terça-feira, 7 de setembro de 2010

Edla van Steen - Viver & Escrever

Viver & Escrever : volume 1 / Edla van Steen. - 2 ed. - Porto Alegre, RS : L&PM, 2008.

Quem é o escritor? Qual é o seu ofício? Qual a sua gênese? Onde e como detectar-lhe as vivências? O que vem a ser o processo de criação?

Captar o retrato que construiu de si mesmo foi tarefa bem concluída por Edla van Steen na série Viver & Escrever através de encontros com autores Mário Quintana, Orígenes Lessa, Ricardo Ramos, Nélida Pinon, Dias Gomes, Jorge Amado, Edilberto Coutinho, Ary Quintella, Ignácio de Loyola Brandão, João Antônio, Lêdo Ivo, Octávio de Faria, Menotti Del Picchia (série 1); João Cabral de Melo Neto, Dyonélo Machado, Maria de Lourdes Teixeira, Plínio Marcos, Geraldo Ferraz, Raduan Nassar, Cyro dos Anjos, Luiz Vilela, J.J. Vieira, Osman Lins, Ivan Ângelo, Fernando Sabino, Décio Pignatari (série 2) e Vinícius de Moraes, Herberto Sales, Marcos Rey, Nelson Rodrigues, Luís Martins, Raquel de Queiroz, Otto Lara Resende, Jorge Andrade, Lygia Fagundes Telles, Adonias Filho, Autran Dourado, Moacyr Scliar, Henriqueta Lisboa (série 3). Edla conseguiu liberar os autores de sua modéstia, do pudor de falar de si mesmos ou de suas obras.

"Viver & Escrever é realmente um livro para se ler e reler pois põe a nu alguns encantos da alma dos entrevistados, revelando a delicadeza e a penetração psicológica de Edla van Steen na sa busca pela resposta essencial." (Fausto Cunha, escritor e crítico literário).

Edla começou com o pé direito nesta missão (ou seria com o 'sapato florido'). Em se tratando de Quintana, um engano em bronze jamais será um engano eterno... Bom, Mário Quintana que o diga, ou bem o disse:

"Ser poeta não é uma maneira de escrever. É uma maneira de ser. O leitor de poesia é também um poeta. Para mim o poeta não é essa espécie saltitante que chamam de Relações Públicas. O poeta é Relações Íntimas. Dele com o leitor. E não é o leitor que descobre o poeta, mas o poeta é que descobre o leitor, que o revela a si mesmo."

"Eu nada entendo da questão social. Eu faço parte dela, simplesmente..."

"A poesia engajada? Eis aí uma questão com que, em certas épocas, costumam ser assaltados os poetas. Impossível não levá-la em conta quando se pensa no que fez pela abolição da escravatura um poeta como Castro Alves."

"Uma boa causa jamais salvou um mal poeta. Essa gente poderá fazer mais pelo povo candidatando-se a vereadores. È muito de estranhar essa campanha contra o lirismo, isto é, contra 95% da poesia de todos os tempos. Nem se pense que o poeta lírico está fora do mundo."

"O verdadeiro poeta, tudo quanto ele toca se transforma em poesia."

"Um poeta deveria escrever como se fosse o último vivente sobre a face da terra. - Então, para que escrever? - Por isso mesmo! Como o último vivente, ele não tem de pensar no que pensarão os outros. Às vezes - às vezes? - muita vez o poeta é induzido a modas, quando na verdade não há nada tão ridículo como os figurinos da última estação. Só nunca sai da moda quem está nu."

"O poema,
essa estranha máscara,
mais verdadeira do que a própria face..."

(Mário Quintana)

Um comentário:

  1. Interessante os trechos que você escolheu, sendo que realmente o que me tocou "é ser um poeta" e "um verdadeiro poeta transforma em poesia tudo o que toca"...

    Fique com Deus, senhorita Lígia.
    Um abraço.

    ResponderExcluir

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails