Horacio Salas,

(135) Luisa Futoransky,

(136) Roberto J. Santoro,

(137) Niní Bernardello,

(138) Juan Manuel Inchauspe,

(139) Oswaldo Lamborghini,

(140) Alberto Szpunberg,

(141) Ricardo Zelarayán,

(142) Guillermo Boido,

(143) Fogwill,

(144) Luis Tedesco,

(145) Hugo Diz,

(146) Hugo Mujica,

(147) Santiago Sylvester,

(148) Mario Romero,

(149) Mirtha Defilpo,

(150) Julio Salgado,

(151) Paulina Vinderman,

(152) Inés Aráoz,

(153) Graciela Cros,

(154) Daniel Freidemberg,

(155) Rafael Felipe Oteriño,

(156) Diana Bellessi,

(157) Estela Figueroa,

(158) Concepción Bertone,

(159) Leopoldo Castilla,

(160) Tamara Kamenszain,

(161) Javier Adúriz,

(162) Susana Cabuchi,

(163) Arturo Carrera,

(164) Eduardo D´Anna,

(165) Jorge García Sabal,

(166) Bernardo Schiavetta,

(167) Graciela Ester Zanini,

(168) Jorge Aulicino,

(169) Ricardo H. Herrera,

(170)

(171) Cristina Piña,

(172) Edgardo Russo,

(173) Daniel Samoilovich,

(174) Luis Thonis,

(175) María Del Carmen Colombo,

(176) Irene Gruss,

(177) Liliana Ponce,

(178) Rogelio Ramos Signes,

(179) María Julia De Ruschi,

(180) Liliana Lukin,

(181) Alberto Muñoz,

(182) María Negroni,

(183) Fernando Noy,

(184) Héctor A. Piccoli,

(185) Mirta Rosenberg,

(186) Susana Arévalo,

(187) Jorge Boccanera,

(188) Cláudia Schvartz,

(189) Rafael Bielsa,

(190) Carlos Busignani,

(191) Roberto Cignoni,

(192) Miguel Gaya,

(193) Alicia Genovese,

(194) Eduardo Mileo,

(195) Delfina Muschietti,

(196) Víctor Redondo,

(197) Mónica Tracey,

(198) María Teresa Andruetto,

(199) Jonio González,

(200) María Rosa Lojo,

(201) Juan Carlos Moisés,

(202) Mercedes Roffé,

(203) Sara Cohen,

(204) Gerardo Gambolini,

(205) Leonor García Hernando,

(206) Mario Sampaolesi,

(207) Horacio Zabaljáuregui,

(208) Dolores Etchecopar,

(209) Susana Villalba,

(210) Eduardo Álvarez Tuñón,

(211) Samuel Bossini,

(212) Javier Cófreces,

(213) Daniel Gayoso,

(214) Mónica Sifrim,

(215) Laura Klein,

(216) Mario Jorge De Lellis


Jorge Monteleone (Buenos Aires, 1957) es escritor, crítico literario y traductor. Profesor en Letras de la Universidad de Buenos Aires, es investigador en el Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (CONICET), especializado en teoría del imaginario poético y en poesía argentina desde 1983. Dicta seminarios de posgrado en universidades nacionales, obtuvo dos veces la beca del DAAD para desarrollar investigaciones y docencia en la Universidad de Koln, Alemanha, y fue conferenciante en varias universidad de Koln Alemania, u fue conferenciante en varias universidades extranjeras. Publicó cerca de doscientos ensayos críticos en libros y revistas académicas de América y de Europa, y estudios que acompañan ediciones originales de poetas argentinos (Hugo Padeletti, Hugo Gola, Diana Bellessi, María Negroni, Adrián Navigante, entre outros). (...) Publicó Ángeles de Buenos Aires (con fotografías de Marcelo Crotti) (1992); El relato de viaje (1998); con Heloísa Buarque de Hollanda, Puentes/Pontes (2003), la primera antología bilingue de poesía argentina y brasileña; y la antología de Alberto Girri, Poemas selectos (2010). Tradujo al español la controvertida pieza teatral de Copi Eva Perón (2000).

Poderá gostar também de: 100 Anos de Poesia - um panorama da poesia brasileira no século XX

domingo, 2 de janeiro de 2011

O Último Cabalista de Lisboa - Richard Limler


O Último Cabalista de Lisboa, de Richard Limler, livro que ficou a me convidar leitura durante todo o ano de 2010 e que me proporciono adentrar nesta bem construída história com riqueza de detalhes, mistérios a revelar a história de um povo que viveu o pesadelo de ser judeu em um tempo de fanatismo religioso onde milhares são convertidos à força ao catolicismo, em um ambiente de peste, seca que assolam Portugal, em um mar de perseguição religiosa. Relata a angustiante perseguição aos judeus no século XVI em Portugal, além de expor a tradução judaica da cabala.

Neste ambiente se constrói o personagem, jovem estudioso da cabala que se envolve em uma trama cheia de segredos e perigos, a procura de desvendar a morte do tio e mestre Abraão Zarco. Descobre uma rede de contrabando de manuscritos hebraicos e que, por trás da aparência cristã da elite portuguesa, se escondem judeus que professam sua religião em pequenos e temerosos grupos.


Belo livro onde o autor Richard Limler constrói a trama através de ampla pesquisa histórica pelos manuscritos de Berequias Zarco.

"Quando pensei pela primeira vez em traçar nossas atribulações numa página manuscrita, minha família e eu estávamos escondidos no porão de nossa casa. O mistério acabava de se abrir diante de mim em toda a sua complexidade. Foi nesse ponto que iniciei minha história, há vinte e três anos. E nele começaremos de novo.


Falaremos de três acontecimentos antes de chegar ao assassinato que transformou nossas vidas: a procissão dos penitentes; o ferimento de um amigo querido; e a prisão de um membro da família. Tivesse eu entendido o alcance desses presságios, tivesse-os lido como versos de um singular poema escrito pelo Anjo da Morte, eu poderia então ter salvado várias vidas. Mas a ignorância me traiu. Talvez, ao acommpanharem minhas palavras ao longo destas páginas, vocês tenham mais êxito. Sejam abençoados com a visão clara.


Sentem-se, pois, num cômodo tranquilo decorado por uma roda de arbustos ou flores perfumadas. Voltem-se para o Oriente, para a amada Jerusalém. Desatem com cânticos os nós da mente. E deixem a luz tênue de uma vela sombrear as páginas à medida que as forem virando.


Bruheem kol demuyay eloha Benditos sejam todos os auto-retratos de Deus.


Berequias Zarco, Constantinopla
Sexto dia de Av, 5290 (1530 d.C.)"

Richard Zimler nasceu em Nova York, em 1956, e desde 1990 vive na cidade do Porto, em Portugal. É jornalista, professor da Universidade do Porto e colaborador do Los Angeles Times. Além de O Último Cabalista de Lisboa, escreveu outros seis romances, entre eles "A procura de Sana", Trevas da luz e The Seventh Gate, inédito no Brasil. Seus livros são best-sellers em doze países e lhe renderam prêmios nos Estados Unidos, no Reino Unido e em Portugal.

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails